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Senado aprova IR de 27,5% até 2005
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado aprovou ontem em
votação simbólica a prorrogação
da alíquota de 27,5% do Imposto
de Renda das pessoas físicas por
mais dois anos (2004 e 2005), mas
deixou para o ano que vem a votação da medida provisória que altera as regras da Cofins (Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social).
A partir de 2004, a alíquota máxima do IR cairia dos atuais 27,5%
para 25% na faixa salarial acima
de R$ 2.115. Para evitar queda na
arrecadação, o governo enviou
projeto ao Congresso para garantir a manutenção dos 27,5%. Os
congressistas pressionaram o governo para corrigir a tabela em
22%, sem sucesso.
Pelos cálculos da Receita Federal, a correção da tabela e a redução da alíquota para 25% resultariam em perda de arrecadação de
R$ 4,5 bilhões por ano. "Neste
momento, a margem de manobra
é pequena do ponto de vista fiscal.
Não podemos reajustar a tabela",
disse o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
O congelamento da tabela afeta
diretamente o bolso dos contribuintes, pois faz com que eles passem a pagar mais imposto. Se a tabela fosse corrigida em 22%, o limite de isenção, por exemplo, teria passado dos atuais R$ 1.058
para R$ 1.290 por mês.
"Esse é um ato [a prorrogação
da alíquota de 27,5% por mais
dois anos] de desprezo com os
contribuintes brasileiros", disse o
senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) durante a votação do projeto.
O PFL, o PSDB e o PDT encaminharam votação contra o projeto.
"Em defesa da classe média espoliada, contra a irracionalidade da
fúria arrecadatória, o PSDB vota
não", declarou o líder tucano, senador Arthur Virgílio (AM).
Mercadante afirmou que há o
compromisso do governo de voltar à discussão do IR no próximo
ano. "A mudança não é só corrigir
a tabela, mas fazer uma reestruturação do Imposto de Renda de
forma ampla, em uma proposta
que seja viável e justa", disse.
Cofins
Diferentemente dos planos do
governo, o Senado não conseguiu
votar ontem a medida provisória
nš 135, que eleva a alíquota da Cofins de 3% para 7,6%.
Com alterações, a MP foi aprovada na quinta-feira à noite pela
Câmara dos Deputados. Ontem,
até as 15h20, o texto apreciado pelos deputados não tinha chegado
ao Senado.
"O projeto recebeu muitas
emendas. É um texto muito complexo e não houve tempo para
concluir a redação final", justificou Mercadante. "Têm coisas que
fogem ao alcance de um líder."
Ele ainda pretende conversar
com os demais líderes para saber
se há possibilidade de votar a MP
na semana que vem, antes de o
Congresso entrar em recesso.
"Mas é um período do ano muito
difícil", comentou.
"Não tem mais como votar. Vai
ficar para o ano que vem", adiantou o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).
Mercadante declarou que não
há problema em votar a MP no
ano que vem. "A MP tem validade
de 60 dias, prorrogáveis por mais
60 dias, e o prazo pára de contar
no recesso", disse.
O governo teve de fazer várias
alterações no texto para aprová-lo
na Câmara. "O prejuízo em não
votar agora é grande porque os
benefícios aprovados na Câmara
para vários setores não poderão
ser aplicados", disse Mercadante.
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