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ESTATAIS
Mauro Gandra, presidente do sindicato das empresas aéreas, sugere teste com concessão de grupo de pistas
Ex-ministro apóia privatizar aeroportos
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
O ex-ministro da Aeronáutica
Mauro Gandra, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, defendeu ontem a entrada da iniciativa privada na exploração de aeroportos, negócio que
rendeu R$ 1,33 bilhão no ano passado e é hoje concentrado na estatal Infraero, vinculada à Aeronáutica.
O que Gandra sugeriu, em entrevista à Folha, foi uma espécie de
teste para a abertura da Infraero à
iniciativa privada: a criação de um
"módulo privatizável", com um
aeroporto rentável e cinco deficitários. Esse módulo seria operado
em regime de concessão por tempo determinado.
Em hipótese, poderiam ser incluídos o aeroporto de cargas de
Campinas (altamente rentável), o
de Petrolina e mais quatro das regiões Nordeste e Centro-Oeste (todos deficitários).
A concessão poderia ser por 15
ou 20 anos, mas com uma cláusula
prevendo uma avaliação em no
máximo cinco anos sobre a melhoria dos serviços e das condições
dos aeroportos.
Apesar de a idéia ser semelhante
à que está sendo posta em prática
nos Estados Unidos, o brigadeiro
Gandra enfatizou que ele já a defendia antes, desde 1995, quando
era ministro.
Na época, havia 11 aeroportos
superavitários e em torno de 50
deficitários. Daí a conta de um para cada cinco nos eventuais módulos de teste.
Quanto à recuperação do aeroporto Santos Dumont, do Rio,
Gandra acha que ele deve ser refeito, melhorado e modernizado para abrigar um centro de negócios e
uma área de lazer. A fachada original deveria ser reconstituída e
tombada.
O projeto do Ministério dos
Transportes para a futura ANT
(Agência Nacional de Transportes) ficou pronto ontem e será encaminhado hoje para o chefe da
Casa Civil da Presidência da República, Clóvis Carvalho.
Gandra conversou com Carvalho há dias sobre essa agência e
concorda com a exclusão do
transporte aéreo. "Seria uma loucura tirar o controle do tráfego aéreo da Aeronáutica. Mas no futuro, sem açodamento, poderá ser
criada uma agência específica para
a aviação civil", disse.
De fato, a intenção do governo é
criar a médio prazo uma segunda
agência do setor, autônoma, só
para transporte aéreo. Ela surgiria
a partir do DAC (Departamento
de Aviação Civil), órgão do Ministério da Aeronáutica.
O que poderia entrar numa
agência de transporte aéreo, na
opinião do ex-ministro: apenas
habilitação de pilotos, medicina
aeroespacial e a parte de linhas aéreas privadas.
Seriam convocados os funcionários que já atuam no DAC, onde já
trabalham 144 civis de nível superior.
Sem estrangeiros
Presidente de um sindicato que
reúne 19 empresas privadas, Gandra concorda integralmente numa
coisa com seu sucessor na Aeronáutica, brigadeiro Lélio Lôbo: é
contra a entrada de concorrentes
estrangeiras na aviação doméstica
brasileira.
"Se há uma coisa que não pode
ser liberalizada para o capital internacional é a cabotagem aérea,
ou seja, o transporte de passageiros entre duas cidades brasileiras", disse.
"Duvido que os Estados Unidos
deixem algum dia uma companhia
estrangeira operar com tripulação
também estrangeira entre Nova
York e Chicago, por exemplo",
acrescentou.
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