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Para empresário,
queda dos juros deveria ser maior
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros da economia foi recebida sem entusiasmo pelos empresários e considerada uma decepção para os sindicalistas. Para eles, a economia
brasileira já permite uma queda
mais rápida e acentuada da Selic.
Boris Tabacof, diretor do departamento de economia do Ciesp
(Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo), informa que "mais
uma vez o Copom preferiu o rigor
à superação de suas convicções
conservadoras". "Neste momento de tensão, provocada pelo forte
risco de desorganização do setor
do agronegócio, suspensão da
"MP do Bem" e queda dos desembolsos do BNDES em setembro, o
Copom poderia oferecer um estímulo ao setor industrial por meio
de uma vigorosa queda do juro."
Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Paulo Skaf, "o Copom ignora a realidade e as evidências apontadas pelos setores
produtivos de que o juro elevado
está se constituindo em sério obstáculo à expansão da economia".
Para ele, a Selic de 19% ao ano
colabora para que o país "continue com desempenho medíocre e
crescimento abaixo da economia
mundial". "Estamos com as variáveis habitualmente consideradas pelo BC -inflação corrente,
expectativas inflacionárias e nível
de crescimento da demanda-
alinhadas para impulsionar a economia, mas o Copom continua
com o pé no freio", diz.
Para a Fecomercio (Federação
do Comércio do Estado de São
Paulo), o Copom agiu bem ao reduzir a Selic para 19%, mas a taxa
ainda é insuficiente para dar estímulo às vendas para o Natal.
"A decisão revela que BC pode
dar continuidade a essa política, já
que estão dadas todas as condições favoráveis à redução gradativa dos juros: com inflação sob
controle, ambiente externo positivo e juro real em patamar extremamente elevado. Mas as quedas
previstas para a taxa de juros até o
final do ano não nos dão esperança nenhuma de estímulo para as
vendas de Natal", diz Abram Szajman, presidente da Fecomercio.
"Isso porque, mesmo que a queda se repita nos próximos meses,
a taxa básica de juros do país continuará sendo uma das mais altas
do mundo", afirma.
Para Guilherme Afif Domingos,
presidente da ACSP (Associação
Comercial de São Paulo), embora
o efeito efetivo sobre os juros no
curto prazo seja modesto, essa decisão já dá uma idéia como podem ser as vendas no final do ano.
Para o presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), Paulo Godoy, o Copom avançou na
direção certa, mas ainda em velocidade muito lenta. "Diante das
expectativas futuras de inflação,
medidas pelo próprio BC, o corte
na Selic poderia ter sido maior
sem que as autoridades monetárias fossem irresponsáveis."
O presidente da Força Sindical,
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho,
diz que a decisão do Copom é tímida para a economia e uma decepção para os trabalhadores.
"Entendemos a queda como apenas um refresco momentâneo. A
economia do país precisa de queda acentuada e urgente na taxa
básica de juros, que ainda estão
em um patamar insuportável para o setor produtivo, o consumo e
a criação de vagas no mercado de
trabalho."
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