|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Usiminas corta produção, e setor cobra proteção
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
No momento em que a siderúrgica Usiminas anuncia que
antecipará em seis meses a paralisação de um alto-forno para
manutenção, cortando sua produção em 3%, o setor siderúrgico quer que o governo brasileiro crie mecanismo de proteção
para garantir a venda do aço
brasileiro no mercado interno.
O vice-presidente executivo
do IBS (Instituto Brasileiro de
Siderurgia), Marco Polo de Mello Lopes, disse à Folha que já
foi pedida audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o governo seja alertado sobre a importância de
proteger o país das exportações
da China, que, diante da recessão na Europa, Japão e nos
EUA, mira a América Latina.
"O fator diferenciador muito
importante para o Brasil em relação ao resto do mundo é o seu
mercado interno, que precisa
ser preservado com incentivo
ao consumo e criando proteção
contra essa ameaça que está
aí", afirmou Lopes.
O setor siderúrgico no país,
disse ele, deve enfrentar "declínio", mas o IBS afirma que em
novembro e dezembro os números anuais para as indústrias siderúrgicas ainda serão
positivos, mesmo que os resultados sejam um pouco inferiores aos de outubro e setembro.
Os números de outubro estão sendo fechados, mas Lopes
disse que "é possível dizer que
devem manter o patamar" de
setembro, de maneira geral.
Essa perspectiva existe porque
as siderúrgicas atendem a contratos fechados antes da crise.
A decisão da Usiminas de antecipar em seis meses a manutenção do alto-forno dois da
usina de Ipatinga, no Vale do
Aço Mineiro, é uma "decisão
estratégica de empresas que
estão vendo o cenário atual",
disse o vice-presidente do IBS.
Segundo ele, a decisão da Arcelor Mittal Tubarão de também cortar a produção se enquadra na situação de ajustar
desde já a produção.
A Usiminas se manifestou na
noite de terça apenas por um
comunicado ao mercado. A assessoria da empresa disse ontem que não haveria manifestação da siderúrgica.
O fato relevante diz que ela
vai antecipar para 5 de dezembro os trabalhos de manutenção no alto-forno dois, o que
vai reduzir a produção de ferro-gusa em 300 mil toneladas
-3% da capacidade anual.
"A Usiminas espera voltar a
operar esse forno até abril de
2009, adequando a produção
da companhia à demanda projetada", disse a empresa no comunicado. "Essa manutenção,
após concluída, trará maior eficiência operacional e redução
de custos à empresa."
A Usiminas é a líder nacional
no mercado de aços planos,
fornecendo principalmente
para o setor automotivo.
Texto Anterior: Fábricas de pneus dão férias coletivas na BA Próximo Texto: Sindicato aponta demissões na Vale, que nega cortes em massa Índice
|