São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2008

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Mercados de Londres e Paris têm maior valorização da história

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Depois de uma semana de fortes turbulências e quedas, em meio à incerteza gerada pela crise de gigantes do setor nos Estados Unidos, os mercados financeiros da Europa fecharam ontem com altas recordes, estimuladas pelo anúncio do plano de resgate do governo norte-americano. Paris e Londres tiveram as maiores altas da história das Bolsas.
A Bolsa de Londres teve alta de 8,84% a maior desde que o índice FTSE 100 foi criado, há 24 anos, e a de Paris subiu 9,27%. Já Frankfurt se valorizou em 5,56%. Ao longo da semana, apenas o mercado alemão havia conseguido fechar um pregão no azul, e com alta irrisória, na quinta.
Apesar do recorde na Bolsa, o ministro das Finanças britânico, Alistair Darling, descartou uma ação semelhante à tomada pelos Estados Unidos. "Apoiamos totalmente o que os americanos estão fazendo", disse. "Mas aqui os problemas são diferentes e estamos ajudando os bancos de outras formas."
A disparada das Bolsas ocorrida ontem encerra num tom positivo uma semana marcada pelos temores em relação à saúde financeira das instituições européias e ao tamanho exato de sua exposição à falência do Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimento dos Estados Unidos.
A decisão do governo americano de assumir o controle da gigante de seguros AIG, que seguia os passos do Lehman, e a bilionária injeção dos BCs ajudaram, mas foi o plano anunciado na noite de quinta pelo governo americano que tirou as Bolsas finalmente do vermelho, e com altas acentuadas.
Enquanto aplaudiam o plano de resgate americano, as autoridades buscavam atender às exigências de que mais regulamentação é necessária no mercado financeiro. França e Alemanha se juntaram ontem aos Estados Unidos e ao Reino Unido na proibição da prática do "short-selling" (venda a descoberto), à qual atribui-se a desvalorização rápida de várias instituições.
Analistas do mercado receberam bem as iniciativas, mas poucos esperam que as turbulências tenham chegado ao fim. Para Howard Wheeldon, estrategista do BGC Partners, em Londres, as próximas semanas continuarão sendo assombradas pelos riscos que os bancos enfrentam e a ameaça da recessão. "Os próximos dias prometem ser tórridos", disse.
Os principais bancos centrais europeus injetaram ontem mais US$ 71 bilhões mantendo-se na ofensiva no combate à crise de liquidez que se agravou nos últimos dias. O Banco Central Europeu (BCE) ofereceu US$ 40 bilhões em leilão para empréstimo, o Banco da Inglaterra (o BC britânico), US$ 20,8 bilhões, e o BC suíço acrescentou US$ 10 bilhões.
Injeções adicionais foram feitas pelos BCs do Japão, Austrália, Índia e Indonésia, num total de US$ 42 bilhões. Na quinta-feira, o Federal Reserve (BC dos EUA) havia disponibilizado US$ 180 bilhões. A semana termina com um volume total de recursos injetados pelos bancos centrais de cerca de US$ 600 bilhões, três vezes mais que o PIB do Chile.


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