São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2008

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Brasil prepara participação nas cúpulas

DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI

O Brasil já foi sondado, mas ainda não convidado, para a cúpula do mês que vem, nos EUA, destinada a discutir o que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, chama de "refundação do capitalismo". O chanceler Celso Amorim não tem dúvida de que o país será chamado.
Afinal, o Brasil já tem participado, ainda que marginalmente, das cúpulas do G8. Neste ano, no Japão, e no ano passado, na Alemanha, estiveram presentes, além do Brasil, México, Índia, África do Sul e China.
A Itália já anunciou que quer institucionalizar a ampliação do grupo. "Não podemos mais esperar para transformar o G8 em G14, convidando a China, a Índia, o Brasil, o México e a África do Sul", diz o ministro das Finanças, Giulio Tremonti. Como a crise antecipou todas as cúpulas, todas as reuniões, deu também urgência às modificações na maneira como o mundo é gerenciado.
Por isso mesmo, Amorim já está até especulando sobre a maneira como o Brasil vai se organizar para as cúpulas que o G8 convocou. Imagina que haverá um trabalho conjunto entre o Itamaraty e o Ministério da Fazenda. Até agora, o Itamaraty comanda as operações internacionais, mesmo aquelas de fundo econômico, como é o caso das negociações no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Amorim pensa em voz alta: cita como possibilidade levantar a hipótese que o presidente Lula mencionou na cúpula do grupo Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), na semana passada, qual seja a do uso de moedas nacionais nas transações comerciais. É um modelo adotado por Brasil e Argentina, embora restrito a 10% do comércio bilateral.
A Folha perguntou a Lula, na segunda-feira passada, em Toledo, sobre a posição brasileira para uma eventual cúpula. O presidente deu uma resposta evasiva. Disse que chegara a hora da política. Queria dizer que os mercados determinaram as regras por demasiado tempo e que, agora, seria necessário reforçar o papel dos Estados.
A posição brasileira, de todo modo, não será isolada. Já está convocada uma reunião, para o dia 27, do Conselho do Mercosul, a instância máxima do bloco, formada pelos chefes de governo de cada país.
(CLÓVIS ROSSI)


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