São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Expectativa é que banco sinalize com redução a partir de junho, o que favoreceria Bolsa de Valores

BC deve manter taxa de juros, diz analista

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A expectativa de manutenção da taxa básica de juros em 18,50% na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que começa amanhã, cresceu com as declarações do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, na sexta-feira passada.
A afirmação de que a demanda é apenas um dos elementos a serem considerados pelo Copom caiu como uma ducha fria no mercado. Todas as variáveis que podem ter impacto sobre a inflação serão ponderadas, segundo Fraga. Analistas e investidores passam agora a esperar a publicação da ata da reunião, na próxima semana.
Afirmam que o documento poderia mostrar a existência de condições para redução da taxa básicas de juros, a Selic, no futuro.
"É possível que a ata prepare o mercado para um corte em junho. Uma redução agora poderia causar desconforto para o Copom. Ele poderia ser taxado de eleitoreiro. Pelo que se estabeleceu antes, seria um caminho menos técnico", diz Jorge Simino, diretor da Unibanco Asset Management.
Antes da declaração de Fraga, a decisão do Copom relativa aos juros estava sendo considerada um divisor de águas nesta semana.
Nos primeiros dias, segundo afirmavam alguns gestores, a Bolsa poderia operar embalada pela expectativa, de parte do mercado, de corte de juros. E, depois da reunião, refletiria seu resultado, se esse já não estivesse nos preços.
"A perspectiva de que o Banco Central sinalize uma tendência consistente de queda na próxima ata a ser publicada pode ser uma vertente positiva para o mercado depois do Copom", diz Simino.
A decisão do Comitê será anunciada ainda com o mercado aberto, no início da tarde de quarta-feira, e não à noite.
O término da reunião foi antecipado em razão de uma viagem do presidente do BC e do diretor de Política Econômica, Ilan Goldfajn, para a Espanha, onde participarão de um seminário.

Carteira defensiva
Apesar da valorização da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) de 4,6% na semana passada, a instabilidade permanece.
"A Bolsa pode vir a beliscar os 13 mil pontos, mas não se sustenta nesse patamar", diz Pedro Thomazoni, diretor de tesouraria do Lloyds TSB.
Analistas dizem que o dinheiro disponível para aplicações deve ser dividido conforme o prazo.
Para investimentos de médio e longo prazos, carteiras consideradas defensivas tendem a sofrer menos em meio à turbulência do período eleitoral. São compostas majoritariamente de papéis exportadores, com receita em dólar.
"É preciso que sejam empresas sólidas em termos operacionais e financeiros. Companhias que tenham gestão, produto e competitividade comparáveis às empresas de Primeiro Mundo", diz Simino.
A maioria destes papéis, entretanto, já está com preço próximo ou até acima do valor calculado por analistas como preço justo.
Mas, em caso de desvalorização do índice Bovespa, na faixa dos 12 mil pontos o preço de ações de algumas dessas empresas pode cair.
Para o dinheiro de curto prazo, a barreira dos 12 mil pontos também é essencial.
"Investidor deve ter sangue frio e agir como 'trader': comprar quando o índice se aproximar daquela barreira e vender quando voltar para os 13 mil pontos", afirma Thomazoni.
"No curto prazo, teles e elétricas, que sofreram muito, podem ser interessantes. O recuo do câmbio embute expectativa de dólar mais calmo. Isso beneficia teles endividadas nessa moeda, que podem ter performance melhor", diz Simino.


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