São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 2002

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PETROQUÍMICA

Empresa é fusão da Copene com negócios dos grupos Odebrecht e Mariani

Braskem é 5ª maior indústria do país

EDUARDO CUCOLO
DA FOLHA ONLINE

A petroquímica Braskem, empresa que surge da reestruturação do setor no país, será a maior da América Latina e a quinta indústria privada do país. A empresa é o resultado da fusão da Copene com os negócios petroquímicos dos grupos Odebrecht e Mariani (OPP, Trikem e Nitrocarbono).
Entre os primeiros planos da gigante, que teve sua criação aprovada pelos acionistas na última sexta-feira, estão a redução de uma dívida classificada por analistas como "preocupante" e o lançamento de ADRs (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York).
O lançamento dos ADRs da Braskem nos EUA está marcado para o dia 19 de setembro. Os papéis vão substituir os ADRs da Copene. No Brasil, a mudança será realizada no próximo dia 2.
Segundo o presidente da empresa, José Carlos Grubisich, a Braskem também pretende atingir em breve os níveis diferenciados de governança corporativa da Bovespa, o que vai garantir ao acionista minoritário maior transparência e garantias sobre o seu investimento.
Segundo Grubisich, a companhia deve chegar ao nível 1 da Bovespa (garantia de transparência nos seus resultados e ações) "em breve" e ao nível 2 (aumento do direito dos acionistas minoritários) dentro de dois anos.
Uma das exigências já está garantida, pois a companhia nasce com 25% das suas ações nas mãos do mercado, disponíveis para serem negociadas na Bolsa.
Grubisich citou também a aprovação do "tag along" na assembléia que criou a companhia, o que garante aos acionistas minoritários o direito de vender suas ações nas mesmas condições que os controladores, na hipótese de mudança no controle acionário da Braskem.
Segundo ele, ainda não há prazo para um acordo entre os controladores e os acionistas minoritários da Trikem, Polialden e Nitrocarbono, que também serão incorporadas à Braskem em uma segunda etapa da fusão da companhia.
No caso da Polialden, a briga com os minoritários na Justiça pelo pagamento de dividendos deve se estender por mais tempo. A disputa com os pequenos acionistas é um dos fatores responsável pelo atraso na fusão que originou a Braskem.

Dívida
Segundo Grubisich, a Braskem pretende reduzir "significativamente" o seu endividamento dentro dos próximos três anos.
Ele disse discordar de análises que apontam o endividamento da empresa, hoje em R$ 5,7 bilhões, como preocupante.
Grubisich apontou vários fatores que contribuirão para reduzir o endividamento da companhia, como a economia de R$ 330 milhões por ano que será feita com a fusão dos negócios, além de um caixa anual de R$ 1,5 bilhão.
Outro ponto, segundo Grubisich, é o aumento de preços no mercado petroquímico, que está fazendo as empresas do setor recuperarem suas margens, um processo que deve durar até 2006.

Dólar
A dívida da Braskem não foi significativamente afetada pela variação cambial neste ano, segundo Grubisich.
"O efeito do câmbio teve um impacto neutro sobre a dívida, pois os vencimentos de até 12 meses estão protegidos", disse Grubisich. "Contratamos "hedge" com um câmbio competitivo, entre R$ 2,30 e R$ 2,35."
Da dívida total da empresa, 28% são vencimentos de até 12 meses, e estão protegidos da variação cambial.
Os grupos Odebrecht e Mariani terão participação de 48% no capital total da Braskem, enquanto a Norquisa terá 12%, Petroquisa com 11%, Previ com 3%, Petros fica com 1%, e os demais 25% estão em circulação no mercado.


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