São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2008

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Usiminas corta produção, e setor cobra proteção

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

No momento em que a siderúrgica Usiminas anuncia que antecipará em seis meses a paralisação de um alto-forno para manutenção, cortando sua produção em 3%, o setor siderúrgico quer que o governo brasileiro crie mecanismo de proteção para garantir a venda do aço brasileiro no mercado interno.
O vice-presidente executivo do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), Marco Polo de Mello Lopes, disse à Folha que já foi pedida audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o governo seja alertado sobre a importância de proteger o país das exportações da China, que, diante da recessão na Europa, Japão e nos EUA, mira a América Latina.
"O fator diferenciador muito importante para o Brasil em relação ao resto do mundo é o seu mercado interno, que precisa ser preservado com incentivo ao consumo e criando proteção contra essa ameaça que está aí", afirmou Lopes.
O setor siderúrgico no país, disse ele, deve enfrentar "declínio", mas o IBS afirma que em novembro e dezembro os números anuais para as indústrias siderúrgicas ainda serão positivos, mesmo que os resultados sejam um pouco inferiores aos de outubro e setembro.
Os números de outubro estão sendo fechados, mas Lopes disse que "é possível dizer que devem manter o patamar" de setembro, de maneira geral. Essa perspectiva existe porque as siderúrgicas atendem a contratos fechados antes da crise.
A decisão da Usiminas de antecipar em seis meses a manutenção do alto-forno dois da usina de Ipatinga, no Vale do Aço Mineiro, é uma "decisão estratégica de empresas que estão vendo o cenário atual", disse o vice-presidente do IBS.
Segundo ele, a decisão da Arcelor Mittal Tubarão de também cortar a produção se enquadra na situação de ajustar desde já a produção.
A Usiminas se manifestou na noite de terça apenas por um comunicado ao mercado. A assessoria da empresa disse ontem que não haveria manifestação da siderúrgica.
O fato relevante diz que ela vai antecipar para 5 de dezembro os trabalhos de manutenção no alto-forno dois, o que vai reduzir a produção de ferro-gusa em 300 mil toneladas -3% da capacidade anual.
"A Usiminas espera voltar a operar esse forno até abril de 2009, adequando a produção da companhia à demanda projetada", disse a empresa no comunicado. "Essa manutenção, após concluída, trará maior eficiência operacional e redução de custos à empresa."
A Usiminas é a líder nacional no mercado de aços planos, fornecendo principalmente para o setor automotivo.


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