São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2004

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Emprego cresce e renda estaciona na indústria

DA SUCURSAL DO RIO

Venda maior do varejo significa mais encomendas para a indústria e geração de empregos. A linha de raciocínio pode soar simplista, mas é comprovável pelos números divulgados ontem pelo IBGE.
Pelo quarto mês consecutivo, o emprego na indústria teve resultado positivo: cresceu 0,9% em agosto em relação a julho, na série livre de influência sazonais (típicas de cada período). O rendimento ficou estável na comparação com julho.
Em relação a agosto de 2003, o crescimento do emprego foi mais robusto: 3,1%. A folha de pagamento (que mede o nível de renda da indústria) teve uma alta maior -9,6%-, em parte explicada pela fraca base de comparação de 2003.
De acordo com Denise Cordovil, economista do IBGE, os dados de mercado de trabalho do setor refletem o aumento da produção da indústria -13,1% ante agosto de 2003 e 1,1% em relação a julho.
O crescimento, diz ela, está sendo puxado pelo crédito, que impulsiona as vendas de bens duráveis (veículos e eletrodomésticos), e pelo otimismo de empresários quanto ao desempenho futuro da economia -o que impacta nos investimentos em bens de capital (máquinas e equipamentos).
Já o diretor do Instituto de Economia da UFRJ, João Sabóia, afirmou que há um descompasso entre o nível de incremento da produção e do emprego, que cresce menos.
Tal situação, diz, ocorre porque a indústria está ganhando produtividade num ritmo acelerado -ou seja, produzindo mais com o um número menor de pessoas. O ganho de produtividade, diz, não é ruim, mas, do ponto de vista do mercado de trabalho, poupa empregos.

Surpresa
Sobre o emprego industrial, o economista Fábio Romão, da consultoria LCA, disse que o resultado de agosto foi "surpreendente". Isso porque mantém a expansão dos últimos meses e a taxas superiores a de outros ramos da economia. "A indústria vai liderar a recuperação da renda e do emprego neste ano", prevê.
Nos quatro meses seguidos de resultados positivos, a ocupação na indústria acumula um crescimento de 2,6%.
Romão prevê que, nos próximos meses, o emprego vá manter uma trajetória de crescimento e a renda firmará sua expansão. Ele projeta um aumento ao final de 2004 de 3,1% do rendimento médio do trabalhador (não só da indústria).


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