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JOSEPH STIGLITZ
"Lula precisará rever estratégia"
EM NOVA YORK
O Brasil está se acostumando
a crescer pouco. A avaliação é
do economista Joseph Stiglitz.
Para ele, se o governo Lula não
mudar de estratégia logo, corre
o risco de terminar seu mandato
"sem ter o que mostrar".
"Depois de apresentar altas taxas de crescimento durante várias décadas, o Brasil deverá
crescer algo mais que 2% neste
ano. O pior é que esse crescimento é motivo de comemoração. Parece que o nível de aspiração da população está mudando, o que é ruim", afirmou.
Segundo o economista, as pessoas deveriam ser mais críticas
em relação ao governo. "Acho
que o governo Lula está perto
do ponto onde terá de admitir
que a estratégia adotada até agora está se esgotando", afirmou.
Stiglitz ressalta que as últimas
duas décadas -justamente
quando os países latino-americanos perseguiram políticas
macroeconômicas liberais-
foram as piores para a região.
"O modelo que funcionou foi
o implementado no Sudeste
Asiático. A maior parte dos países conseguiu ótimas taxas de
crescimento." Ele cita o exemplo do Chile, país de desempenho mais celebrado da América
Latina, que usou com sucesso,
por muitos anos, controle de capital, medida rechaçada por
muitos economistas liberais.
Stiglitz, que ganhou em 2001 o
prêmio Nobel de Economia por
seu trabalho sobre o papel da informação assimétrica na economia, se tornou nos últimos anos
um crítico mordaz das políticas
do FMI. Na conversa com jornalistas estrangeiros, ele criticou o processo "pouco democrático" de escolha dos diretores-gerais da instituição. Afirmou que o cargo é sempre destinado a algum país avançado. Citou como exemplo a recente escolha do espanhol Rodrigo Rato
e afirmou que o ex-presidente
do Banco Central Armínio Fraga poderia ter sido considerado.
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