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Fundos voltam a ter captação positiva
Em uma reversão da tendência de saída de recursos em junho, DI e renda fixa registram saldo positivo de R$ 2,6 bi neste mês
Movimento mostra que esperada fuga de capitais dos fundos para a poupança por conta dos juros menores ainda não é consistente
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o mês passado registrou
aumento na saída de recursos
dos fundos DI e de renda fixa,
as primeiras duas semanas deste mês mostram uma reversão
do movimento. Com a recente
entrada de recursos nos fundos, surge uma dúvida no mercado: será que os bancos não terão de continuar a tomar medidas para evitar a migração de
capital para a poupança?
Ao menos por ora, sem a consolidação da fuga de recursos
dos fundos para a poupança,
parece que os bancos vão se
contentar com a mudança que
têm promovido na exigência de
capital para aplicação.
"Se houver um crescimento
acentuado da migração de recursos dos fundos, o governo
terá de mexer de alguma forma
na poupança", afirma Osvaldo
Nascimento, diretor de produtos de investimentos do Itaú
Unibanco. "A poupança é um
instrumento destinado a gerar
fundos para a construção civil."
Em junho, os fundos DI e de
renda fixa, que acompanham
de perto a oscilação da taxa básica de juros, tiveram, juntos,
captação líquida (diferença entre aplicações e resgates) negativa de R$ 4,3 bilhões. Já neste
mês, até o dia 14, registram captação positiva de R$ 2,6 bilhões,
segundo a Anbid (associação
dos bancos de investimento).
O movimento demonstra
que a saída de recursos de junho ainda pode ser revertida.
Como a Selic está perto de
seu piso, segundo a previsão do
mercado, a perda de rentabilidade dos fundos pode não se
aprofundar muito daqui para o
fim do ano. A Selic, que serve de
parâmetro para os juros praticados no mercado, está em
9,25% e deve ser cortada para
8,75% nesta quarta-feira, segundo a previsão predominante no mercado financeiro. E esse poderia vir a ser o último
corte na taxa neste ano.
"A migração para a poupança
é uma preocupação. Mas essa
possibilidade não se confirmou
até o momento", diz Aquiles
Mosca, estrategista de investimentos do Santander Asset
Management.
Queda gradual
Estudo da Anbid mostra que
as taxas de administração têm
caído gradativamente nos últimos anos. Mas, neste ano,
quando o tema se tornou mais
quente, isso praticamente não
ocorreu. A média das taxas dos
fundos DI no varejo saiu de
1,52% no ano passado para
1,49% em maio deste ano. Em
2005, a taxa estava em 1,74%.
Mas é importante lembrar
que a Selic encerrou 2005 a
18% anuais. Ou seja, o peso da
taxa de administração no resultado final do fundo era proporcionalmente muito menor.
A taxa de administração está
presente em todos os fundos,
como forma de pagar o trabalho dos gestores. Como não há
possibilidade de fundo com taxa de administração zero, como
ocorre com a poupança, é fundamental neste momento, em
que os juros estão em baixa,
que o investidor pesquise as
melhores alternativas oferecidas pelos bancos.
Uma mudança que os profissionais preveem para o futuro
do mercado brasileiro é o aumento da diversificação das
aplicações. O que se espera é
que ocorra o mesmo que nos
mercados desenvolvidos, onde
os aplicadores alocam parcelas
maiores de suas economias na
renda variável. "Juros mais baixos levam à necessidade de
maior diversificação dos investimentos. É assim no mundo
todo", afirma Mosca.
"Diversificar os investimentos é o conselho mais saudável.
Mas, para entrar em renda variável, na Bolsa, a pessoa tem de
ter mais informações, buscar se
informar com os especialistas",
diz Nascimento.
(FABRICIO VIEIRA)
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