|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Emprego recuará ao nível de 2007, afirma Meirelles
PEDRO SOARES
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles,
afirmou que, com a crise, o
nível de emprego no país deverá retroceder aos patamares de 2007, o que considerou "preocupante".
"A massa salarial comparada a 2008 está crescendo.
Mas a previsão dos índices de
desemprego no segundo semestre vai levar a uma trajetória comparada a 2007. Estamos retrocedendo dois
anos", disse Meirelles durante o 21º Fórum Nacional, no
BNDES, organizado anualmente pelo ex-ministro do
Planejamento João Paulo
dos Reis Velloso.
De acordo com dados do
IBGE, o desemprego atingiu
9% em março. Em 2008, fechou em 7,9%, ante 9,3% em
2007. Segundo Meirelles, há
países em situação pior.
"Não podemos esquecer que,
em alguns países, o índice vai
voltar à década de 40."
O alívio que o governo deu
recentemente ao próprio
caixa ao afrouxar as metas de
economia para pagamento
de juros da dívida interna
não é visto por Meirelles como algo que possa piorar as
contas públicas.
Devido à crise e à queda na
arrecadação, o governo reduziu essa meta -chamada de
superávit primário- de 3,8%
para 2,5% do PIB neste ano,
sob alegação da necessidade
de preservar investimentos.
Segundo Meirelles, a relação entre a dívida e o PIB estava acima de 40% no ano
passado. "Mesmo com a redução da meta de superávit,
o mercado prevê que essa relação não fique acima de 39%
no fim do ano. Hoje, estamos
em 37,8%", diz Meirelles.
A relação dívida/PIB é um
importante indicador das
contas de um país. Quando
está em alto patamar, indica,
para investidores estrangeiros, um maior risco de calote.
Superávit zero
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, descartou a possibilidade de zerar o superávit em 2010, como sugeriu o Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos.
"O governo considera importante fazer superávit porque queremos continuar o
esforço para reduzir a dívida
como proporção do PIB",
disse Bernardo no Fórum.
O ministro defendeu ainda
os cortes de impostos a alguns setores e não descartou
a possibilidade de desonerar
mais ramos prejudicados pela crise, desde que essas deduções sejam acompanhadas
de novos cortes de gastos.
Segundo Bernardo, a turbulência abalou a arrecadação do governo, que contará
com cerca de R$ 50 bilhões a
menos no seu orçamento
deste ano.
De um lado, diz, a crise forçou o governo a fazer "políticas anticíclicas" e cortar impostos de determinados setores -entre eles, o automobilístico e o de eletrodomésticos da linha branca. A desoneração até agora somou R$
21 bilhões.
Do outro, a retração do
consumo e dos investimentos com a crise foi responsável pela queda na arrecadação e explica a redução restante de quase R$ 30 bilhões.
Apesar do impacto da crise, Bernardo afirmou que já
existem sinais de melhora na
arrecadação.
Texto Anterior: Crise precipita onda de fusões e aquisições Próximo Texto: Entrada de recursos faz dólar encostar em R$ 2 Índice
|