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LUÍS NASSIF
Governo eletrônico e reforma do Estado
Governo eletrônico tem de
ser uma ferramenta de
mudança da gestão pública e
tem de se voltar para o usuário
final: o cidadão. Essas são as
conclusões básicas do seminário
"Balanço de Dois Anos de Governo Eletrônico", que ocorreu
nesta semana em Brasília.
Depois do fracasso dos portais
na internet, há um consenso no
setor de que a tecnologia, por si,
não cria a demanda, se não vier
acompanhada de mudança de
paradigmas.
A grande vantagem do governo eletrônico será permitir acelerar essas mudanças. Secretário de Logística e Tecnologia da
Informação do Ministério do
Planejamento, Ciro Fernandes
listou de forma competente oito
idéias-força que devem prosperar em um governo eletrônico:
1) qualidade na prestação de
serviço;
2) transparência e acesso à informação;
3) reestruturação organizacional;
4) mais autonomia às instituições e gerentes;
5) planejamento e controle
baseados em indicadores de desempenho;
6) fortalecimento da capacidade de correlação de políticas
na administração;
7) redução inteligente de custos;
8) qualificação e mudança do
perfil do servidor público.
Incorporando os modernos
conceitos de qualidade total, todo programa tem que ter o foco
no cidadão. É a partir das demandas do cidadão que se deve
organizar a estrutura prestadora de serviços.
Por exemplo, os SACs (Sistemas de Atendimento ao Cidadão) já se disseminaram por vários Estados. Ontem e hoje está
acontecendo um seminário em
São Paulo visando a integração
de todas essas plataformas.
A partir da visão de cidadão-cliente, deverá haver uma unificação dos serviços municipais,
estaduais e federais dentro de
um mesmo ambiente.
O segundo desafio será a necessidade de abertura dos serviços e dados corporativos ao público. Por exemplo, o cidadão
comum tem que ter acesso ao
sistema de compras dos vários
governos, entre outros dados.
Essa transparência exigirá
uma nova postura dos gerentes
de comunicações dos ministérios. Atualmente, eles estão preparados para atuar na mídia.
Terão que aprender a produzir
conteúdo para o público em geral, pensando a comunicação
social como relacionamento,
com toda a gama de clientela
que interage com administração pública.
Em relação à reestruturação
organizacional, mundialmente
se discute qual seria o modelo
adequado, de manter a atual estrutura de ministérios ou redesenhar os processos de trabalho.
Poderiam se aglutinar serviços
por faixas etárias, por exemplo,
juntando em uma mesma unidade todos os serviços para jovens, velhos, mulheres etc. Ou se
poderia manter a estrutura convencional e definir os processos
por meio da própria internet.
Em votação eletrônica após as
palestras, a maioria do público
optou pela mudança dos modelos organizacionais como o caminho mais eficaz para aprimorar os serviços públicos.
Há diversas formas de efetuar
essa reorganização. Além da
reorganização pelo ciclo de vida
do cidadão, poderia ser também
por processos de trabalho. Ou se
pode pensar em estruturas virtuais, trabalhando com sistemas de colaboração, e fisicamente distribuídas pelo país.
A busca de autonomia aos gerentes de administração será
possível quando o governo eletrônico dispuser de indicadores
de acompanhamento, ferramenta de uso facilitado pelas
novas tecnologias, para permitir
definir os limites entre autonomia e falta de controle.
Há pontos relevantes a serem
tratados. O governo eletrônico
permite controlar os custos das
demais áreas. Mas quem controla os custos do governo eletrônico?
De fato, com a profusão de
equipamentos, soluções técnicas, consultorias especializadas,
pelo fato de ser uma área nova,
o processo de valoração dos
equipamentos ainda é muito
precário. E as definições sobre
verbas públicas são pouco transparentes. Há muita verba disponível, muito prefeito ou governador interessado em soluções
de governo eletrônico, mas uma
ausência absoluta de padronização e de valoração de serviços.
Por isso mesmo, há que ter indicadores para que a sociedade
possa acompanhar os governos eletrônicos.
E-mail - LNassif@uol.com.br
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