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PF prende 60 pessoas acusadas de fraudar INSS em R$ 200 mi
Prisões ocorreram nos Estados do Rio de Janeiro, Paraná e Goiás; entre os detidos, 41 são servidores da Previdência
Após inserir vínculos de emprego falsos no sistema, fraudadores vendiam os
benefícios por valores entre R$ 6.000 e R$ 10 mil
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A PF (Polícia Federal) prendeu ontem em três Estados
(Rio, Paraná e Goiás) 60 pessoas acusadas de integrar uma
quadrilha que, nos últimos cinco anos, praticou fraudes que
causaram prejuízo de R$ 200
milhões à Previdência Social.
Foi a maior fraude descoberta
neste ano, segundo o Ministério da Previdência Social.
Dos 60 detidos, 41 são servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
De acordo com as investigações, os fraudadores inseriam
vínculos empregatícios falsos
no sistema do INSS e assim
conseguiam obter benefícios
fraudulentos, que eram vendidos por valores entre R$ 6.000
e R$ 10 mil.
Um dos acusados de envolvimento no esquema é Carlos Alberto Balbi Moura, vereador de
Nova Friburgo pelo PRTB e
que foi candidato a deputado
federal nas últimas eleições. A
apuração da PF indica que, em
troca de conseguir os benefícios fraudulentos, ele pedia votos. O caso de Moura foi remetido ao Ministério Público Eleitoral. Moura foi preso e seu advogado não foi localizado pela
Folha ontem.
A PF informou que conseguiu suspender 1.561 falsos benefícios que, juntos, somariam
R$ 4 milhões e outros 1.318 vínculos que seriam inseridos no
sistema da Previdência Social.
O valor máximo dos benefícios
era de R$ 2.800 -o teto previdenciário hoje é de R$ 2.801,82.
Os envolvidos na investigação disseram que ainda vão ouvir as pessoas que recebiam os
benefícios falsos e não descartam a hipótese de prendê-los.
A operação foi iniciada em fevereiro deste ano, depois que
uma auditoria do INSS descobriu a inserção de vínculos empregatícios falsos em Nova Friburgo. O chefe da quadrilha foi
identificado como José Carlos
Barcellos, um dos presos, que é
morador da cidade.
Até 27 anos de cadeia
Dos 60 presos, 51 eram do
Rio, 8 do Paraná e 1 de Goiás.
Além desses Estados, havia
fraudes também no Rio Grande
do Sul. No Paraná e em Goiás só
foram presos agenciadores.
Os acusados vão responder
pelos crimes de peculato
(quando funcionário público
usa o cargo para benefício próprio), inserção de dados falsos e
formação de quadrilha, cujas
penas somam até 27 anos de cadeia. Os presos tiveram a prisão
temporária decretada por cinco dias.
A PF pediu o seqüestro dos
bens dos envolvidos e vai verificar se eles tiveram enriquecimento ilícito em razão das
fraudes. Foram cumpridos
também 95 mandados de busca
e apreensão de documentos e
computadores.
Foram presos funcionários
de agências do INSS em vários
bairros do Rio como Centro e
Fátima (zona central), Cosme
Velho e Copacabana (zona sul),
Praça da Bandeira e Ramos (zona norte), e Paciência e Padre
Miguel (zona oeste).
Entre os municípios que tiveram servidores presos estão
Niterói, Belford Roxo, São Gonçalo, Maricá, Magé e Itaguaí, na
região metropolitana, Nova
Friburgo e Teresópolis (região
serrana), Volta Redonda (sul
fluminense) e Araruama (região dos Lagos, litoral fluminense).
A ação da PF foi batizada de
"Operação Anos Dourados",
pelo fato de os presos serem,
em sua maioria, nascidos entre
os anos de 1940 e 1950.
Até o final da tarde, nove pessoas ainda eram procuradas. A
PF não deixou os jornalistas falarem com os presos e não informou se eles tinham advogados. Eles ficarão presos em Casas de Custódia e presídios fluminenses.
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