São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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"Sem-renda" barram expansão

DA REPORTAGEM LOCAL

O resgate da chamada dívida social do setor elétrico esbarra na escassez de renda da população que hoje não é atendida pelas distribuidoras. "O problema é que a renda das famílias excluídas não é suficiente para pagar pelo serviço", diz Célio Bermann, professor do Programa de Pós-Graduação em Energia da USP.
Segundo o IBGE, 84% dos domicílios sem luz são de famílias com renda inferior a três salários mínimos mensais. Bermann considera que os gastos com a conta de luz devem situar-se entre 3% a 5% do orçamento familiar.
As famílias com ganhos de até dez salários mínimos, por exemplo, comprometem 3,4% da renda com essa fatura. Nos estratos mais pobres, a conta é mais salgada: para 25 milhões de famílias com renda de até três mínimos, ela abocanha 12%. "A saída dessas pessoas é reduzir de forma drástica o consumo", diz Bermann.
Segundo ele, aos preços atuais, a população pobre não tem como pagar pela eletricidade, daí a proliferação do roubo de energia na periferia dos grandes centros e nas favelas. O aumento emergencial de tarifas, de 2,9% para esse segmento, em vigor desde janeiro, pode ter mantido as residências em ritmo de "apagão".
Segundo o presidente da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), Wilson Ferreira Jr., as concessionárias de energia estão trabalhando com vendas num patamar um pouco acima do registrado em 1999, mas abaixo de 2000.
A saída para o impasse entre a demanda reprimida de energia e a renda da população, dizem os especialistas, passa por uma política de distribuição de renda. Outra forma de resolver essa equação é cobrando tarifas mais baratas. Isso seria possível, diz Roberto D'Araújo, diretor da ONG Ilumina, se parte da expansão do sistema se der pelo aumento da eficiência das usinas já existentes. (SB)


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