|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo dos EUA eleva recursos para hipotecas
DO "NEW YORK TIMES"
Com as benções do governo
de George W. Bush, a agência
que regulamenta as duas maiores empresas de crédito hipotecário do Estados Unidos manteve seus esforços para relaxar
as restrições que afetam as
companhias, em um esforço
para acalmar os mercados financeiros e estabilizar os problemas no setor imobiliário.
As autoridades regulatórias e
funcionários do governo anunciaram que as mais recentes
medidas reduzirão os requisitos de capitalização que incidem sobre as duas empresas,
Fannie Mae e Freddie Mac, e
permitirão que as duas gigantes
do setor invistam US$ 200 bilhões a mais em hipotecas.
Combinadas ao relaxamento
de restrições em fevereiro, que
permitirá que as empresas ajudem a financiar maior variedade de hipotecas, bem como empréstimos imobiliários muito
mais dispendiosos, as novas
medidas, calcula o governo,
permitirão que as empresas adquiram ou garantam US$ 2 trilhões em hipotecas neste ano.
Criadas pelo Congresso, as
duas empresas de capital aberto adquirem hipotecas de instituições de crédito e as retêm
como investimentos ou as revendem para investidores na
forma de títulos lastreados em
hipotecas. Elas desempenham
papel vital no financiamento ao
mercado da habitação. Mas, depois dos significativos problemas contábeis sofridos nos últimos anos, desde 2004 elas tiveram de elevar o requisito de
uma capitalização mínima para
30%, o que limitou a capacidade delas de adquirir hipotecas.
Como parte do acordo com as
autoridades regulatórias, elas
poderão reduzir esse adicional
para 20%. No caso da Fannie
Mae, isso significa a liberação
de US$ 3,2 bilhões em capital, e,
no da Freddie Mac, o montante
é de US$ 2,6 bilhões.
Em troca, as gigantes do financiamento hipotecário se
comprometeram a levantar
"capital significativo" no futuro, ainda que a promessa pareça vaga. As autoridades regulatórias também planejam suspender em breve os termos de
um acordo assinado com o governo para resolver queixas
contra as duas companhias.
No final do ano passado, a
Fannie Mae detinha US$ 45 bilhões em capital, e a Freddie
Mac tinha US$ 37 bilhões. Esse
fundo serve de sustentação a
mais de US$ 1 trilhão em dívidas agregadas.
Em declaração divulgada depois do anúncio, Henry Paulson, secretário do Tesouro dos
EUA, disse que a decisão liberaria mais recursos financeiros
para hipotecas. "O capital adicional permitirá que as empresas ajudem mais proprietários
de residências e reforçará os
fundamentos subjacentes do
mercado de hipotecas."
O anúncio representou uma
espantosa e, diriam alguns, arriscada mudança de curso para
o governo e a autoridade regulatória que fiscaliza as empresas. Ainda no final do ano passado, importantes funcionários
do governo estavam instando o
Congresso norte-americano a
adotar regulamentação mais
severa para as empresas, o que
limitaria a flexibilidade delas
na retenção de hipotecas.
A preocupação de alguns
funcionários, entre eles o atual
presidente do Federal Reserve
(Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, e
seu predecessor, Alan Greenspan, era a garantia implícita de
apoio governamental em caso
de moratória das empresas, cujas dívidas são imensas.
O governo Bush afirmou repetidamente que essa garantia
não existe, mas os investidores
continuam a acreditar -como
é demonstrando pela sua disposição em emprestar dinheiro
à Fannie Mae e ao Freddie Mac
com juros mais baixos- que
elas são "grandes demais para
falir" e que a Casa Branca montará uma operação de resgate
usando o dinheiro dos contribuintes, em caso de crise.
Mas ao menos no curto prazo
a decisão de ontem reduz as reservas de capital que protegem
os créditos das empresas e também pode representar um obstáculo a um resgate público das
companhias caso elas venham a
enfrentar problemas sérios.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Texto Anterior: Turbulência: Crise é pior do que o esperado, dizem membros do BCE Próximo Texto: Crise ajudará o governo a impedir a queda do dólar? Índice
|