São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2004

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INTERNET

Valor de mercado supera US$ 25 bi; fundadores ficaram com mais de US$ 6 bi em ações e ainda venderam US$ 41 mi cada

Ações do Google estréiam com alta de 18%

Kathy Willens/Associated Press
Painel da bolsa eletrônica Nasdaq, na Times Square, em Nova York, anuncia a aentrda do Google no mercado


DA REDAÇÃO

A mais esperada estréia de uma empresa no mercado de ações dos EUA nos últimos anos foi um sucesso ontem, após uma série de eventos que colocaram em xeque o alcance da operação. Os papéis do Google, portal líder em serviço de busca na internet, fecharam seu primeiro dia na Nasdaq com alta de 18% e ficaram entre os dez mais negociados do pregão.
O dia começou com o anúncio do resultado da IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês), a segunda maior da história para uma empresa de internet. O Google vendeu 19,6 milhões de ações ao preço de US$ 85 cada, arrecadando US$ 1,67 bilhão.
O valor de mercado da empresa ao fim do primeiro dia superou US$ 25 bilhões, acima, portanto, de gigantes do setor como a Amazon.com (US$ 16 bilhões) e a Lucent (US$ 13,5 bilhões).
Os fundadores do Google, Larry Page, 31, e Sergey Brin, 30, que criaram a empresa como um projeto de faculdade, em 1998, ganharam ontem US$ 41,1 milhões e US$ 40,9 milhões, respectivamente, vendendo papéis. Eles ainda retiveram ações que totalizam mais de US$ 6 bilhões.
Ao fim do dia, cerca de 22 milhões de ações do Google haviam trocado de mãos na Bolsa das empresas de alta tecnologia, em Nova York -a cotação no fechamento ficou em US$ 100,34, o que não impediu, porém, que a Nasdaq perdesse 0,63%.
A IPO do Google, no entanto, foi marcada também por notícias negativas e polêmicas.
A cotação inicial de US$ 85 ficou distante da primeira estimativa da empresa, anunciada no fim de julho -o Google esperava que esse preço por ação ficasse entre US$ 108 e US$ 135, o que lhe geraria US$ 3,3 bilhões e um valor de mercado de US$ 36,6 bilhões.
A empresa só revisou a previsão na quarta-feira, dia anterior à oferta, quando anunciou que as ações ficariam entre US$ 85 e US$ 95 -ou seja, o preço inicial ficou justamente no novo piso.
Por conta do preço menor, parte dos acionistas desistiu de vender suas ações, e o número de papéis ofertados na IPO caiu de 25,7 milhões para 19,6 milhões.
Page e Brin ainda tiveram que enviar na semana passada explicações ao órgão que regula o mercado de capitais por causa de uma entrevista à revista "Playboy" -o episódio levantou dúvidas sobre se eles violaram as regras que determinam um "período de silêncio" de empresas que estão para lançar ações em Bolsa.

Nova economia
O lançamento do Google foi cercado de expectativas porque foi o principal desde o estouro da "bolha" das ações de tecnologia, no início de 2000. Segundo analistas, seu desempenho na Bolsa pode sinalizar ainda melhores perspectivas à chamada nova economia.
A oferta ocorreu também em um momento de transição -positiva- na publicidade online.
No primeiro trimestre de 2004, as vendas de publicidade online atingiram US$ 2,3 bilhões, o maior resultado trimestral desde que o setor começou a ser acompanhado, em 1996, e uma alta de 40% ante o faturamento no mesmo período de 2003. A recuperação se deveu em parte ao vigor do mercado de marketing vinculado aos serviços de busca.
As buscas pagas responderam por 35% dos US$ 7,3 bilhões em vendas de publicidade online no ano passado, ante 15% dos US$ 6 bilhões registrados em 2002. O mercado de buscas pagas cresceu 183% em 2002 e 94% em 2003.
Os investimentos em publicidade relacionada a buscas ainda devem crescer 45% neste ano com relação a 2003, para um total estimado em US$ 2,8 bilhões, de acordo com a Forrester Research.
O Google é um microcosmo da tendência. A empresa anunciou crescimento da ordem de dois dígitos em todos os trimestres desde 2002 para suas vendas de publicidade relacionada a buscas, mas, no segundo trimestre deste ano, suas vendas cresceram 7%.
"A questão mais interessante é determinar o que o Google fará a seguir. Eles têm de continuar a promover crescimento radical de seus negócios se quiserem sustentar a avaliação de mercado de que desfrutam agora", disse Sharon Wienbar, da BA Venture Partners, do Bank of America.
O Google já está se aventurando em novos segmentos. Está testando software para buscas na web para computadores pessoais e planeja introduzir serviços de webmail em larga escala.

Com o "New York Times" e agências internacionais


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