São Paulo, sábado, 20 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BALANÇO

Grandes grupos aplicaram mais recursos no 1º semestre; percentual agora é menor, mas verba é superior à de 2004

Empresas têm parcela menor para investir

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Análise feita pela Folha nos balancetes financeiros das maiores empresas abertas do Brasil mostra que este semestre receberá uma parte menor do bolo de investimentos já previsto por elas.
Se em 2004, por exemplo, um grupo do porte da Usiminas liberou, de janeiro a junho, 39% do volume previsto em investimentos, neste ano já foram 46,3%. Portanto, sobra menos. O tamanho da verba, porém, cresceu.
De julho a dezembro deste ano, as 15 maiores companhias do país (com ações em Bolsa) têm R$ 12,9 bilhões para serem aplicados na expansão ou na construção de unidades, na aquisição de outros negócios e na compra de equipamentos, entre outros.
Em igual período de 2004, o valor atingiu R$ 9,4 bilhões. Nesse caso, não foram incluídos os números de empresas (AmBev e Gerdau) que só publicam dados de investimentos mundiais.
Para chegar a esses números, a Folha levantou a previsão de investimento anual com cada companhia e verificou no balanço do primeiro semestre o valor aplicado no período. Depois, subtraiu esse montante da cifra total de investimento para, então, chegar à estimativa para este semestre. A mesma conta foi feita para levantar os dados de 2004.
Por ordem de receita operacional registrada até junho de 2005, foram avaliados os números das seguintes empresas: Companhia Vale do Rio Doce, Gerdau, Telemar Norte Leste, AmBev, Usiminas, Telesp Operacional, Braskem, Pão de Açúcar, Companhia Siderúrgica Nacional, Brasil Telecom, AES Elpa, Cemig, Belgo Mineira, Embraer e Ipiranga Distribuidora.
Pelas contas, oito empresas analisadas têm parcela menor (do investimento total anual) a ser liberado neste ano em relação a 2004.
Na Braskem, a empresa teve gastos de R$ 33 milhões com paradas temporárias para a manutenção de maquinários. De janeiro a junho, saíram dos cofres do grupo 37,3% do valor previsto em investimento no ano (R$ 650 milhões). Em 2004, foram 22,4% do total aplicado (R$ 374 milhões) em igual período de tempo.
Na Telemar Norte Leste, na primeira metade do ano os desembolsos somaram 38,5% do total, contra 26,7% em 2004. Porém, foram R$ 964 milhões em seis meses neste ano, contra um bolo menor (R$ 535 milhões) em 2004.
Por parte das empresas, não é feita ligação entre esse cenário e os riscos para a economia decorrentes da crise política no país.
Os projetos de investimentos realizados neste ano foram desenhados antes do estouro do "mensalão" e refletem um plano de expansão, ou de melhorias internas, que tem como base o comportamento da economia a médio e longo prazos, diz Claudio Vaz, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). "Ainda não dá para saber de que forma esse cenário político afetará a economia."
O que se debate agora é como ficarão os projetos de investimentos traçados para 2006. É o futuro deles que tem sido questionado pelas entidades industriais.
"O que fica em banho-maria é o planejamento de estratégias que precisam ser debatidas neste momento, mas que têm efeito prático lá na frente", afirma Roberto Chadad, presidente da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário).
Como as empresas colocaram a mão no bolso na primeira metade do ano, e liberaram gordos volumes, o fôlego tende a diminuir no resto do ano por algumas razões.

Efeito 2004
Ainda há o efeito 2004: com a melhora no humor da economia no ano passado, as empresas deram sinal verde para liberar ou elevar investimentos, que continuaram em 2005.
Além disso, elas abriram a carteira na expectativa de, pelo menos, ocorrer a manutenção das exportações, que justificam novos investimentos.
Há companhias, na lista analisada pela Folha, com porcentagem maior de recursos a liberar neste semestre do que em 2004. São elas: Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional, Brasil Telecom, Cemig, Belgo Mineira e Embraer.


Texto Anterior: México: Taxa de desemprego cai para 3,5% em julho
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.