São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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PF prende 60 pessoas acusadas de fraudar INSS em R$ 200 mi

Prisões ocorreram nos Estados do Rio de Janeiro, Paraná e Goiás; entre os detidos, 41 são servidores da Previdência

Após inserir vínculos de emprego falsos no sistema, fraudadores vendiam os benefícios por valores entre R$ 6.000 e R$ 10 mil


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A PF (Polícia Federal) prendeu ontem em três Estados (Rio, Paraná e Goiás) 60 pessoas acusadas de integrar uma quadrilha que, nos últimos cinco anos, praticou fraudes que causaram prejuízo de R$ 200 milhões à Previdência Social. Foi a maior fraude descoberta neste ano, segundo o Ministério da Previdência Social.
Dos 60 detidos, 41 são servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
De acordo com as investigações, os fraudadores inseriam vínculos empregatícios falsos no sistema do INSS e assim conseguiam obter benefícios fraudulentos, que eram vendidos por valores entre R$ 6.000 e R$ 10 mil.
Um dos acusados de envolvimento no esquema é Carlos Alberto Balbi Moura, vereador de Nova Friburgo pelo PRTB e que foi candidato a deputado federal nas últimas eleições. A apuração da PF indica que, em troca de conseguir os benefícios fraudulentos, ele pedia votos. O caso de Moura foi remetido ao Ministério Público Eleitoral. Moura foi preso e seu advogado não foi localizado pela Folha ontem.
A PF informou que conseguiu suspender 1.561 falsos benefícios que, juntos, somariam R$ 4 milhões e outros 1.318 vínculos que seriam inseridos no sistema da Previdência Social. O valor máximo dos benefícios era de R$ 2.800 -o teto previdenciário hoje é de R$ 2.801,82.
Os envolvidos na investigação disseram que ainda vão ouvir as pessoas que recebiam os benefícios falsos e não descartam a hipótese de prendê-los.
A operação foi iniciada em fevereiro deste ano, depois que uma auditoria do INSS descobriu a inserção de vínculos empregatícios falsos em Nova Friburgo. O chefe da quadrilha foi identificado como José Carlos Barcellos, um dos presos, que é morador da cidade.

Até 27 anos de cadeia
Dos 60 presos, 51 eram do Rio, 8 do Paraná e 1 de Goiás. Além desses Estados, havia fraudes também no Rio Grande do Sul. No Paraná e em Goiás só foram presos agenciadores.
Os acusados vão responder pelos crimes de peculato (quando funcionário público usa o cargo para benefício próprio), inserção de dados falsos e formação de quadrilha, cujas penas somam até 27 anos de cadeia. Os presos tiveram a prisão temporária decretada por cinco dias.
A PF pediu o seqüestro dos bens dos envolvidos e vai verificar se eles tiveram enriquecimento ilícito em razão das fraudes. Foram cumpridos também 95 mandados de busca e apreensão de documentos e computadores.
Foram presos funcionários de agências do INSS em vários bairros do Rio como Centro e Fátima (zona central), Cosme Velho e Copacabana (zona sul), Praça da Bandeira e Ramos (zona norte), e Paciência e Padre Miguel (zona oeste).
Entre os municípios que tiveram servidores presos estão Niterói, Belford Roxo, São Gonçalo, Maricá, Magé e Itaguaí, na região metropolitana, Nova Friburgo e Teresópolis (região serrana), Volta Redonda (sul fluminense) e Araruama (região dos Lagos, litoral fluminense).
A ação da PF foi batizada de "Operação Anos Dourados", pelo fato de os presos serem, em sua maioria, nascidos entre os anos de 1940 e 1950.
Até o final da tarde, nove pessoas ainda eram procuradas. A PF não deixou os jornalistas falarem com os presos e não informou se eles tinham advogados. Eles ficarão presos em Casas de Custódia e presídios fluminenses.


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