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TRABALHO
Proposta em estudo equivaleria a um reajuste de 7,69% em maio; preocupação é com déficit na Previdência
Salário mínimo deve subir para R$ 140
VIVALDO DE SOUSA
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O governo estuda elevar o valor
do salário mínimo de R$ 130 para
R$ 140 em maio próximo, o que resultaria num reajuste de 7,69%. O
reajuste deverá ficar próximo da
inflação (uma média de vários índices) entre maio do ano passado e
abril deste ano, segundo estimativas ainda preliminares da equipe
econômica.
Os técnicos ainda trabalham
com vários cenários sobre o ritmo
de aumento dos preços e de retração da economia, mas têm como
parâmetro a estimativa de um déficit de R$ 10,8 bilhões no pagamento de aposentadorias e pensões do
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) neste ano. O número foi
negociado com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Embora 6,9 milhões de trabalhadores com ou sem carteira assinada recebam o salário mínimo ou
menos que isso, a decisão a ser tomada pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso até 1º de maio
levará em conta, principalmente, o
impacto do reajuste nas contas da
Previdência e dos Estados.
O índice corrigirá já em maio
64,5% dos cerca de 18,2 milhões de
benefícios correspondentes ao valor do mínimo. Os demais benefícios devem ser corrigidos no mês
seguinte.
Na primeira rodada de negociação com o Fundo, antes da desvalorização do real, o governo brasileiro já havia considerado a possibilidade de reajustar os benefícios
da Previdência em 6%.
Um reajuste nesse percentual representaria um gasto adicional de
R$ 520 milhões nos benefícios com
valor até um salário mínimo. A diferença entre esse 6% e os 7,69%
significaria um gasto extra de R$
230 milhões, considerado suportável.
Segundo projeções a que a Folha
teve acesso, o custo extra do reajuste dos benefícios que correspondem ao mínimo ficará próximo de R$ 750 milhões. Nessa conta
já foi abatido o ganho na arrecadação que o aumento do mínimo deverá proporcionar.
O déficit na Previdência cresceria
independentemente de um reajuste maior do mínimo. No ano passado, o rombo no pagamento de
aposentadorias e pensões do INSS
fechou em R$ 7,4 bilhões.
Desde o início do debate interno
no governo, ficou descartada a
possibilidade de conceder aumento real ao salário mínimo (acima
da inflação) por causa do peso nas
contas da Previdência e de pequenas prefeituras. Tradicionalmente
o governo FHC vem concedendo a
reposição da inflação acumulada
nos 12 meses que antecedem ao
reajuste. O governo vem optando
por uma média de vários índices.
A hipótese de conceder um reajuste abaixo da inflação tornaria
pior a concentração de renda no
país, já que o reajuste do mínimo é
apontado como o fator que mais
ajuda a distribuir renda.
O índice de correção enfrenta resistências na equipe econômica,
que cogitou até de antecipar a data
do reajuste. A medida evitaria o repasse nesse ano ao mínimo do pique da inflação registrada com a
desvalorização do real.
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