|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Aumento da terceirização reduz renda de 1996 a 2003, diz IBGE; analistas atribuem retração a crises econômicas e juro
Salário de empresa formal cai 11% em 7 anos
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
De 1996 a 2003, o salário médio
nas empresas formais sofreu uma
redução de 11%, segundo dados
do Cadastro Central de Empresas
do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), que só
considera empresas com CNPJ
(Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). O rendimento real (considerada a evolução da inflação),
que era de R$ 590 em 1996, passou
para R$ 525,29 em 2003.
Para o IBGE, o aumento da terceirização é uma das causas que
explicam o recuo da renda. Já especialistas atribuem a queda ao
baixo crescimento do país, às crises econômicas e aos juros altos.
Segundo Denise Guichard Freire, do IBGE, uma das razões para
a queda do rendimento está no
processo de migração de empregos da indústria para o setor de
serviços prestados às empresas,
uma das facetas da terceirização.
É que cresceu o emprego em atividades como alocação de pessoal
(como as cooperativas de trabalho) e limpeza, postos de trabalho
que pagam menos do que os da
indústria e usualmente são terceirizados pelas grandes empresas.
"As indústrias buscaram flexibilizar sua produção para ganhar
competitividade e passaram a terceirizar as atividades meio, que
não estão ligadas diretamente à
atividade principal", disse Freire.
A participação do ramo de serviços prestados às empresas no
total de postos de trabalho cresceu 10,4% em 1996 para 13% em
2003, enquanto a da indústria
caiu de 32,6% para 29,9%.
Além disso, Freire destacou que
o avanço do emprego no comércio e nas pequenas empresas, cujos salários tendem a ser mais baixos, também contribuiu para a retração da renda no período. O peso do comércio no total do emprego subiu de 21,9% em 1996 para 25,8% em 2003. O salário médio do comércio era de R$ 334
-um dos menores entre todas as
atividades, só perdendo para agricultura, alojamento e alimentação
(hotéis e restaurantes) e pesca.
Em 1996, as firmas com mais de
cem empregados correspondiam
a 59,9% do total de vagas. Em
2003, o percentual caiu para
49,9%. Já nas empresas com até 29
funcionários, a participação no
emprego foi de 27,7% para 34,1%.
Já Marcelo de Ávila, economista
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), diz que as
crises econômicas pelas quais o
país passou, como a desvalorização cambial de 1999 e a da eleições
de 2002, achataram o rendimento. Nas duas crises, os juros subiram, causando um fraco crescimento econômico e a deterioração do mercado de trabalho.
Os dois setores que remuneram
melhor, intermediação financeira
(que inclui bancos) e produção e
distribuição de energia, tiveram
as maiores quedas no salário médio, de 12,4% e 14,7%. Os únicos
ramos que tiveram aumento foram administração pública (22%)
e construção (33%).
De 1996 a 2006, nasceram, em
média, 620 mil empresas por ano,
enquanto outras 427 mil deixavam de existir. A chamada taxa de
natalidade (percentual das empresas abertas em relação ao total) das firmas brasileiras era de
8,29%. A de mortalidade, 4,95%.
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Empresa sem empregado prolifera Índice
|