|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mercados de Londres e Paris têm maior valorização da história
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Depois de uma semana de
fortes turbulências e quedas,
em meio à incerteza gerada pela crise de gigantes do setor nos
Estados Unidos, os mercados
financeiros da Europa fecharam ontem com altas recordes,
estimuladas pelo anúncio do
plano de resgate do governo
norte-americano. Paris e Londres tiveram as maiores altas
da história das Bolsas.
A Bolsa de Londres teve alta
de 8,84% a maior desde que o
índice FTSE 100 foi criado, há
24 anos, e a de Paris subiu
9,27%. Já Frankfurt se valorizou em 5,56%. Ao longo da semana, apenas o mercado alemão havia conseguido fechar
um pregão no azul, e com alta
irrisória, na quinta.
Apesar do recorde na Bolsa, o
ministro das Finanças britânico, Alistair Darling, descartou
uma ação semelhante à tomada
pelos Estados Unidos. "Apoiamos totalmente o que os americanos estão fazendo", disse.
"Mas aqui os problemas são diferentes e estamos ajudando os
bancos de outras formas."
A disparada das Bolsas ocorrida ontem encerra num tom
positivo uma semana marcada
pelos temores em relação à saúde financeira das instituições
européias e ao tamanho exato
de sua exposição à falência do
Lehman Brothers, o quarto
maior banco de investimento
dos Estados Unidos.
A decisão do governo americano de assumir o controle da
gigante de seguros AIG, que seguia os passos do Lehman, e a
bilionária injeção dos BCs ajudaram, mas foi o plano anunciado na noite de quinta pelo
governo americano que tirou as
Bolsas finalmente do vermelho, e com altas acentuadas.
Enquanto aplaudiam o plano
de resgate americano, as autoridades buscavam atender às
exigências de que mais regulamentação é necessária no mercado financeiro. França e Alemanha se juntaram ontem aos
Estados Unidos e ao Reino Unido na proibição da prática do
"short-selling" (venda a descoberto), à qual atribui-se a desvalorização rápida de várias
instituições.
Analistas do mercado receberam bem as iniciativas, mas
poucos esperam que as turbulências tenham chegado ao fim.
Para Howard Wheeldon, estrategista do BGC Partners, em
Londres, as próximas semanas
continuarão sendo assombradas pelos riscos que os bancos
enfrentam e a ameaça da recessão. "Os próximos dias prometem ser tórridos", disse.
Os principais bancos centrais
europeus injetaram ontem
mais US$ 71 bilhões mantendo-se na ofensiva no combate à crise de liquidez que se agravou
nos últimos dias. O Banco Central Europeu (BCE) ofereceu
US$ 40 bilhões em leilão para
empréstimo, o Banco da Inglaterra (o BC britânico), US$ 20,8
bilhões, e o BC suíço acrescentou US$ 10 bilhões.
Injeções adicionais foram
feitas pelos BCs do Japão, Austrália, Índia e Indonésia, num
total de US$ 42 bilhões. Na
quinta-feira, o Federal Reserve
(BC dos EUA) havia disponibilizado US$ 180 bilhões. A semana termina com um volume total de recursos injetados pelos
bancos centrais de cerca de
US$ 600 bilhões, três vezes
mais que o PIB do Chile.
Texto Anterior: Bolsa sobe 9,57%, no melhor dia desde 99 Próximo Texto: Frase Índice
|