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Agora vendido por quilo, pão francês deve ficar mais leve
Pesagem passa a ser obrigatória; para evitar aumento, comércio encolhe produto
Em locais onde os pães são produzidos com peso maior, clientes podem vir a pagar mais pela mesma quantidade comprada antes
Vera Gonçalves/Folha Imagem
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Pães em balança de padaria na zona leste de São Paulo; pesagem passar a ser obrigatória |
DO "AGORA"
A partir de hoje, todos os
mercados e padarias já começam a vender o pão francês por
quilo. A portaria n.º 146/ 2006
do Inmetro (Instituto Nacional
de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial), que estabelece a mudança, já está em
vigor. Para evitar aumento no
preço, comerciantes devem reduzir o tamanho do pãozinho.
Alexandre dos Santos Abreu,
dono de padaria no bairro de
Planalto Paulista (zona sul), diz
que a alteração no tamanho do
pão será necessária para que os
clientes não rejeitem a alteração. Ontem, a unidade do pão
francês na padaria custava R$
0,25. O valor cobrado pelo pão
de 50 gramas e a base de cálculo
serão mantidos, segundo
Abreu. "Amanhã [hoje], o quilo
do pão vai custar R$ 5", diz.
Os comerciantes explicam
que a lei que era válida até ontem exigia que todo pão francês
tivesse no mínimo 50 gramas.
Para evitar problemas com a
fiscalização, os pães geralmente tinham alguns gramas a
mais, afirmam. Esse excedente
não era cobrado do consumidor, mas agora, com o preço estabelecido na balança, o aumento seria repassado. O valor
do pão iria, então, para R$ 0,32
no caso da padaria de Abreu.
Algumas padarias que já haviam mudado a forma da venda
enfrentaram problemas com a
adaptação. Na Padaria Luxo
Trigo, no Tatuapé (zona leste),
a mudança, que chegou com
nove dias de antecedência, causou reclamações. O padeiro Cícero de Souza Lima diz que antes os pães eram maiores. O tamanho já está sendo reduzido.
"Agora, se o pão está grande, o
cliente se queixa para pagar."
Para o presidente do Sindicato e Associação dos Industriais
de Panificação e Confeitaria de
São Paulo, Antero Pereira, as
padarias estão sendo orientadas a baixar o peso do pão. "Não
haverá prejuízo ao consumidor
se o pão vier maior, já que ele
está pagando pelo peso. Mas estamos querendo evitar que eles
estranhem a mudança."
Segundo ele, 60% das padarias estavam vendendo o pãozinho conforme o valor indicado
pela balança desde ontem. Pereira diz que a expectativa é que
todas estejam cumprindo as regras hoje. "Não existe motivos
para o não-cumprimento."
A obrigatoriedade da venda
do pão por quilo deve reduzir o
número de irregularidades, diz
o Ipem-SP (Instituto de Pesos e
Medidas do Estado de São Paulo). Segundo a última pesquisa
do instituto sobre itens da cesta
básica, realizada no início do
mês, o pãozinho francês foi o
que apresentou o maior índice
de diferença entre o peso mínimo exigido (50 gramas) e o encontrado no comércio. Em alguns casos, o pão estava sendo
vendido com 4 gramas a menos
-8% de diferença em relação
ao peso ideal de 50 gramas.
Segundo o chefe do Departamento de Produtos de Pré-Medidos do instituto, Paulo Lopes,
com a nova lei não será mais
exigido o peso mínimo, e cada
padaria vai escolher o tamanho
de seu pão. Lopes diz que o pãozinho é tradicionalmente um
produto com muitos problemas. Ele afirma que a forma de
produção artesanal e a grande
dificuldade de fiscalização por
parte do consumidor abriam
margem para irregularidades.
O valor da multa para quem
não cumprir a venda por quilo
varia de R$ 50 a R$ 50 mil.
(VINICIUS KONCHINSKI)
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