São Paulo, sábado, 20 de agosto de 2005

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BARRIL DE PÓLVORA

Suspensão das exportações no Equador e incêndio na Venezuela interrompem a calmaria nos preços

Tensão na América Latina eleva petróleo

DA REDAÇÃO

Os preços do petróleo voltaram a subir ontem, depois de dois dias em queda. Dessa vez, o que fez os investidores apostarem na alta dos preços foram a suspensão das exportações estatais de petróleo bruto do Equador, anunciada pelo governo do país anteontem, e o incêndio em uma refinaria da Venezuela, ocorrido na noite de quarta-feira. A situação geopolítica instável do Oriente Médio também contribuiu para a preocupação do mercado.
O barril de petróleo negociado na Bolsa de Nova York subiu ontem US$ 2,08 e fechou cotado a US$ 65,35, alta de 3,29%. Em Londres, o barril do tipo Brent sofreu elevação de US$ 1,96 e fechou cotado a US$ 64,36, alta de 3,14%.
O preço do petróleo ultrapassou a barreira de US$ 67 no último dia 12 em Nova York, mas recuou para os US$ 63,25 depois que o Departamento de Energia dos EUA informou que os estoques de petróleo do país estão 10% acima do nível de um ano atrás.
No Equador, os violentos protestos contra petrolíferas estrangeiras, iniciados na segunda-feira, afetaram a produção do óleo e causaram, ontem, a renúncia do ministro da Defesa, Solón Espinoza. Os protestos fizeram com que a produção da estatal Petroecuador caísse de 201 mil barris diários para 20 mil barris por dia.
Uma das exigências dos grevistas é que o governo renegocie os contratos com as empresas de petróleo estrangeiras que atuam no país. Para tentar retomar a segurança da produção, o governo declarou estado de emergência na noite de quarta e, na noite seguinte, enviou as Forças Armadas para proteger as petrolíferas das Províncias de Orellana e Sucumbios, responsáveis por três quartos da produção estatal de óleo e por metade da produção privada.
O petróleo é o principal produto de exportação do Equador. Metade de todo o produto exportado pelo país segue para os EUA.
Segundo analistas, a interrupção equatoriana causou grande nervosismo. "O mercado teme escassez na oferta, e até a pequena quantidade de 200 mil barris diários causa inquietação nos investidores", disse Dariusz Kowalczyk, analista da CFC Seymour Securities, em Hong Kong.
Na Venezuela, ocorreu um incêndio na refinaria Amuay na noite de quarta-feira, o que reduziu sua produção diária de 410 mil barris para 150 mil barris. A refinaria faz parte do complexo Paraguaná, o maior do mundo. O governo venezuelano disse que a produção voltaria ao normal ainda ontem. A Venezuela é o quinto maior exportador mundial de petróleo e detém as maiores reservas de óleo fora do Oriente Médio.

Foguetes
Incidente de ontem no Oriente Médio envolvendo navios militares americanos também aumentou a tensão entre os investidores. Autoridades jordanianas e israelenses afirmaram que supostos militantes atiraram três foguetes Katyusha de um depósito no porto de Ácaba -no mar Vermelho, próximo ao porto de Eilat, em Israel- em direção a dois navios militares dos EUA, atracados no local. Os projéteis não atingiram o alvo e caíram em um depósito militar. Um soldado jordaniano morreu e outro ficou ferido.
A tensão causada pelo Oriente Médio já afetava os investidores devido à retomada do programa nuclear iraniano. Na semana passada, o Irã, o segundo maior produtor de petróleo da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), retomou os trabalhos em sua usina de enriquecimento de urânio de Isfahan. Ao tomar essa decisão, o Irã arrisca-se a ser alvo de sanções da ONU (Organização das Nações Unidas) e a sofrer intervenção militar contra suas instalações nucleares, disse o presidente dos EUA, George W. Bush, em 13 de agosto passado. E o Irã pode responder a essas medidas reduzindo suas vendas de petróleo ao exterior, disse David Thurtell, diretor do setor de pesquisa de commodities do Commonwealth Bank of Australia, em relatório de anteontem.


Com agências internacionais

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