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Lula pode ceder a centrais em aumento a aposentados
Presidente aceita conceder reajuste maior do que aconselha a equipe econômica
Lula deve vetar projetos de reajustes se aprovados na forma atual e busca acordo com sindicalistas e líderes dos aposentados
KENNEDY ALENCAR
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negociou com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), um acordo
para lidar com dois projetos de
interesse dos aposentados que,
se aprovados, terão grande impacto nas contas públicas.
O plano A é tentar um acordo
após a votação dos quatro projetos do pré-sal a fim de que os
aposentados desistam de pressionar pela aprovação das propostas em troca de algum ganho financeiro. Se as propostas
pró-aposentados forem aprovadas, o plano B é simplesmente vetar os dois projetos que o
governo julga insustentáveis financeiramente, apesar do desgaste político na véspera do ano
eleitoral de 2010.
Lula está preocupado com a
aprovação de dois projetos: o
que dá a todos os aposentados o
mesmo reajuste anual do salário mínimo e outro que acaba
com o fator previdenciário
(usado para induzir as pessoas
a retardar a aposentadoria).
Temer disse a Lula que os
partidos da base de apoio ao governo na Câmara, que têm
maioria para rejeitar as propostas, pressionam pela aprovação
dos projetos. Afirmou que já
postergou ao máximo a votação
e que obteve uma trégua dos
aposentados: aguardar a votação dos projetos do pré-sal.
Em relação ao projeto do fator previdenciário, aprovado
em comissão da Câmara nesta
semana, Lula vetará de qualquer forma. Por isso, gostaria
de costurar um acordo para não
sofrer esse desgaste.
Sobre a proposta de dar a todos os aposentados o reajuste
do salário mínimo, o governo
vai insistir na proposta já apresentada às centrais sindicais
-os aposentados teriam um
reajuste de cerca de 6,5% em janeiro, equivalente à inflação
acumulada desde o último reajuste mais metade da variação
do PIB de dois anos antes.
Esse é o limite máximo a que
o governo pretende chegar. A
equipe econômica já disse ao
presidente que resiste até mesmo a essa concessão. Mas Lula
bancaria o acerto com os sindicalistas. O problema maior é
um acordo com a Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas), que
tem feito pressões diárias nos
corredores da Câmara.
A ideia de Lula e Temer é tentar convencer a Cobap a aceitar
o acordo chancelado pelas centrais sindicais. Se não der certo
e os projetos forem aprovados,
Lula vetará.
Governo está preocupado
Questionado sobre como a
equipe econômica tem acompanhado a tramitação de projetos que podem ter grande impacto nas contas da Previdência, o ministro Guido Mantega
(Fazenda) afirmou, ontem pela
manhã, que "o governo está
sempre preocupado, nunca está tranquilo quando se trata de
gasto".
Mais tarde, após encontro
com o ministro, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu a proposta governamental
de oferecer uma alternativa ao
atual fator previdenciário, por
meio do chamado sistema 85/
95, além do reajuste equivalente à metade do crescimento do
PIB de dois anos antes.
Pela proposta, o trabalhador
cuja soma de idade e tempo de
contribuição alcançar 85/95
(mulheres/homens) no momento da aposentadoria não
terá o redutor calculado com
base no fator previdenciário.
"Dentro da nossa responsabilidade fiscal, temos espaço
para essas mudanças. Evidentemente a votação de todos os
projetos que tramitam na Câmara, nos limites máximos em
que estão propostos, não seriam possíveis dentro do Orçamento", completou.
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