São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2005

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Financiamento não atinge 94% das empresas

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Conseguir um empréstimo é muitas vezes o que um empreendedor precisa para impulsionar seu negócio. Se o juro for baixo, melhor ainda. Mas os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que o crédito é algo pouco difundido entre as firmas informais: 94% delas não utilizaram esse mecanismo em 2003.
Das que obtiveram algum tipo de financiamento, o principal veículo (58%) foi o sistema bancário, seguido por empréstimos obtidos com fornecedores (16%) e amigos e parentes (16%). Em 2003 e em 1997, o mesmo percentual (83%) das empresas informais não possuía dívidas, um sinal dos limites de expansão dessas firmas, já que para crescer é necessário ter alguma espécie de financiamento.
O IBGE também traçou indicadores de formalização das firmas. Grande parte (53%) dos empreendimentos não fazia nenhum tipo de registro contábil em 2003. Esse percentual era de 46% em 1997 -ou seja, houve uma piora nos resultados. Em 2003, o próprio dono tentava desempenhar a função do contador em 36% das empresas informais.
Só 12% das firmas informais possuíam, em 2003, constituição jurídica, como o registro no CNPJ, e 10% delas tinham cadastro de microempresa.

"Com a coragem"
Mesmo sem acesso a crédito, Antonio Joaquim da Costa, 45, conseguiu abrir uma lanchonete em São Paulo há um ano e meio. "Juntei um dinheiro, só um pouquinho. E o resto foi com a coragem mesmo", conta ele.
Assalariado a vida toda, decidiu que queria um negócio próprio. A empresa tem CNPJ, mas a contabilidade não pode seguir todas as regras. "Não sou totalmente informal, mas um pouco eu ainda sou. Gostaria de estar com tudo certinho, mas, por enquanto, é difícil. Ou é isso ou é ficar sem o negócio. Tem imposto, tem tanta coisa, que a gente não pode fazer tudo como deve ser feito", afirma.
Patrão de primeira viagem, Costa revela que sente até vergonha de chamar a atenção de sua única funcionária -a cozinheira Maria, que ganha R$ 400 por mês.
"Não tenho muita experiência [em ser patrão], mas é uma sensação boa. Nos dias de pagamento, em que me vejo apertado com outras dívidas, tenho de pensar que é melhor faltar para mim do que para ela. É um compromisso que não posso deixar de cumprir."


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