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OPERAÇÃO PADRÃO
As fábricas Fiat, Ford e General Motors são atingidas pela falta de componentes importados
Sem peças, montadoras cortam produção
ARTHUR PEREIRA FILHO
da Reportagem Local
Os fabricantes de veículos estão
sendo obrigados a suspender a
montagem de alguns modelos e a
cancelar encomendas feitas à indústria nacional de autopeças.
Dessa vez, a redução do ritmo de
produção é provocada pela falta
de componentes importados, que
estão retidos nos portos e aeroportos em consequência da operação
padrão dos fiscais da Receita Federal e da greve no porto de Santos,
que terminou ontem.
"A situação é grave", diz Elias
Mufarej, diretor de Comércio Exterior do Sindipeças, entidade que
representa a indústria de autopeças. "As montadoras começaram
a suspender os pedidos deste mês.
O faturamento do setor de autopeças deve cair entre 10% e 15%". A
exportação de autopeças está sendo prejudicada, diz Mufarej.
A Anfavea (associação das montadoras) deve analisar a situação
hoje, durante reunião de diretoria.
Por enquanto, as fábricas mais
atingidas pela falta de peças importadas são a Ford, a Fiat, a General Motors e a Mercedes-Benz.
A Ford decidiu paralisar durante
três dias a produção de caminhões
e picapes na fábrica do Ipiranga,
em São Paulo. Desde terça-feira, a
empresa adotou uma "parada
emergencial" e deixou de montar
200 veículos por dia.
A medida foi tomada porque os
fornecedores não estão entregando motores. A MWM, por exemplo, que fabrica no Brasil motores
para picapes da Ford, deixou de
fornecer porque não recebe, há
mais de dez dias, as juntas do motor que vêm da Alemanha.
Cerca de 30% das empresas de
autopeças instaladas no Brasil dependem de componentes importados para fabricar as peças que
fornecem às montadoras. "O setor trabalha com estoques para no
máximo 15 dias", diz Mufarej.
Na Fiat, o Marea, recém-lançado
pela marca, é o mais atingido pela
crise. Cerca de 60% das peças usadas na montagem do carro são importadas. Boa parte da produção
está indo para o pátio incompleta,
à espera de alguns componentes.
A direção da Fiat se reúne amanhã para avaliar a situação. Não
está descartada a paralisação temporária da produção do Marea.
O fabricação do Palio também
pode ser reduzida ou até suspensa.
A decisão será tomada após um levantamento do estoque de peças
para o modelo existente junto aos
fornecedores da marca.
A General Motors informou ontem que a falta de componentes
importados já afeta a produção
nas linhas de montagem de São
Caetano e São José dos Campos. A
empresa não fornece detalhes.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, um dos
carros mais afetados é o Vectra. Os
funcionários da unidade de São
Caetano entram em férias coletivas a partir de segunda-feira.
Em São José, a empresa está reduzindo o ritmo de produção e
montando veículos incompletos
devido à falta de peças importadas. A unidade produz o Corsa, a
picape S-10, a Blazer e caminhões.
O Sindicato dos Metalúrgicos de
São José informou que, desde o
início da semana, foram produzidos 832 carros Corsa incompletos.
A Mercedes-Benz decidiu parar
a produção de motores de caminhões por causa da falta de componentes importados, diz Mufarej. "Essa decisão atinge toda a cadeia de fornecedores da montadora", explica.
A Mercedes desmente. "A empresa fez um balanço do seu estoque e decidiu manter o ritmo de
produção", diz André Senador,
gerente de comunicação.
A Volkswagen, a menos afetada
pela falta de peças importadas,
promete divulgar hoje um balanço
da situação em suas unidades.
Colaborou a
Folha Vale
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