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TEMOR NA AMÉRICA LATINA
Indicador brasileiro sobe 5,3% e vai a 1.382 pontos; Argentina, Equador e México também têm alta
Risco-país de emergentes volta a disparar
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O risco-país brasileiro atingiu,
pela segunda vez em seis dias, seu
maior valor em dois anos e meio
ontem. Fechou em alta de 5,3%, a
1.382 pontos e continua como o
terceiro maior do mundo. Mas
não subiu sozinho. Houve alta no
risco da maioria dos países emergentes acompanhados pelo indicador do JP Morgan.
"Não foi apenas o risco Brasil
que subiu hoje [ontem", mas o risco de investir em países emergentes", diz Pedro Thomazoni, diretor de tesouraria do Lloyds TSB.
O risco de investir na Argentina
cresceu 3%; na Nigéria, 6,8%. No
México, 7,2%; no Equador, 6,2%.
O indicador aponta quanto os títulos dos governos pagam, em
pontos percentuais, a mais do que
títulos similares do governo dos
norte-americano.
Bancos estrangeiros têm reduzido sua exposição nos mercados
emergentes há meses, influenciados por problemas internos desses países nos setores públicos e
privados, além de um passado de
prejuízos. Como as perdas na Argentina foram grandes, ninguém
mais pode errar. Portanto há certa
aversão ao risco. "Em caso de dúvida, a opção é se desfazer de papéis de emergentes", diz Helio
Osaki, analista da Finambras.
Pesa para o Brasil o fato de este
ser um ano eleitoral. A situação
começou a ficar nebulosa, na visão do mercado, quando pesquisas eleitorais apontaram a liderança isolada do candidato da
oposição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao mesmo tempo em que
o candidato governista, José Serra
(PSDB), não decolava. Para o
mercado, avesso a mudanças, a
vitória de Serra significa continuidade da atual política econômica.
A incerteza em relação ao futuro
da eleição levou os investidores a
não aceitarem títulos da dívida
pública brasileira de longo prazo.
O governo tem sido forçado a trocar esses papéis por outros de prazo mais curto, o que concentra os
vencimentos da dívida pública
brasileira para o final deste ano. Daí a preocupação com a possibilidade de o país dar um calote.
Além dos problemas do setor
público, há uma crise de credibilidade sobre a saúde financeira das grandes corporações. A desconfiança começou com a concordata da Enron, em dezembro do ano passado, acusada de ter adulterado balanços.
Esse sentimento, aliado a deterioração dos indicadores financeiros internos e externos no Brasil, dificulta a rolagem de dívidas
das companhias brasileiras. "A
falta de confiança do mercado
mundial, que abala o desempenho das empresas, é séria. E, neste
momento, está sendo abafada pelo cenário político", diz Thomazoni, do Lloyds TSB.
O cenário também é crítco para os outros países da América do Sul
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