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ANÁLISE
Criticada por todos os lados, a FAO é um desastre
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
A ONU e suas agências jamais se notabilizaram pela eficácia administrativa nem pela
excelência técnica dos relatórios que produzem. Ainda assim podem ser justificadas pelo
fato de constituírem a espinha
dorsal do multilateralismo.
No argumento de seus defensores, a existência de foros onde países possam discutir grandes temas como relações internacionais, saúde, educação, alimentação e coordenar ações
nessas áreas é valiosa demais
para ser questionada apenas
com base em planilhas de custo-benefício. É provável que tenham razão.
O problema da FAO, porém,
é que seus padrões de eficiência
são obstinadamente baixos até
quando comparados à já dispendiosa estrutura da ONU.
A insatisfação com a performance da agência levou os países participantes da Conferência Mundial de Alimentos no
longínquo ano de 1974 a criar
duas novas organizações para
tentar fazer o que a FAO não
conseguia: o Fundo Internacional para o Desenvolvimento
Agrícola e o Conselho Mundial
de Alimentos (depois extinto e
em parte substituído pelo Programa Alimentar Mundial).
A FAO é um dos raros casos
de organismo que consegue ser
duramente criticado pela esquerda, pela direita e por seus
próprios dirigentes.
Para os conservadores, a
FAO é uma caixa-preta, cuja estrutura paquidérmica e mediocridade técnica a tornaram irrelevante em seu propósito de
combater a fome.
A esquerda jamais perdoou à
agência o fato de ter defendido
a utilização de biotecnologia no
combate à fome. Foi acusada de
ter-se colocado ao lado das
grandes corporações.
O ataque mais brutal, entretanto, veio de suas próprias
trincheiras. Em 1991, um alto
dirigente da organização tomou de um pseudônimo, Khalil
Sesmou, e escreveu críticas demolidoras na revista britânica
"The Ecologist". Disse que a
agência falhara "desastrosamente". Acusou-a de agir como
garoto-propaganda de indústrias e acusou o então diretor-geral de autocrata preocupado
apenas com a própria reeleição.
A pressão foi tanta que a própria FAO se curvou ao peso das
evidências e, em 2005, aceitou
submeter-se a uma avaliação
externa independente. Dois
anos depois, a comissão entregou seu relatório, no qual chancelou boa parte das críticas,
mas estimou que a agência, se
reformada, tem salvação.
Acredite quem quiser.
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