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MERCADO FINANCEIRO
Expectativa é que banco sinalize com redução a partir de junho, o que favoreceria Bolsa de Valores
BC deve manter taxa de juros, diz analista
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A expectativa de manutenção
da taxa básica de juros em 18,50%
na reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária), que começa
amanhã, cresceu com as declarações do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, na sexta-feira
passada.
A afirmação de que a demanda
é apenas um dos elementos a serem considerados pelo Copom
caiu como uma ducha fria no
mercado. Todas as variáveis que
podem ter impacto sobre a inflação serão ponderadas, segundo
Fraga. Analistas e investidores
passam agora a esperar a publicação da ata da reunião, na próxima
semana.
Afirmam que o documento poderia mostrar a existência de condições para redução da taxa básicas de juros, a Selic, no futuro.
"É possível que a ata prepare o
mercado para um corte em junho.
Uma redução agora poderia causar desconforto para o Copom.
Ele poderia ser taxado de eleitoreiro. Pelo que se estabeleceu antes, seria um caminho menos técnico", diz Jorge Simino, diretor da
Unibanco Asset Management.
Antes da declaração de Fraga, a
decisão do Copom relativa aos juros estava sendo considerada um
divisor de águas nesta semana.
Nos primeiros dias, segundo
afirmavam alguns gestores, a Bolsa poderia operar embalada pela
expectativa, de parte do mercado,
de corte de juros. E, depois da reunião, refletiria seu resultado, se esse já não estivesse nos preços.
"A perspectiva de que o Banco
Central sinalize uma tendência
consistente de queda na próxima
ata a ser publicada pode ser uma
vertente positiva para o mercado
depois do Copom", diz Simino.
A decisão do Comitê será anunciada ainda com o mercado aberto, no início da tarde de quarta-feira, e não à noite.
O término da reunião foi antecipado em razão de uma viagem do
presidente do BC e do diretor de
Política Econômica, Ilan Goldfajn, para a Espanha, onde participarão de um seminário.
Carteira defensiva
Apesar da valorização da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) de 4,6% na semana passada, a
instabilidade permanece.
"A Bolsa pode vir a beliscar os 13
mil pontos, mas não se sustenta
nesse patamar", diz Pedro Thomazoni, diretor de tesouraria do
Lloyds TSB.
Analistas dizem que o dinheiro
disponível para aplicações deve
ser dividido conforme o prazo.
Para investimentos de médio e
longo prazos, carteiras consideradas defensivas tendem a sofrer
menos em meio à turbulência do
período eleitoral. São compostas
majoritariamente de papéis exportadores, com receita em dólar.
"É preciso que sejam empresas
sólidas em termos operacionais e
financeiros. Companhias que tenham gestão, produto e competitividade comparáveis às empresas
de Primeiro Mundo", diz Simino.
A maioria destes papéis, entretanto, já está com preço próximo
ou até acima do valor calculado
por analistas como preço justo.
Mas, em caso de desvalorização
do índice Bovespa, na faixa dos 12
mil pontos o preço de ações de algumas dessas empresas pode cair.
Para o dinheiro de curto prazo,
a barreira dos 12 mil pontos também é essencial.
"Investidor deve ter sangue frio
e agir como 'trader': comprar
quando o índice se aproximar daquela barreira e vender quando
voltar para os 13 mil pontos", afirma Thomazoni.
"No curto prazo, teles e elétricas, que sofreram muito, podem
ser interessantes. O recuo do câmbio embute expectativa de dólar
mais calmo. Isso beneficia teles
endividadas nessa moeda, que
podem ter performance melhor",
diz Simino.
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