São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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Agora vendido por quilo, pão francês deve ficar mais leve

Pesagem passa a ser obrigatória; para evitar aumento, comércio encolhe produto

Em locais onde os pães são produzidos com peso maior, clientes podem vir a pagar mais pela mesma quantidade comprada antes


Vera Gonçalves/Folha Imagem
Pães em balança de padaria na zona leste de São Paulo; pesagem passar a ser obrigatória


DO "AGORA"

A partir de hoje, todos os mercados e padarias já começam a vender o pão francês por quilo. A portaria n.º 146/ 2006 do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), que estabelece a mudança, já está em vigor. Para evitar aumento no preço, comerciantes devem reduzir o tamanho do pãozinho.
Alexandre dos Santos Abreu, dono de padaria no bairro de Planalto Paulista (zona sul), diz que a alteração no tamanho do pão será necessária para que os clientes não rejeitem a alteração. Ontem, a unidade do pão francês na padaria custava R$ 0,25. O valor cobrado pelo pão de 50 gramas e a base de cálculo serão mantidos, segundo Abreu. "Amanhã [hoje], o quilo do pão vai custar R$ 5", diz.
Os comerciantes explicam que a lei que era válida até ontem exigia que todo pão francês tivesse no mínimo 50 gramas. Para evitar problemas com a fiscalização, os pães geralmente tinham alguns gramas a mais, afirmam. Esse excedente não era cobrado do consumidor, mas agora, com o preço estabelecido na balança, o aumento seria repassado. O valor do pão iria, então, para R$ 0,32 no caso da padaria de Abreu.
Algumas padarias que já haviam mudado a forma da venda enfrentaram problemas com a adaptação. Na Padaria Luxo Trigo, no Tatuapé (zona leste), a mudança, que chegou com nove dias de antecedência, causou reclamações. O padeiro Cícero de Souza Lima diz que antes os pães eram maiores. O tamanho já está sendo reduzido. "Agora, se o pão está grande, o cliente se queixa para pagar."
Para o presidente do Sindicato e Associação dos Industriais de Panificação e Confeitaria de São Paulo, Antero Pereira, as padarias estão sendo orientadas a baixar o peso do pão. "Não haverá prejuízo ao consumidor se o pão vier maior, já que ele está pagando pelo peso. Mas estamos querendo evitar que eles estranhem a mudança."
Segundo ele, 60% das padarias estavam vendendo o pãozinho conforme o valor indicado pela balança desde ontem. Pereira diz que a expectativa é que todas estejam cumprindo as regras hoje. "Não existe motivos para o não-cumprimento."
A obrigatoriedade da venda do pão por quilo deve reduzir o número de irregularidades, diz o Ipem-SP (Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo). Segundo a última pesquisa do instituto sobre itens da cesta básica, realizada no início do mês, o pãozinho francês foi o que apresentou o maior índice de diferença entre o peso mínimo exigido (50 gramas) e o encontrado no comércio. Em alguns casos, o pão estava sendo vendido com 4 gramas a menos -8% de diferença em relação ao peso ideal de 50 gramas.
Segundo o chefe do Departamento de Produtos de Pré-Medidos do instituto, Paulo Lopes, com a nova lei não será mais exigido o peso mínimo, e cada padaria vai escolher o tamanho de seu pão. Lopes diz que o pãozinho é tradicionalmente um produto com muitos problemas. Ele afirma que a forma de produção artesanal e a grande dificuldade de fiscalização por parte do consumidor abriam margem para irregularidades.
O valor da multa para quem não cumprir a venda por quilo varia de R$ 50 a R$ 50 mil.
(VINICIUS KONCHINSKI)


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