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Brasil prepara participação nas cúpulas
DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI
O Brasil já foi sondado,
mas ainda não convidado,
para a cúpula do mês que
vem, nos EUA, destinada a
discutir o que o presidente
francês, Nicolas Sarkozy,
chama de "refundação do capitalismo". O chanceler Celso Amorim não tem dúvida
de que o país será chamado.
Afinal, o Brasil já tem participado, ainda que marginalmente, das cúpulas do G8.
Neste ano, no Japão, e no ano
passado, na Alemanha, estiveram presentes, além do
Brasil, México, Índia, África
do Sul e China.
A Itália já anunciou que
quer institucionalizar a ampliação do grupo. "Não podemos mais esperar para transformar o G8 em G14, convidando a China, a Índia, o Brasil, o México e a África do
Sul", diz o ministro das Finanças, Giulio Tremonti. Como a crise antecipou todas as
cúpulas, todas as reuniões,
deu também urgência às modificações na maneira como
o mundo é gerenciado.
Por isso mesmo, Amorim
já está até especulando sobre
a maneira como o Brasil vai
se organizar para as cúpulas
que o G8 convocou. Imagina
que haverá um trabalho conjunto entre o Itamaraty e o
Ministério da Fazenda. Até
agora, o Itamaraty comanda
as operações internacionais,
mesmo aquelas de fundo
econômico, como é o caso
das negociações no âmbito
da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Amorim pensa em voz alta:
cita como possibilidade levantar a hipótese que o presidente Lula mencionou na
cúpula do grupo Ibas (Índia,
Brasil e África do Sul), na semana passada, qual seja a do
uso de moedas nacionais nas
transações comerciais. É um
modelo adotado por Brasil e
Argentina, embora restrito a
10% do comércio bilateral.
A Folha perguntou a Lula,
na segunda-feira passada,
em Toledo, sobre a posição
brasileira para uma eventual
cúpula. O presidente deu
uma resposta evasiva. Disse
que chegara a hora da política. Queria dizer que os mercados determinaram as regras por demasiado tempo e
que, agora, seria necessário
reforçar o papel dos Estados.
A posição brasileira, de
todo modo, não será isolada. Já está convocada uma
reunião, para o dia 27, do
Conselho do Mercosul, a
instância máxima do bloco,
formada pelos chefes de governo de cada país.
(CLÓVIS ROSSI)
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