São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2008

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Restrições forçam fundos de hedge a liquidar posições

DO "FINANCIAL TIMES"

Os fundos de hedge (fundos especulativos) foram forçados a correr para liquidar posições em aberto ontem depois do ataque coordenado das autoridades regulatórias contra as vendas a descoberto (leia explicação no quadro ao lado), com o objetivo de acalmar o tumulto nos mercados mundiais. A Securities and Exchange Commission (SEC, órgão que fiscaliza e regulamenta o mercado de valores mobiliários nos Estados Unidos) se uniu às agências de fiscalização de mercado de Reino Unido, França, Portugal e Irlanda para impor uma proibição temporária às vendas a descoberto e impedir que investidores se envolvam em transações que permitam que eles lucrem com a queda nos preços das ações das empresas financeiras. Outras autoridades regulatórias européias podem tomar medidas semelhantes. Christopher Cox, presidente da SEC, afirmou que a organização regulatória estava usando "todas as armas em seu arsenal para combater as manipulações de mercado que ameaçam investidores e mercados de capitais". As medidas suscitaram temores quanto a possíveis prejuízos profundos em alguns fundos de hedge, apanhados pela valorização das ações. "Haverá feridas", disse o dirigente de uma conhecida corretora. Mas muitos dos maiores fundos já haviam recuado de suas posições. Diversos administradores declararam que seus prejuízos haviam sido moderados, já que a queda acentuada nas ações dos bancos já os havia levado a realizar lucros com suas posições a descoberto, ou, em alguns casos, havia os levado a comprar ações de bancos como o Morgan Stanley.
Espiral de baixa
Alguns administradores de fundos de hedge que haviam apostado contra diversas instituições financeiras expressaram apoio às medidas. Eles argumentaram que as vendas a descoberto haviam criado uma perigosa espiral de baixa, já que as agências de classificação de crédito haviam mencionado a queda nos preços das ações como razão para rebaixar as classificações de bancos de investimento e outras companhias financeiras. "Se o Goldman [Sachs] afundar, se o financiamento se for, se as corretoras de primeira linha se forem, os fundos de hedge seriam os próximos da lista", afirmou o administrador de um fundo de hedge com uma carteira de mais de US$ 15 bilhões.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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