São Paulo, segunda-feira, 20 de julho de 2009

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Fundos voltam a ter captação positiva

Em uma reversão da tendência de saída de recursos em junho, DI e renda fixa registram saldo positivo de R$ 2,6 bi neste mês

Movimento mostra que esperada fuga de capitais dos fundos para a poupança por conta dos juros menores ainda não é consistente

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o mês passado registrou aumento na saída de recursos dos fundos DI e de renda fixa, as primeiras duas semanas deste mês mostram uma reversão do movimento. Com a recente entrada de recursos nos fundos, surge uma dúvida no mercado: será que os bancos não terão de continuar a tomar medidas para evitar a migração de capital para a poupança?
Ao menos por ora, sem a consolidação da fuga de recursos dos fundos para a poupança, parece que os bancos vão se contentar com a mudança que têm promovido na exigência de capital para aplicação.
"Se houver um crescimento acentuado da migração de recursos dos fundos, o governo terá de mexer de alguma forma na poupança", afirma Osvaldo Nascimento, diretor de produtos de investimentos do Itaú Unibanco. "A poupança é um instrumento destinado a gerar fundos para a construção civil."
Em junho, os fundos DI e de renda fixa, que acompanham de perto a oscilação da taxa básica de juros, tiveram, juntos, captação líquida (diferença entre aplicações e resgates) negativa de R$ 4,3 bilhões. Já neste mês, até o dia 14, registram captação positiva de R$ 2,6 bilhões, segundo a Anbid (associação dos bancos de investimento).
O movimento demonstra que a saída de recursos de junho ainda pode ser revertida.
Como a Selic está perto de seu piso, segundo a previsão do mercado, a perda de rentabilidade dos fundos pode não se aprofundar muito daqui para o fim do ano. A Selic, que serve de parâmetro para os juros praticados no mercado, está em 9,25% e deve ser cortada para 8,75% nesta quarta-feira, segundo a previsão predominante no mercado financeiro. E esse poderia vir a ser o último corte na taxa neste ano.
"A migração para a poupança é uma preocupação. Mas essa possibilidade não se confirmou até o momento", diz Aquiles Mosca, estrategista de investimentos do Santander Asset Management.

Queda gradual
Estudo da Anbid mostra que as taxas de administração têm caído gradativamente nos últimos anos. Mas, neste ano, quando o tema se tornou mais quente, isso praticamente não ocorreu. A média das taxas dos fundos DI no varejo saiu de 1,52% no ano passado para 1,49% em maio deste ano. Em 2005, a taxa estava em 1,74%.
Mas é importante lembrar que a Selic encerrou 2005 a 18% anuais. Ou seja, o peso da taxa de administração no resultado final do fundo era proporcionalmente muito menor.
A taxa de administração está presente em todos os fundos, como forma de pagar o trabalho dos gestores. Como não há possibilidade de fundo com taxa de administração zero, como ocorre com a poupança, é fundamental neste momento, em que os juros estão em baixa, que o investidor pesquise as melhores alternativas oferecidas pelos bancos.
Uma mudança que os profissionais preveem para o futuro do mercado brasileiro é o aumento da diversificação das aplicações. O que se espera é que ocorra o mesmo que nos mercados desenvolvidos, onde os aplicadores alocam parcelas maiores de suas economias na renda variável. "Juros mais baixos levam à necessidade de maior diversificação dos investimentos. É assim no mundo todo", afirma Mosca.
"Diversificar os investimentos é o conselho mais saudável. Mas, para entrar em renda variável, na Bolsa, a pessoa tem de ter mais informações, buscar se informar com os especialistas", diz Nascimento. (FABRICIO VIEIRA)


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