São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BC deve intervir menos no dólar, acredita Malan

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

O dólar está supervalorizado frente ao real, mas o Banco Central deveria intervir menos, pois estas são as regras do jogo. A conclusão é do ministro da Fazenda brasileiro, Pedro Malan, em palestra e entrevista dadas ontem à tarde em Nova York.
"Há um flagrante exagero na cotação atual do dólar", disse Malan. "Mas faz parte do nosso regime de câmbio flutuante. Se o mercado acha neste momento que o dólar deve ficar supervalorizado, deveria haver menos intervenção do Banco Central."
Para o ministro, a instituição tem mais condições de avaliar a situação do que ele, "mas o BC não deve agir contra os interesses do mercado. Pode levar mais tempo assim, mas é melhor."
Quanto às recentes mudanças no câmbio argentino anunciadas pelo ministro Domingos Cavallo, Malan foi condescendente: "Com o novo sistema, o peso se desvaloriza entre 7% e 8% frente ao dólar. Só neste ano, o real se desvalorizou mais do que isso (27,11%), então não é razoável que digamos que a medida é inaceitável".
O ministro esteve na cidade para uma palestra na 9ª Conferência Anual Latino-Americana, evento patrocinado pelo banco Salomon Smith Barney e o Conselho das Américas. Entre os 200 presentes no almoço realizado no hotel Waldorf Astoria, vários investidores estrangeiros e analistas especializados na América Latina.
Um dos participantes da parte matutina do encontro, Timothy Purcell, do JP Morgan, destoou do clima de otimismo. Apesar de afirmar que a América Latina pode vir a ser mais atraente para investimentos do que era há 10 anos, Purcell disse que seu fundo suspendeu temporariamente as atividades na Argentina.
"O futuro imediato do país é muito incerto para continuarmos com nossas iniciativas", disse o estrategista, cujo fundo controla US$ 900 milhões.
"Mas, assim que as coisas melhorarem, voltaremos com força." Ele deu um prazo de cinco anos para que a situação se normalize de vez.



Texto Anterior: Mercado tenso: Dólar e juro altos dão prejuízo de R$ 48 bi
Próximo Texto: Órgão espera só US$ 20 bi de fora em 2001
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.