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Recuo da inflação pesou, afirmam analistas
DA REPORTAGEM LOCAL
O tombo registrado nos índices
de inflação divulgados ontem foi
fundamental para a decisão do
Copom de cortar os juros básicos
em 1,5 ponto percentual. A opinião é de economistas que se surpreenderam por esperar redução
mais conservadora, de apenas um
ponto percentual -mas elogiaram a medida.
O IPCA-15 (Índice de Preços ao
Consumidor-15) caiu acentuadamente, de 0,66%, em outubro, para 0,17%, em novembro, segundo
o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Esse índice é importante por ser
considerado uma prévia do IPCA,
índice oficial do governo que baliza as metas de inflação.
"Com certeza a divulgação do
bom número do IPCA-15 ontem
contribuiu para a decisão do Copom", diz Marcelo Cypriano, economista-sênior do BankBoston.
Além do IPCA-15, outros índices divulgados ontem mostraram
recuo dos preços. Foi o caso do
IGP-10, que registrou inflação de
0,45% em novembro, contra
0,67% em outubro, segundo a
FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Em São Paulo, a taxa de inflação
medida pelo IPC da Fipe também
registrou queda. Nos últimos 30
dias até 15 deste mês, a taxa foi
0,37%. Com isso, a Fipe prevê que
a taxa deste mês ficará em 0,20%
(antes, de 0,30% a 0,40%).
Segundo Cypriano, a baixa confiança do consumidor e o ritmo
ainda lento das vendas no varejo
são outros indicadores de inflação
sob controle até o fim do ano.
O economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, concorda:
"A decisão mostra que o BC entendeu que não há pressões inflacionárias relevantes. Os últimos
indicadores de inflação deram
margem a essa leitura", diz.
Para Luiz Susigan, economista-chefe da LCA Consultoria, a decisão do Copom teve também um
componente político. "O BC preferiu atender ao apelo do setor
produtivo, animado pelos últimos índices de inflação."
Já Roberto Luis Troster, economista da Febraban (Federação
Brasileira dos Bancos), diz que a
decisão do Copom surpreendeu
positivamente e que foi técnica,
não política. Na sua opinião, o BC
tem independência para decidir
sobre política monetária.
Alexandre Póvoa, economista-chefe do banco Modal, faz ressalvas ao comportamento do BC. Segundo ele, sob o aspecto técnico, a
decisão do BC é incontestável:
"Com um corte de um ponto percentual, a taxa de juros reais permaneceria no mesmo patamar
(cerca de 10,5%). Então o BC cortou 1,5 ponto para colocar os juros
reais mais próximos de 10%".
A ressalva refere-se à surpresa:
"Esse BC está acostumando o
mercado a volta e meia ter uma
surpresa. A decisão também deve
considerar um componente de
expectativas. Isso pode fazer falta
num momento em que a situação
estiver ruim", afirma Póvoa.
IPCA no ano
De toda forma, embalados pelo
otimismo com o recuo inflacionário mostrado pelos índices ontem,
economistas já falam na possibilidade de que o IPCA fique abaixo
de 9% em 2003.
"Acho que já existe uma probabilidade, que não é desprezível, de
que o IPCA fique ligeiramente
abaixo de 9% em 2003", afirma
Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management,
que está revendo para baixo sua
previsão anterior de 9,2%.
Colaborou a Sucursal do Rio
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