São Paulo, quarta, 20 de maio de 1998

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CRISE
Iene chega a pior cotação em sete anos devido à crise na Indonésia, cujas empresas devem US$ 23 bi ao Japão
Mercado russo se acalma e sobe 3,94%

das agências internacionais

O mercado acionário da Rússia teve um dia calmo ontem, depois de ter fechado com queda de 12% na segunda-feira. As ações da Bolsa de Valores se recuperaram e tiveram ontem ganhos de 3,94%.
A crise indonésia foi mais uma vez a razão da instabilidade nos mercados. O iene, a moeda japonesa, chegou em Nova York (EUA) à sua pior cotação nos últimos sete anos.
Na Rússia, a elevação dos juros do refinanciamento de 30% para 50%, anunciada anteontem à noite em caráter emergencial pelo banco central, contribuiu para restaurar parte da confiança dos investidores.
A medida foi interpretada pelo mercado como um sinal de que o governo está comprometido com a estabilidade do rublo, a moeda local, e disposto a evitar uma crise financeira semelhante à que ocorrera nos mercados do Sudeste Asiático no final do ano passado.
Ao mesmo tempo em que o mercado se reanimava, chegava ontem ao país uma missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) para discutir com autoridades locais as condições para o envio de uma nova parcela de um pacote de ajuda de US$ 10 bilhões. A avaliação do FMI, que sempre faz duras críticas à dificuldade do governo em aumentar sua arrecadação, é crucial para a Rússia.
O novo primeiro-ministro, Sergei Kirienko, advertiu ontem sobre a debilidade financeira do país e disse que o governo poderia ter de realizar cortes drásticos em seu Orçamento.
A economia russa cresceu 0,4% no ano passado. Foi a primeira vez que não registrou retração nos anos 90. A expectativa do governo é ter expansão de 2% em 1998. Analistas afirmam, no entanto, que a estimativa é excessivamente otimista.
Na segunda-feira, a Rússia decidiu anunciar um forte aumento das taxas de juros para impedir a evasão de capital externo e manter a cotação do rublo. A elevação dos juros é uma medida recorrente do governo russo. Depois de vários anos de hiperinflação após o fim do regime soviético, a estabilidade do rublo se tornou o principal objetivo das autoridades locais.
Analistas afirmam que uma maior deterioração do rublo provocaria inflação, aumento das taxas de juros e falências no setor bancário.
"Decidimos elevar a taxa de refinanciamento de uma fez, mas firmemente, para pôr fim a todas as especulações", afirmou o vice-presidente do BC russo, Alexander Potiomkin. "Tendo em conta a dureza e a eficácia desta medida, esperamos que em a mesma seja de curto prazo e que em breve voltemos a taxas de juros mais aceitáveis para a economia", explicou o vice-presidente do BC.
Japão
O dólar estava sendo negociado ontem com a cotação de 136,77 ienes. Somente este mês, a alta foi de 2,7%.
Bancos japoneses emprestaram cerca de US$ 23 bilhões às companhias Indonésia. Com a crise no país, os recursos estariam seriamente comprometidos.
"A Indonésia é o maior problema", afirmou Alan Kabbani, operador do First Union Corp, nos Estados Unidos.
Ontem, declarações do presidente Suharto de que poderia renunciar contribuíram para estabilizar os mercados asiáticos. Em Jacarta, a Bolsa fechou com alta de 6,03%, e a rupia, a moeda local, chegou a 12,050 unidades por dólar, recuperando-se da cotação de ontem, de 12.250.
No Japão, o índice Nikkei, que reúne as principais ações negociadas na Bolsa de Tóquio, encerrou o pregão com alta de 1,09%.
Em Kuala Lumpur, na Malásia, o mercado acionário registrou alta de 0,81%. As ações de Cingapura tiveram ganhos de 1,02%.
Na Bolsa de Hong Kong, o índice Hang Seng, que reúne as principais ações negociadas, teve pequena alta de 0,39%. Em Taiwan, a Bolsa permaneceu quase sem variação, com ganhos de 0,02%.
As Bolsas da Tailândia e das Filipinas tiveram a mesma recuperação e registraram quedas ontem de 3,01% e de 2,66%, as maiores da região.



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