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BALANÇO
Estoques e juro afetam resultado
Venda de aço cai 9% e volta a patamar de 2002
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Estoques elevados e juros altos
fizeram a siderurgia brasileira ter,
em 2005, um dos piores anos de
sua história. As vendas de aço no
mercado interno caíram 9%, voltando ao patamar de 2002, ano da
crise eleitoral que afetou a confiança dos investidores.
A produção de aço teve queda
4,1%. Foi a primeira retração desde 2001 (-4,3%), segundo dados
do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia). Em 2005, o parque siderúrgico brasileiro produziu
31,575 milhões de toneladas, contra 32,909 milhões em 2004. Já as
vendas domésticas somaram
16,185 milhões de toneladas, menos do que os 17,783 milhões de
toneladas de 2004.
Para o presidente do IBS, Luiz
Rico Vicente, a combinação de estoques elevados e política monetária restritiva levaram ao fraco
desempenho do setor, que apresentou "números comparáveis
aos de anos de recessão".
O fraco crescimento econômico, diz, também contribuiu para o
resultado mais modesto deste
ano. "Aço e PIB andam de mãos
dadas", afirmou Rico Vicente.
Com esse cenário, o consumo
aparente (vendas no mercado interno mais importações) de aço
caiu 7,9% neste ano. Foi a maior
retração anual já registrada pelo
IBS. Foram consumidas no mercado interno 16,868 milhões de
toneladas em 2005, menos do que
os 18,316 toneladas de 2004.
Também prejudicaram a demanda as poucas encomendas de
obras públicas e o fraco desempenho da construção civil e da indústria de bens de capital, segmentos intensivos em uso de aço.
Dos grandes consumidores de
aço, só a indústria automobilística teve, em 2005, um bom ano.
Seu consumo subiu 3%, enquanto
o da construção civil caiu 9,7% e
das fábricas de bens de capital
baixou 6%. Também registrou
queda a demanda do ramo de utilidades domésticas -21,8%.
Um dado que mostra a excessiva formação de estoques é a retração de 15,4% nas compras de empresas distribuidoras de aço, que,
no ano passado, se anteciparam
às previsões de alta do preço do
produto e ficaram estocadas.
A formação de estoques, avalia
Rico Vicente, ocorreu na esteira
do receio do setor causado pelo
aumento de 71,5% do minério de
ferro e de 120% do carvão, o que
alimentou as especulações sobre
uma disparada do preço do aço
provocada pela pressão de custos.
Tal cenário, porém, não se confirmou e os preços cederam.
Com o enfraquecimento da demanda no mercado interno, a saída das siderúrgicas foi exportar
mais neste ano. As vendas ao exterior cresceram em volume 5%,
totalizando 12,577 milhões de toneladas em 2005.
Em valores, as exportações somaram US$ 6,7 bilhões, o que representa novo recorde histórico.
De 2004 para 2005, o crescimento
foi de 26,4%. Para 2006, o IBS prevê alta de 4,1% na produção de
aço e de 10,2% nas vendas.
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