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TELEFONIA 1
Inscrito em plano de expansão tem de decidir rápido: paga R$ 1.117,63 com direito a ações ou só R$ 300?
Compra de telefone vira jogo de risco
GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação
Comprar um telefone por R$
1.117,63 com direito a receber
ações da Telebrás ou pagar R$
300,00 pela instalação da linha,
sem ficar miniacionista da estatal?
Milhares de paulistanos estão
enfrentando esse dilema depois
que o Ministério das Comunicações decidiu acabar com a antiga
modalidade de aquisição, apelidada de autofinanciamento.
Por enquanto, há apenas um comunicado oficial sobre a mudança. É o mesmo que anunciou a
reestruturação das tarifas.
Diz pouca coisa: a taxa de instalação custará R$ 300, entrará em vigor no dia 1º de maio e haverá uma
fase de transição de 60 dias.
A própria Telesp aguarda normas detalhadas sobre como vai
funcionar a taxa de instalação.
A empresa só confirma que o desistente dos R$ 1.117,63 não perde
lugar na fila. Está automaticamente inscrito para a fase da taxa de
instalação, a ser paga no futuro.
Mas bastou o ministro Sérgio
Motta falar nos R$ 300,00 -na
primeira declaração eram R$
400,00- para o mercado de telefones sofrer novo abalo.
Cálculo difícil
Entre os candidatos à compra de
uma linha diretamente da concessionária, a desorientação é geral.
Até especialistas têm opiniões divergentes sobre qual a melhor opção de compra nessa fase de transição que deve durar até junho.
Sérgio de Oliveira, gerente do
Balcão do Telefone, vê vantagens
na compra por R$ 1.117,63, desde
que o interessado tenha dinheiro
para pagar à vista, sem ter de recorrer a financiamento.
As ações da Telebrás é que fazem
a diferença, diz ele, confiando na
valorização dos papéis. No mínimo, calcula, as ações renderiam
cerca de R$ 900. O telefone sairia
quase de graça.
Edmon Rubies, da Bolsa de Telefones, outra empresa que faz a intermediação de negócios nesse setor, também entende que a aquisição casada com ações ainda é a
melhor alternativa.
Quanto valem
Rubies reclama que os critérios
para definir quantas ações serão
entregues um ano depois ao usuário são enigmáticos, mas cita casos
de pessoas que compraram a linha
em 95 e no ano passado receberam
10.000 preferenciais e 3.000 ordinárias da Telebrás.
Aos preços de Bolsa na última semana, essas ações valiam algo como R$ 1.500. Como o comprador
desembolsa R$ 1.117,63 por uma
linha no pagamento à vista para a
Telesp, haveria aí um lucro.
Heitor Hortêncio Júnior, diretor
da Corretora Síntese, não tem a
mesma opinião. Até meados de 96,
afirma ele, valia a pena desembolsar R$ 1.117,63 porque o critério de
conversão do investimento em
ações da Telebrás era um só: o valor patrimonial do papel. E a expectativa era de que o preço de
mercado superasse o patrimonial,
como de fato aconteceu.
Essa regra foi alterada. Agora, a
retribuição em ações poderá se basear, a critério da Telebrás, no valor de mercado da ação, quando
este for superior ao patrimonial.
Na última semana, Telebrás PN
estava em torno de R$ 117 o lote de
mil, e ON, de R$ 112, para um valor
patrimonial de R$ 87,30 (balanço
de janeiro). Se a regra antiga estivesse em vigor, o comprador do
telefone por R$ 1.117,63 receberia,
por hipótese, 12.800 preferenciais.
Com a regra atual, e com base nesses preços, teria bem menos: 9.550.
Acabou a possibilidade de ganhar com a diferença entre valor
patrimonial e valor de mercado.
Lucro, se vier, será com eventual
valorização das ações no futuro.
Pagar R$ 1.117,63 de olho nas ações
virou um jogo de risco.
As chances de ganho com a própria linha também não são os mesmos. Os preços estão em queda e
não há mais a liquidez (facilidade
de venda) de antigamente.
Mesmo com esses argumentos
Edmon Rubies arriscaria a compra
por R$ 1.117,63 porque as ações teriam chances de maior valorização. Ele acha difícil que o desequilíbrio entre oferta e procura de linhas cabeadas em São Paulo acabe
em menos de quatro anos.
Não há diferença nos prazos de
instalação entre quem paga R$
1.117,63 já ou R$ 300,00 no futuro.
O contrato estipula uma demora
de até dois anos. Até agora, nem
esse prazo tem sido cumprido.
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