|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BARRIL DE PÓLVORA
Suspensão das exportações no Equador e incêndio na Venezuela interrompem a calmaria nos preços
Tensão na América Latina eleva petróleo
DA REDAÇÃO
Os preços do petróleo voltaram
a subir ontem, depois de dois dias
em queda. Dessa vez, o que fez os
investidores apostarem na alta
dos preços foram a suspensão das
exportações estatais de petróleo
bruto do Equador, anunciada pelo governo do país anteontem, e o
incêndio em uma refinaria da Venezuela, ocorrido na noite de
quarta-feira. A situação geopolítica instável do Oriente Médio também contribuiu para a preocupação do mercado.
O barril de petróleo negociado
na Bolsa de Nova York subiu ontem US$ 2,08 e fechou cotado a
US$ 65,35, alta de 3,29%. Em Londres, o barril do tipo Brent sofreu
elevação de US$ 1,96 e fechou cotado a US$ 64,36, alta de 3,14%.
O preço do petróleo ultrapassou
a barreira de US$ 67 no último dia
12 em Nova York, mas recuou para os US$ 63,25 depois que o Departamento de Energia dos EUA
informou que os estoques de petróleo do país estão 10% acima do
nível de um ano atrás.
No Equador, os violentos protestos contra petrolíferas estrangeiras, iniciados na segunda-feira,
afetaram a produção do óleo e
causaram, ontem, a renúncia do
ministro da Defesa, Solón Espinoza. Os protestos fizeram com que
a produção da estatal Petroecuador caísse de 201 mil barris diários
para 20 mil barris por dia.
Uma das exigências dos grevistas é que o governo renegocie os
contratos com as empresas de petróleo estrangeiras que atuam no
país. Para tentar retomar a segurança da produção, o governo declarou estado de emergência na
noite de quarta e, na noite seguinte, enviou as Forças Armadas para proteger as petrolíferas das
Províncias de Orellana e Sucumbios, responsáveis por três quartos da produção estatal de óleo e
por metade da produção privada.
O petróleo é o principal produto
de exportação do Equador. Metade de todo o produto exportado
pelo país segue para os EUA.
Segundo analistas, a interrupção equatoriana causou grande
nervosismo. "O mercado teme escassez na oferta, e até a pequena
quantidade de 200 mil barris diários causa inquietação nos investidores", disse Dariusz Kowalczyk, analista da CFC Seymour Securities, em Hong Kong.
Na Venezuela, ocorreu um incêndio na refinaria Amuay na
noite de quarta-feira, o que reduziu sua produção diária de 410 mil
barris para 150 mil barris. A refinaria faz parte do complexo Paraguaná, o maior do mundo. O governo venezuelano disse que a
produção voltaria ao normal ainda ontem. A Venezuela é o quinto
maior exportador mundial de petróleo e detém as maiores reservas
de óleo fora do Oriente Médio.
Foguetes
Incidente de ontem no Oriente
Médio envolvendo navios militares americanos também aumentou a tensão entre os investidores.
Autoridades jordanianas e israelenses afirmaram que supostos
militantes atiraram três foguetes
Katyusha de um depósito no porto de Ácaba -no mar Vermelho,
próximo ao porto de Eilat, em Israel- em direção a dois navios
militares dos EUA, atracados no
local. Os projéteis não atingiram o
alvo e caíram em um depósito militar. Um soldado jordaniano
morreu e outro ficou ferido.
A tensão causada pelo Oriente
Médio já afetava os investidores
devido à retomada do programa
nuclear iraniano. Na semana passada, o Irã, o segundo maior produtor de petróleo da Opep (Organização dos Países Exportadores
de Petróleo), retomou os trabalhos em sua usina de enriquecimento de urânio de Isfahan. Ao
tomar essa decisão, o Irã arrisca-se a ser alvo de sanções da ONU
(Organização das Nações Unidas)
e a sofrer intervenção militar contra suas instalações nucleares, disse o presidente dos EUA, George
W. Bush, em 13 de agosto passado. E o Irã pode responder a essas
medidas reduzindo suas vendas
de petróleo ao exterior, disse David Thurtell, diretor do setor de
pesquisa de commodities do
Commonwealth Bank of Australia, em relatório de anteontem.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Frase Índice
|