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análise
Concentração do setor viria cedo ou tarde
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Uma concentração inevitável. Pode ter sido antecipada por problemas financeiras trazidos pela crise mundial, mas cedo ou tarde iria
acontecer.
Se não tivesse ocorrido entre empresas brasileiras, teria sido com multinacionais
estrangeiras, que já botaram
os pés por aqui e ainda buscam negócios. Outras uniões
devem vir.
A globalização, exigindo
custos reduzidos, ganho de
produtividade e presença cada vez maior das empresas
em todos os mercados, impõe ganho de musculatura às
companhias. É o que Sadia e
a Perdigão vão buscar nos
próximos anos no cenário internacional.
Essa concentração dá um
grande poder de compra e, ao
mesmo tempo, um grande
poder de venda para as duas
empresas unidas. Do lado do
consumo, esse poder de venda das duas pode levar o
Cade a, em defesa da concorrência, exigir participação
menor em alguns setores em
que tenham amplo domínio.
Já do lado do produtor, o
grande poder de compra gerado pela união das duas pode afetar preços, mas em situações bastante restritas.
Sadia e Perdigão eram fortes
competidoras tanto na compra de matérias-primas como na busca por produtores
integrados.
Agora, serão uma só, sem
a antiga concorrência. Juntas, devem utilizar cerca de
10 milhões de toneladas de
milho por ano, o que corresponde a 18% da produção
nacional.
Uma participação tão
grande pode afetar preços
em regiões onde elas têm forte presença, principalmente
se houver dificuldade de escoamento de matéria prima
pelos produtores.
A influência das duas, no
entanto, fica limitada pela
concorrência com as gigantes internacionais e com cooperativas. Além disso, o mercado externo sempre será
um patamar de referência
para o produtor.
De um lado, o produtor pode sofrer a mão forte das
duas. Mas, de outro, após um
processo de solidificação e
ampliação das duas no mercado externo, o produtor pode ser beneficiado pela demanda maior.
O mercado externo se
mostra um pouco difícil para
as duas neste início de fusão.
Os preços estão em queda
devido à crise mundial, e o
dólar, desvalorizado, gera
menos reais.
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