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Proposta gerou críticas às posições do FMI
de Tóquio
Para quem lê somente a imprensa ocidental, a imagem do presidente Suharto, da Indonésia, pode
se assemelhar a de um ditador louco, prestes a colocar em risco uma
instável estabilidade financeira na
Ásia em nome de um plano econômico fadado ao fracasso -a implantação de um câmbio fixo.
No entanto, a realidade asiática
mostra que Suharto acumulou nos
últimos dias importantes declarações favoráveis e apoios importantes à sua idéia, ainda que ninguém acredite que ela vá ser implementada sem um sinal verde do
FMI. Sua imagem de ditador ainda
é a mesma, mas a proposta de estabelecer um câmbio fixo não parece tão absurda a um crescente
número de jornais e de autoridades.
O primeiro a demonstrar seu
apoio, ainda que condicional, foi o
presidente do banco central japonês, Yasuo Matsushita. Na última
terça-feira, ele disse que a idéia era
boa, ainda que incipiente.
Ontem, um editorial do "Asian
Wall Street Journal" insinuava
que essa pode ser a única saída para Suharto, pressionado entre forças armadas não tão leais a ele
quanto o presidente gostaria que
fossem, por uma população cada
vez mais inquieta e pelas eleições
designadas para o começo de março.
O jornal criticou duramente as
pessoas contrárias à proposta. Segundo a publicação, a soberania
da Indonésia está sendo flagrantemente invadida pelo FMI e pelos
Estados Unidos, já que se trata de
um assunto de ordem interna.
Segundo o jornal, na atual situação não existe nenhuma razão que
impeça Suharto de tentar implementar o câmbio fixo na Indonésia. "Mesmo porque, por que todo
mundo está tão otimista hoje com
a fórmula do FMI?".
O jornal acusou de hipócritas os
investidores que acusam Suharto
de estar querendo proteger sua
própria fortuna ao tentar estabelecer o câmbio fixo. "Com relação à
corrupção, nós lembramos que
metade do mundo quis fazer negócios (na Indonésia) quando as
coisas estavam boas e as condições
eram adequadas para o lucro."
Além do editorial, o "Asian" traz
um artigo do economista Kurt
Schuller, monetarista norte-americano, citando trechos embaraçosos de Stanley Fisher, diretor do
FMI. Schuller lembrou que, em
agosto de 1997, quando Suharto
decidiu permitir que o câmbio flutuasse, Fisher deu boas vindas à
decisão, afirmando que a medida
iria permitir que a economia da
Indonésia continuasse sua impressionante performance política. De lá para cá, a rupia desvalorizou-se mais de 70%. Segundo
Schuller, o FMI errou em agosto e
continua errando agora, ao impedir a única medida que poderia
salvar a economia do país.
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