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São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

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Recuo da inflação pesou, afirmam analistas

DA REPORTAGEM LOCAL

O tombo registrado nos índices de inflação divulgados ontem foi fundamental para a decisão do Copom de cortar os juros básicos em 1,5 ponto percentual. A opinião é de economistas que se surpreenderam por esperar redução mais conservadora, de apenas um ponto percentual -mas elogiaram a medida.
O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor-15) caiu acentuadamente, de 0,66%, em outubro, para 0,17%, em novembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Esse índice é importante por ser considerado uma prévia do IPCA, índice oficial do governo que baliza as metas de inflação.
"Com certeza a divulgação do bom número do IPCA-15 ontem contribuiu para a decisão do Copom", diz Marcelo Cypriano, economista-sênior do BankBoston.
Além do IPCA-15, outros índices divulgados ontem mostraram recuo dos preços. Foi o caso do IGP-10, que registrou inflação de 0,45% em novembro, contra 0,67% em outubro, segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas). Em São Paulo, a taxa de inflação medida pelo IPC da Fipe também registrou queda. Nos últimos 30 dias até 15 deste mês, a taxa foi 0,37%. Com isso, a Fipe prevê que a taxa deste mês ficará em 0,20% (antes, de 0,30% a 0,40%).
Segundo Cypriano, a baixa confiança do consumidor e o ritmo ainda lento das vendas no varejo são outros indicadores de inflação sob controle até o fim do ano.
O economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, concorda:
"A decisão mostra que o BC entendeu que não há pressões inflacionárias relevantes. Os últimos indicadores de inflação deram margem a essa leitura", diz.
Para Luiz Susigan, economista-chefe da LCA Consultoria, a decisão do Copom teve também um componente político. "O BC preferiu atender ao apelo do setor produtivo, animado pelos últimos índices de inflação."
Já Roberto Luis Troster, economista da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), diz que a decisão do Copom surpreendeu positivamente e que foi técnica, não política. Na sua opinião, o BC tem independência para decidir sobre política monetária.
Alexandre Póvoa, economista-chefe do banco Modal, faz ressalvas ao comportamento do BC. Segundo ele, sob o aspecto técnico, a decisão do BC é incontestável: "Com um corte de um ponto percentual, a taxa de juros reais permaneceria no mesmo patamar (cerca de 10,5%). Então o BC cortou 1,5 ponto para colocar os juros reais mais próximos de 10%".
A ressalva refere-se à surpresa: "Esse BC está acostumando o mercado a volta e meia ter uma surpresa. A decisão também deve considerar um componente de expectativas. Isso pode fazer falta num momento em que a situação estiver ruim", afirma Póvoa.

IPCA no ano
De toda forma, embalados pelo otimismo com o recuo inflacionário mostrado pelos índices ontem, economistas já falam na possibilidade de que o IPCA fique abaixo de 9% em 2003.
"Acho que já existe uma probabilidade, que não é desprezível, de que o IPCA fique ligeiramente abaixo de 9% em 2003", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management, que está revendo para baixo sua previsão anterior de 9,2%.


Colaborou a Sucursal do Rio


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