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"Sem-renda" barram expansão
DA REPORTAGEM LOCAL
O resgate da chamada dívida
social do setor elétrico esbarra na
escassez de renda da população
que hoje não é atendida pelas distribuidoras. "O problema é que a
renda das famílias excluídas não é
suficiente para pagar pelo serviço", diz Célio Bermann, professor
do Programa de Pós-Graduação
em Energia da USP.
Segundo o IBGE, 84% dos domicílios sem luz são de famílias
com renda inferior a três salários
mínimos mensais. Bermann considera que os gastos com a conta
de luz devem situar-se entre 3% a
5% do orçamento familiar.
As famílias com ganhos de até
dez salários mínimos, por exemplo, comprometem 3,4% da renda com essa fatura. Nos estratos
mais pobres, a conta é mais salgada: para 25 milhões de famílias
com renda de até três mínimos,
ela abocanha 12%. "A saída dessas
pessoas é reduzir de forma drástica o consumo", diz Bermann.
Segundo ele, aos preços atuais, a
população pobre não tem como
pagar pela eletricidade, daí a proliferação do roubo de energia na
periferia dos grandes centros e
nas favelas. O aumento emergencial de tarifas, de 2,9% para esse
segmento, em vigor desde janeiro, pode ter mantido as residências em ritmo de "apagão".
Segundo o presidente da CPFL
(Companhia Paulista de Força e
Luz), Wilson Ferreira Jr., as concessionárias de energia estão trabalhando com vendas num patamar um pouco acima do registrado em 1999, mas abaixo de 2000.
A saída para o impasse entre a
demanda reprimida de energia e a
renda da população, dizem os especialistas, passa por uma política
de distribuição de renda. Outra
forma de resolver essa equação é
cobrando tarifas mais baratas. Isso seria possível, diz Roberto D'Araújo, diretor da ONG Ilumina, se
parte da expansão do sistema se
der pelo aumento da eficiência
das usinas já existentes.
(SB)
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