São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

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TRANSE GLOBAL

Ações européias já estão no menor nível em 5 anos, sob efeito de economia fraca e medo de guerra no golfo

Bolsas dos EUA caem aos níveis de julho

DA REDAÇÃO

Empresas com lucro em queda, mais fraudes e escândalos, companhias rebaixadas pelas agências de classificação de risco de crédito, petróleo caro, economia global patinando, novos atentados no Oriente Médio. Para completar, a ameaça latente de uma guerra no explosivo golfo Pérsico.
Resultado? Mais um dia de perdas expressivas nas principais Bolsas do planeta. As principais ações européias ultrapassaram os recordes negativos de julho e caíram aos menores níveis dos últimos cinco anos.
O índice Dow Jones, arrastado por uma queda de 53% nas ações da gigante de informática EDS, encerrou abaixo dos 8.000 pontos, nível tido como a "barreira do pânico" para os investidores, pela primeira vez desde 23 de julho. O Dow Jones caiu ontem 2,82% e fechou em 7.942 pontos.
As maiores perdas estiveram entre as companhias de informática, mas os bancos também tiveram um dia ruim. As ações do Morgan Stanley caíram 11%, depois de o maior banco de investimentos de Wall Street ter informado resultados abaixo das expectativas.
Agora é a temporada de publicação dos balanços do trimestre passado. A maioria absoluta das companhias tem informado resultados fracos e prevê vendas ainda menores à frente. O índice Standard & Poor's das 500 principais ações dos EUA tombou 3,01%. A Nasdaq fechou em queda de 2,85%.
A EDS (Electronic Data Systems) viu seus papéis desabarem depois de ser rebaixada pela Standard & Poor's e pela Fitch (leia abaixo). De cada 32 empresas, 25 caíram ontem na Bolsa de Nova York.
A divulgação de indicadores econômicos negativos contribui para a deterioração do humor dos investidores. A construção de residências caiu pelo terceiro mês consecutivo, enquanto houve um crescimento no número de pedidos de seguro-desemprego.
"A verdade é que a economia não está se recuperando, a despeito das baixas taxas de juros", disse David Briggs, diretor da Federal Investors. "Não estamos criando empregos, e as empresas não conseguem ampliar seus lucros."
Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, a construção de casas caiu 2,2% no mês passado. Já o Departamento do Trabalho norte-americano informou que o número de pedidos de seguro-desemprego saltou para 424 mil na semana. Analistas do mercado financeiro apostavam numa queda. Para os economistas, quando o indicador fica acima de 400 mil indica mercado de trabalho recessivo.
"Os números confirmam que uma suave recessão deu lugar a uma recuperação igualmente modesta", disse Edgar Peters, economista da consultoria Pan Agora Asset Management.

Efeito dominó
Sob influência dos EUA, o índice FTSE Eurotop das 300 maiores empresas européias recuou para seu pior patamar desde maio de 1997, às vésperas da eclosão da crise cambial no Sudeste Asiático, ao cair 1,94% ontem. O DJ Euro Stoxx, índice das 50 ações mais negociadas no continente, cedeu 2,3% e fechou no nível mais baixo desde novembro de 97.
A Bolsa de Frankfurt, puxada pelos bancos, foi ao seu menor fechamento em cinco anos, com desvalorização de 3,76%. Paris tombou ao nível mais baixo em quatro anos e meio, ao cair 2,46%. Londres recuou 1,34%.
"A emoção continua a guiar os investidores", afirmou Thomas Lydon, presidente da Global Trends Investments. "Wall Street clama boas notícias, mas elas simplesmente não existem."

Petróleo
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) confirmou ontem que não aumentará sua oferta. Como os analistas há esperavam tal decisão, as cotações ficaram estáveis.


Com agências internacionais


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