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Preço da gasolina é maior que no exterior
Ela custa 12% a mais no Brasil, já que Petrobras não segue mercado internacional, onde petróleo já recuou 20% desde pico de julho
Valores praticados pela estatal não são reajustados desde outubro; desde fevereiro preço não superava o internacional
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O preço da gasolina no mercado brasileiro, descontando os
impostos, ficou neste mês mais
alto do que no mercado internacional. Desde março, os preços praticados no Brasil estavam menores do que os internacionais. Com a queda das cotações do petróleo e, por conseqüência, do preço da gasolina
no mercado externo, o combustível está hoje, em média, 12%
mais caro no Brasil.
"O preço da gasolina, lá fora,
está refletindo a baixa do preço
do petróleo nos últimos 30
dias", diz Fabio Silveira, da RC
Consultores, que fez levantamento sobre o diferencial de
preço entre a gasolina nos mercados brasileiro e externo.
O último reajuste da gasolina
no Brasil ocorreu em outubro
passado, quando a cotação do
barril do petróleo rondava os
US$ 66 e o dólar estava em R$
2,23 (o barril hoje está perto de
US$ 61, e o dólar, R$ 2,16).
Desde então, a Petrobras não
reajustou os preços e, de março
a agosto deste ano, os valores
cobrados pelas refinarias no
Brasil ficaram defasados em relação ao preço internacional.
Em julho, quando a cotação do
petróleo atingiu níveis recordes, a diferença entre o preço
externo e interno da gasolina
chegou a 22%, ou seja, o preço
no Brasil era 22% menor do
que no mercado internacional.
Em meados de julho, o barril do
petróleo chegou a ser cotado a
mais de US$ 75.
Com a queda na cotação do
produto, que, até ontem, já havia recuado 20% desde o pico
atingido em 14 de julho, a diferença foi diminuindo e, agora,
fez com que os preços internos
da gasolina e do diesel superassem os externos. Em agosto, a
queda do petróleo foi de 5,6%.
Neste mês, até ontem, quando a
cotação foi de US$ 61,66, a queda foi de 12% -só ontem, a cotação recuou 3,35%.
A divergência de preços ocorre porque, no Brasil, os preços
dos combustíveis, ou melhor,
de parte dos combustíveis, não
é reajustado de acordo com a
oscilação da cotação de petróleo no mundo. No caso da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, a Petrobras opta por fazer
reajustes apenas no médio e
longo prazos, evitando mudança de preços muito recorrentes.
Manter a gasolina e o diesel
mais baratos nos últimos seis
meses custou à Petrobras, segundo estimativas de Adriano
Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), cerca
de R$ 6,8 bilhões neste ano, até
agosto. Essa seria a receita adicional que a empresa obteria
em relação à que realmente obteve caso tivesse mantido os
preços alinhados com o mercado externo.
É por conta dessa perda que
Pires avalia que a estatal ainda
elevará os preços do combustíveis após as eleições. Ou seja,
ainda que o preço interno continue, nos próximos meses,
mais alto que o internacional,
haveria necessidade do aumento para a estatal cobrir as perdas dos últimos seis meses.
"Salvo algum grande evento,
o preço do petróleo deve ficar
em torno de US$ 60 a US$ 65 o
barril. O que vai acontecer é
que vamos passar a pagar gasolina e diesel mais caros aqui
dentro em relação a lá fora", diz
Pires. O combustível pode até
subir menos do que o que antes
se estimava, mas deve subir, diz
ele, algo em torno dos 5% até o
final do ano.
Já Silveira, da RC, avalia que
pode até estar afastada a hipótese de aumento do combustível agora, algo, diz ele, que estaria em contradição com o discurso da própria Petrobras, que
afirma não pautar sua política
de preços pelas oscilações de
curto prazo da cotação da commodity (leia texto ao lado).
"Dependendo do nível de
acomodação [do preço do petróleo], podemos ficar onde estamos ou até ter queda no preço", diz Silveira.
A LCA Consultores continua
prevendo reajustes de 6% para
a gasolina e de 7,5% para o diesel ainda neste ano. Mas, diz
Raphael Castro, economista da
consultoria, "é factível um cenário sem aumento".
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