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Governo vai a bancos pedir reabertura do crédito
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
FLÁVIA SANCHES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro deverá
anunciar nos próximos dias as
datas dos encontros que terá com
representantes de bancos europeus e norte-americanos a fim de
tentar convencê-los a manter linhas comerciais (para financiamento de comércio exterior) para
o país. As restrições ao crédito
têm contribuído de maneira importante para a alta do dólar.
O presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou ontem que
enviará o ministro Pedro Malan
(Fazenda) e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, aos
centros financeiros no exterior
para convencer os bancos internacionais a reabrir o crédito.
O anúncio foi feito logo após as
conversas do presidente com os
quatro candidatos à Presidência
da República no Palácio do Planalto. A decisão do presidente de
enviar os dois ministros aos mercados americanos e europeus foi
tomada na manhã de ontem.
A edição de ontem do "Washington Post" informou que a primeira reunião se realizaria hoje
na sede do Fed (o banco central
dos EUA) em Nova York. No entanto, a informação foi desmentida à Folha pelo Fed e por fontes
do Ministério da Fazenda.
"Já cedemos antes espaço para o
governo brasileiro promover reuniões dessa natureza em Nova
York, inclusive em 2002", disse à
Folha Peter Bakstansky, vice-presidente sênior do Fed de Nova
York (seção regional do banco
central norte-americano). "Mas
não há nada marcado para amanhã (hoje)".
Em duas semanas
A Folha apurou que a viagem
deve ocorrer no máximo em duas
semanas, ou seja, até a primeira
semana de setembro. O governo
acredita que não teria muito sentido esperar mais. Armínio e Malan passaram parte do início da
noite de ontem acertando detalhes da viagem no Ministério da
Fazenda.
Na última sexta-feira, o BC
(Banco Central) anunciou que o
ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, percorrerão
os principais centros financeiros
internacionais para convencer os
dirigentes de bancos estrangeiros
a reabrir ou a manter suas linhas
de crédito ao comércio exterior. O
primeiro desses encontros deverá
ser realizado na Europa -BCs
europeus têm recomendado aos
bancos que evitem o aumento de
sua exposição ao Brasil.
Dados não atualizados do BIS
(Banco para Compensações Internacionais) mostram que a exposição de bancos americanos ao
Brasil era de US$ 25 bilhões em
março passado. O banco com
maior exposição ao Brasil naquela data era o Citibank, com US$
11,4 bilhões. O segundo banco
com maior exposição ao Brasil
era o FleetBoston, com US$ 10,4
bilhões, seguido do J.P. Morgan
Chase (US$ 2,7 bilhões) e do Bank
of America (US$ 2 bilhões).
Malan e Fraga
A estratégia seria parecida com
a que foi implementada em 1999,
quando ambos integraram uma
missão da área econômica que fez
visitas a vários países para explicar a situação do país a banqueiros europeus e norte-americanos.
Na próxima semana, Armínio
deve aproveitar viagem à Basiléia,
na Suíça, para conversar com presidentes de bancos centrais a respeito do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), das
negociações para a transição de
governo e para explicar a situação
da economia brasileira.
Malan irá aos Estados Unidos
na segunda quinzena de setembro
para a reunião anual do FMI e do
Bird (Banco Mundial). Também
vai aproveitar as reuniões para explicar a investidores estrangeiros
a situação da economia brasileira.
Várias conversas entre membros do governo e os bancos têm
acontecido. O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Marcos Caramuru, e o chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, Joaquim Levy, vêm conversando com os bancos desde
antes do anúncio do acordo com o FMI.
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