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Emprego cresce e renda estaciona na indústria
DA SUCURSAL DO RIO
Venda maior do varejo significa mais encomendas para a
indústria e geração de empregos. A linha de raciocínio pode
soar simplista, mas é comprovável pelos números divulgados ontem pelo IBGE.
Pelo quarto mês consecutivo,
o emprego na indústria teve resultado positivo: cresceu 0,9%
em agosto em relação a julho,
na série livre de influência sazonais (típicas de cada período). O rendimento ficou estável na comparação com julho.
Em relação a agosto de 2003,
o crescimento do emprego foi
mais robusto: 3,1%. A folha de
pagamento (que mede o nível
de renda da indústria) teve
uma alta maior -9,6%-, em
parte explicada pela fraca base
de comparação de 2003.
De acordo com Denise Cordovil, economista do IBGE, os
dados de mercado de trabalho
do setor refletem o aumento da
produção da indústria -13,1%
ante agosto de 2003 e 1,1% em
relação a julho.
O crescimento, diz ela, está
sendo puxado pelo crédito, que
impulsiona as vendas de bens
duráveis (veículos e eletrodomésticos), e pelo otimismo de
empresários quanto ao desempenho futuro da economia -o
que impacta nos investimentos
em bens de capital (máquinas e
equipamentos).
Já o diretor do Instituto de
Economia da UFRJ, João Sabóia, afirmou que há um descompasso entre o nível de incremento da produção e do
emprego, que cresce menos.
Tal situação, diz, ocorre porque a indústria está ganhando
produtividade num ritmo acelerado -ou seja, produzindo
mais com o um número menor
de pessoas. O ganho de produtividade, diz, não é ruim, mas,
do ponto de vista do mercado
de trabalho, poupa empregos.
Surpresa
Sobre o emprego industrial, o
economista Fábio Romão, da
consultoria LCA, disse que o
resultado de agosto foi "surpreendente". Isso porque mantém a expansão dos últimos
meses e a taxas superiores a de
outros ramos da economia. "A
indústria vai liderar a recuperação da renda e do emprego neste ano", prevê.
Nos quatro meses seguidos
de resultados positivos, a ocupação na indústria acumula
um crescimento de 2,6%.
Romão prevê que, nos próximos meses, o emprego vá manter uma trajetória de crescimento e a renda firmará sua expansão. Ele projeta um aumento ao final de 2004 de 3,1% do
rendimento médio do trabalhador (não só da indústria).
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