São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 2005

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BALANÇO

Estoques e juro afetam resultado

Venda de aço cai 9% e volta a patamar de 2002

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Estoques elevados e juros altos fizeram a siderurgia brasileira ter, em 2005, um dos piores anos de sua história. As vendas de aço no mercado interno caíram 9%, voltando ao patamar de 2002, ano da crise eleitoral que afetou a confiança dos investidores.
A produção de aço teve queda 4,1%. Foi a primeira retração desde 2001 (-4,3%), segundo dados do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia). Em 2005, o parque siderúrgico brasileiro produziu 31,575 milhões de toneladas, contra 32,909 milhões em 2004. Já as vendas domésticas somaram 16,185 milhões de toneladas, menos do que os 17,783 milhões de toneladas de 2004.
Para o presidente do IBS, Luiz Rico Vicente, a combinação de estoques elevados e política monetária restritiva levaram ao fraco desempenho do setor, que apresentou "números comparáveis aos de anos de recessão".
O fraco crescimento econômico, diz, também contribuiu para o resultado mais modesto deste ano. "Aço e PIB andam de mãos dadas", afirmou Rico Vicente.
Com esse cenário, o consumo aparente (vendas no mercado interno mais importações) de aço caiu 7,9% neste ano. Foi a maior retração anual já registrada pelo IBS. Foram consumidas no mercado interno 16,868 milhões de toneladas em 2005, menos do que os 18,316 toneladas de 2004.
Também prejudicaram a demanda as poucas encomendas de obras públicas e o fraco desempenho da construção civil e da indústria de bens de capital, segmentos intensivos em uso de aço.
Dos grandes consumidores de aço, só a indústria automobilística teve, em 2005, um bom ano. Seu consumo subiu 3%, enquanto o da construção civil caiu 9,7% e das fábricas de bens de capital baixou 6%. Também registrou queda a demanda do ramo de utilidades domésticas -21,8%.
Um dado que mostra a excessiva formação de estoques é a retração de 15,4% nas compras de empresas distribuidoras de aço, que, no ano passado, se anteciparam às previsões de alta do preço do produto e ficaram estocadas.
A formação de estoques, avalia Rico Vicente, ocorreu na esteira do receio do setor causado pelo aumento de 71,5% do minério de ferro e de 120% do carvão, o que alimentou as especulações sobre uma disparada do preço do aço provocada pela pressão de custos. Tal cenário, porém, não se confirmou e os preços cederam.
Com o enfraquecimento da demanda no mercado interno, a saída das siderúrgicas foi exportar mais neste ano. As vendas ao exterior cresceram em volume 5%, totalizando 12,577 milhões de toneladas em 2005.
Em valores, as exportações somaram US$ 6,7 bilhões, o que representa novo recorde histórico. De 2004 para 2005, o crescimento foi de 26,4%. Para 2006, o IBS prevê alta de 4,1% na produção de aço e de 10,2% nas vendas.


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