São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

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Para empresário, queda dos juros deveria ser maior

DA REPORTAGEM LOCAL

A redução de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros da economia foi recebida sem entusiasmo pelos empresários e considerada uma decepção para os sindicalistas. Para eles, a economia brasileira já permite uma queda mais rápida e acentuada da Selic.
Boris Tabacof, diretor do departamento de economia do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), informa que "mais uma vez o Copom preferiu o rigor à superação de suas convicções conservadoras". "Neste momento de tensão, provocada pelo forte risco de desorganização do setor do agronegócio, suspensão da "MP do Bem" e queda dos desembolsos do BNDES em setembro, o Copom poderia oferecer um estímulo ao setor industrial por meio de uma vigorosa queda do juro."
Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, "o Copom ignora a realidade e as evidências apontadas pelos setores produtivos de que o juro elevado está se constituindo em sério obstáculo à expansão da economia".
Para ele, a Selic de 19% ao ano colabora para que o país "continue com desempenho medíocre e crescimento abaixo da economia mundial". "Estamos com as variáveis habitualmente consideradas pelo BC -inflação corrente, expectativas inflacionárias e nível de crescimento da demanda- alinhadas para impulsionar a economia, mas o Copom continua com o pé no freio", diz.
Para a Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), o Copom agiu bem ao reduzir a Selic para 19%, mas a taxa ainda é insuficiente para dar estímulo às vendas para o Natal.
"A decisão revela que BC pode dar continuidade a essa política, já que estão dadas todas as condições favoráveis à redução gradativa dos juros: com inflação sob controle, ambiente externo positivo e juro real em patamar extremamente elevado. Mas as quedas previstas para a taxa de juros até o final do ano não nos dão esperança nenhuma de estímulo para as vendas de Natal", diz Abram Szajman, presidente da Fecomercio.
"Isso porque, mesmo que a queda se repita nos próximos meses, a taxa básica de juros do país continuará sendo uma das mais altas do mundo", afirma.
Para Guilherme Afif Domingos, presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), embora o efeito efetivo sobre os juros no curto prazo seja modesto, essa decisão já dá uma idéia como podem ser as vendas no final do ano.
Para o presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), Paulo Godoy, o Copom avançou na direção certa, mas ainda em velocidade muito lenta. "Diante das expectativas futuras de inflação, medidas pelo próprio BC, o corte na Selic poderia ter sido maior sem que as autoridades monetárias fossem irresponsáveis."
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, diz que a decisão do Copom é tímida para a economia e uma decepção para os trabalhadores. "Entendemos a queda como apenas um refresco momentâneo. A economia do país precisa de queda acentuada e urgente na taxa básica de juros, que ainda estão em um patamar insuportável para o setor produtivo, o consumo e a criação de vagas no mercado de trabalho."


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