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BALANÇO
Grandes grupos aplicaram mais recursos no 1º semestre; percentual agora é menor, mas verba é superior à de 2004
Empresas têm parcela menor para investir
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Análise feita pela Folha nos balancetes financeiros das maiores
empresas abertas do Brasil mostra que este semestre receberá
uma parte menor do bolo de investimentos já previsto por elas.
Se em 2004, por exemplo, um
grupo do porte da Usiminas liberou, de janeiro a junho, 39% do
volume previsto em investimentos, neste ano já foram 46,3%.
Portanto, sobra menos. O tamanho da verba, porém, cresceu.
De julho a dezembro deste ano,
as 15 maiores companhias do país
(com ações em Bolsa) têm R$ 12,9
bilhões para serem aplicados na
expansão ou na construção de
unidades, na aquisição de outros
negócios e na compra de equipamentos, entre outros.
Em igual período de 2004, o valor atingiu R$ 9,4 bilhões. Nesse
caso, não foram incluídos os números de empresas (AmBev e
Gerdau) que só publicam dados
de investimentos mundiais.
Para chegar a esses números, a
Folha levantou a previsão de investimento anual com cada companhia e verificou no balanço do
primeiro semestre o valor aplicado no período. Depois, subtraiu
esse montante da cifra total de investimento para, então, chegar à
estimativa para este semestre. A
mesma conta foi feita para levantar os dados de 2004.
Por ordem de receita operacional registrada até junho de 2005,
foram avaliados os números das
seguintes empresas: Companhia
Vale do Rio Doce, Gerdau, Telemar Norte Leste, AmBev, Usiminas, Telesp Operacional, Braskem, Pão de Açúcar, Companhia
Siderúrgica Nacional, Brasil Telecom, AES Elpa, Cemig, Belgo Mineira, Embraer e Ipiranga Distribuidora.
Pelas contas, oito empresas analisadas têm parcela menor (do investimento total anual) a ser liberado neste ano em relação a 2004.
Na Braskem, a empresa teve
gastos de R$ 33 milhões com paradas temporárias para a manutenção de maquinários. De janeiro a junho, saíram dos cofres do
grupo 37,3% do valor previsto em
investimento no ano (R$ 650 milhões). Em 2004, foram 22,4% do
total aplicado (R$ 374 milhões)
em igual período de tempo.
Na Telemar Norte Leste, na primeira metade do ano os desembolsos somaram 38,5% do total,
contra 26,7% em 2004. Porém, foram R$ 964 milhões em seis meses
neste ano, contra um bolo menor
(R$ 535 milhões) em 2004.
Por parte das empresas, não é
feita ligação entre esse cenário e os
riscos para a economia decorrentes da crise política no país.
Os projetos de investimentos
realizados neste ano foram desenhados antes do estouro do
"mensalão" e refletem um plano
de expansão, ou de melhorias internas, que tem como base o comportamento da economia a médio
e longo prazos, diz Claudio Vaz,
presidente do Ciesp (Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo). "Ainda não dá para saber de
que forma esse cenário político
afetará a economia."
O que se debate agora é como ficarão os projetos de investimentos traçados para 2006. É o futuro
deles que tem sido questionado
pelas entidades industriais.
"O que fica em banho-maria é o
planejamento de estratégias que
precisam ser debatidas neste momento, mas que têm efeito prático
lá na frente", afirma Roberto Chadad, presidente da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário).
Como as empresas colocaram a
mão no bolso na primeira metade
do ano, e liberaram gordos volumes, o fôlego tende a diminuir no
resto do ano por algumas razões.
Efeito 2004
Ainda há o efeito 2004: com a
melhora no humor da economia
no ano passado, as empresas deram sinal verde para liberar ou
elevar investimentos, que continuaram em 2005.
Além disso, elas abriram a carteira na expectativa de, pelo menos, ocorrer a manutenção das
exportações, que justificam novos
investimentos.
Há companhias, na lista analisada pela Folha, com porcentagem
maior de recursos a liberar neste
semestre do que em 2004. São
elas: Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional, Brasil
Telecom, Cemig, Belgo Mineira e
Embraer.
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