São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2008

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Parte dos EUA já está em recessão, diz Casa Branca

Conselheiro econômico de Bush afirma que crédito vai demorar a descongelar

Funcionário afirma que proposta de pacote da oposição democrata não terá efeitos significativos na economia no curto prazo

DA ASSOCIATED PRESS

Um dos principais assessores econômicos do presidente George W. Bush declarou ontem que partes dos EUA provavelmente já estão passando por uma recessão e que poderá levar alguns meses para o sistema de crédito paralisado começar a funcionar outra vez. "Em algumas partes do país estamos observando algo que acho que qualquer pessoa definiria como recessão", disse Edward Lazear, o presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca.
Muitos analistas prevêem uma contração da economia nos últimos três meses deste ano e nos primeiros 90 dias de 2009. Isso corresponderia à definição clássica de recessão: dois trimestres consecutivos de contração econômica. Alguns analistas econômicos dizem que a economia desaquecida já se encontra em recessão.
A Casa Branca vem evitando empregar esse termo, tanto porque a situação atual ainda não se enquadra na definição técnica de recessão quanto pelo fato de o termo ter uma conotação tão fortemente negativa.
Em entrevista à CNN, o presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca observou que o índice nacional de desemprego está em 6,1%, que é o maior em cinco anos. Lazear afirmou que o desemprego é ainda maior em algumas regiões do país, como no Estado da Califórnia. A última vez em que os EUA entraram em recessão foi em 2001, e a última contração econômica ocorreu no quarto trimestre do ano passado, quando o PIB recuou 0,2%. Os dados do PIB americano do terceiro trimestre serão divulgados no final deste mês. No período de abril a junho, a principal economia mundial avançou 2,8% na taxa anualizada, ajudada especialmente pelas exportações, que se aproveitaram da desvalorização do dólar ante as principais moedas mundiais.
A Casa Branca e o Congresso esperam que o pacote de resgate de US$ 700 bilhões injete dinheiro e confiança no setor de crédito, estimulando a economia. Bush já disse repetidas vezes que o degelo das linhas de crédito levará algum tempo.
Lazear fez uma previsão um pouco mais precisa, dizendo que "serão necessários alguns meses antes de vermos um impacto significativo".
"Mas já vimos alguns impactos", disse ele. "O que estamos testemunhando é que agora os bancos estão se dispondo a conceder empréstimos uns aos outros. Esse é um ponto positivo enorme para a economia, porque o grande problema vinha sendo a pouca disposição dos bancos em conceder empréstimos entre eles."
Congressistas democratas, de oposição ao governo Bush, pretendem aprovar um pacote de estímulo pós-eleição (marcado para 4 de novembro) que pode custar até US$ 150 bilhões. Lazear disse que algumas das idéias que vêm sendo aventadas, como projetos de construção de rodovias e pontes, são muito demoradas e focadas em apenas um setor para poder injetar ânimo na economia como um todo.
"Essas propostas podem ser boas idéias. Isso é algo que caberá ao Congresso decidir", disse ele. "Mas não podemos encarar isso como estímulo que fará a economia dar a volta por cima no curto prazo."


Tradução de CLARA ALLAIN


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