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TRABALHO
Redução da jornada e projeto para limitar horas extras estão entre temas de documento com 25 propostas entregue ao Congresso
CUT propõe versão de "agenda mínima"
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A CUT (Central Única do Trabalhadores), maior central sindical do país, "invadiu" pacificamente ontem o Congresso Nacional para apresentar 25 projetos
que fazem parte da "agenda do
trabalhadores" para estimular a
economia, criar empregos e pedir
que "o Brasil não pare".
Esse é o segundo conjunto de
medidas encaminhado ao governo federal neste ano. Em agosto,
empresários entregaram ao presidente Lula sua proposta de "agenda mínima para a governabilidade", que visava preservar a economia durante a crise política.
Cerca de 170 sindicalistas da
CUT fizeram ontem uma peregrinação na Câmara e no Senado para entregar as propostas, que incluem temas como salário e emprego, jornada de trabalho e orçamento e políticas públicas.
A "agenda dos trabalhadores"
será entregue hoje aos ministros
Luiz Marinho (Trabalho), Nelson
Machado (Previdência) e Miguel
Rosseto (Desenvolvimento Agrário). "Vamos marcar uma audiência para entregar o documento em mãos ao presidente Lula e
ao ministro Antonio Palocci [Fazenda]. Queremos discutir a política de juros e o superávit primário, que impedem que o orçamento disponível seja aplicado para
garantir recursos a projetos sociais", afirma João Felício, presidente da central.
Entre os principais temas detalhados nas 85 páginas da "agenda
dos trabalhadores", estão a redução da jornada (sem redução salarial) e o projeto para impor limites às horas extras realizadas no
país. No documento, a central informa que só a redução da jornada de 44 para 40 horas semanais
tem potencial para criar 1,8 milhão vagas. "Além de negociar a
redução para 40 horas semanais, é
preciso fazer um esforço para mudar a legislação que rege a hora
extra no Brasil", afirma Jefferson
José da Conceição, da subseção
do Dieese na CUT nacional.
Se respeitado o limite de duas
horas extras por dia, estabelecido
na atual legislação, cada trabalhador pode fazer, no mínimo, 552
horas extras por ano, segundo informa o Dieese. Nos países europeus, o limite máximo fixado em
lei é de 200 a 250 horas extras por
ano para cada trabalhador.
A CUT quer que o limite máximo permitido no mês seja de 30
horas extras -o que reduz a média anual de 552 horas extras para,
no máximo, 220 horas extras.
"A redução da jornada de 48 para 44 horas na Constituição de
1988 não resultou no volume de
empregos esperados porque não
havia um mecanismo para conter
as horas extras", diz Conceição.
Dados da pesquisa de emprego
e desemprego do Dieese mostram
que na Grande São Paulo 20% dos
assalariados trabalhavam, entre
1985 e 1988, acima da jornada legal permitida (48 horas semanais). Hoje, estima-se que na região metropolitana 45% dos assalariados façam jornada acima da
fixada na lei (44 horas/semana).
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