São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

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BC eleva previsão de saldo externo em 2007

Órgão projeta crescimento inesperado das exportações, o que elevaria superávit de US$ 2,5 bi para US$ 4,5 bi

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo quarto ano consecutivo, as contas externas do Brasil vão apresentar saldo positivo, e os números observados até agora já fazem o Banco Central elevar suas projeções para 2007.
Entre janeiro e novembro, a conta de transações correntes -que contabiliza a negociação de bens e serviços com outros países- registrou superávit de US$ 13,182 bilhões. A expectativa do BC é que o saldo chegue a US$ 13,3 bilhões, o que seria o segundo maior resultado da história, só menor que os US$ 14,2 bilhões do ano passado.
Para 2007, espera-se forte redução no saldo de transações correntes. Ainda assim, o BC elevou de US$ 2,5 bilhões para US$ 4,5 bilhões sua estimativa.
Por um lado, a queda esperada em relação a 2006 se explica pelo crescimento das importações ocorrido nos últimos meses e que, pelo que tudo indica, deve se manter no ano que vem. Nas contas do BC, as encomendas de produtos estrangeiros devem somar US$ 110 bilhões em 2007, aumento de 19% em relação a este ano.
A estimativa inicial de US$ 2,5 bilhões para o superávit em transações correntes no ano que vem foi elevada porque, para o BC, as exportações devem crescer mais do que se imaginava. Por essas projeções, as vendas ao exterior chegariam a US$ 145 bilhões em 2007, US$ 5 bilhões a mais do que o inicialmente previsto.
As projeções indicam cenário razoavelmente tranqüilo para as contas externas do país em 2007. Quando há déficit em transações correntes, é preciso buscar empréstimos ou investimentos no exterior que compensem o desequilíbrio.
Para Alexander Xavier, economista-chefe da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos das Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), as incertezas observadas nos mercados internacionais ameaçam a concretização desse cenário.
"Esse saldo positivo em transações correntes está sendo conduzido pela balança comercial, que, por sua vez, é resultado de uma situação favorável dos mercados internacionais. Caso haja uma inflexão, haverá efeitos sobre a balança e, conseqüentemente, sobre o câmbio."

Inflação nos EUA
A maior preocupação está nos rumos da economia norte-americana. Nos últimos meses, observa-se aceleração na inflação, o que fez com que o Fed (o BC dos EUA) desse sinais de que pode aumentar os juros -ou, pelo menos, mantê-los no atual nível por mais tempo.
O receio dos investidores está no efeito que essa política de controle da inflação terá sobre o crescimento da economia, já que vários indicadores apontam para desaceleração. Num cenário mais pessimista, os juros mais altos fariam os EUA entrarem numa recessão, afetando o ritmo de expansão de vários outros países.
Com a economia mundial crescendo menos, o fluxo de comércio entre os países também seria afetado, o que prejudicaria os planos do Brasil de manter o ritmo de expansão das exportações. Isso levaria à redução no fluxo de dólares para o Brasil, colocando em risco o desempenho das contas externas.


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