São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2001

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LEILÃO

Petrobras leva boa parte dos blocos, como sócia principal ou minoritária; dos 27 campos em disputa, nove encalharam

ANP vende 18 áreas para explorar petróleo


ISABEL CLEMENTE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Foram vendidas ontem 18 novas concessões para a exploração de petróleo e gás no Brasil. O resultado representa aumento de 50% sobre o número de áreas concedidas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) em leilões, desde 1999, quando a iniciativa privada passou a poder investir no ramo sem ter que fechar parcerias com a Petrobras.
Empresas estrangeiras e brasileiras puderam disputar 27 áreas ontem, mas nove encalharam, sendo quatro na bacia de Santos, onde estão algumas das últimas boas descobertas da Petrobras.
A Petrobras repetiu o apetite das duas rodadas anteriores. Levou boa parte dos blocos, como operadora (sócia principal) ou parceira minoritária.
A estatal está em sete das 18 áreas vendidas, em seis das quais como operadora. A estratégia da empresa foi definida pelo presidente Henri Philippe Reichstul: "Procuramos blocos em geral vizinhos aos nossos".
Para o diretor-geral da ANP, David Zylbersztajn, a estatal já não mostra o fôlego de antes. "Queremos ver até onde a Petrobras vai chegar. Ela tem o limite [de investimentos" dela."
A ANP arrecadou R$ 461,09 milhões com os lances mínimos, valor R$ 7 milhões menor do que o arrecadado com a venda de 21 blocos da segunda rodada, no ano passado. As ofertas sempre disparam em relação aos preços mínimos, fixados em R$ 100 mil, R$ 200 mil e R$ 300 mil.
Zylbersztajn explica que não se pode falar em ágio porque os preços mínimos têm uma função meramente legal. "A lei exige um preço mínimo. O correto seria não ter", disse Zylbersztajn. São investimentos, completa, de alto risco destinados a algo que ainda não se conhece, no caso, descoberta de petróleo ou gás.
O maior lance foi feito por uma empresa novata no país. A americana Phillips Petroleum ofereceu R$ 117,74 milhões por um bloco na bacia do Espírito Santo, no leilão mais disputado de ontem.
Houve quatro ofertas, inclusive de um consórcio formado pela Petrobras e pela gigante Esso. A Petrobras só não aumentou ainda mais sua participação porque deu quatro lances perdedores em parcerias.

Conteúdo nacional
Para ser considerado vencedor, o concorrente deve garantir um percentual mínimo de conteúdo nacional nas contratações de serviços e equipamentos durante as fases de exploração e desenvolvimento dos campos de petróleo.
O percentual médio oferecido no primeiro dia do leilão caiu em relação à média conseguida no ano passado. As empresas se comprometeram, desta vez, a adquirir 26,67% na fase da exploração e 36,67% na de desenvolvimento.
A Esso chegou a oferecer 5%, o mínimo exigido pela ANP, num lance em que saiu vencedora associada à Petrobras e à americana Kerr McGee. Não houve concorrentes. Na segunda rodada, os índices médios foram de 41% (exploração) e de 47% (desenvolvimento).
As empresas têm três anos para explorar livremente as áreas arrematadas. Ao final desse prazo, são obrigadas a devolver metade da área para a ANP.
Portanto já devem saber que pedaço vão querer manter para prosseguir com os trabalhos exploratórios, que podem durar até nove anos.
Até hoje não há descobertas notificadas em nenhuma das áreas concedidas em leilão pela ANP.



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