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Mercado de trabalho perde vagas às vésperas do Natal
População ocupada cai 0,4% em novembro, mês em que normalmente há expansão
Taxa de desemprego, no
entanto, fica estável e é a
menor para o mês desde
2002; IBGE ainda vê sinais de robustez no mercado
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Contrariando uma tendência
histórica, a população ocupada
no país caiu 0,4% de outubro
para novembro deste ano. O resultado foi influenciado pela
saída de 95 mil pessoas do mercado de trabalho no período,
que normalmente é marcado
pela expansão do contingente
de trabalhadores devido à contratação de temporários. Apesar disso, a taxa de desemprego
manteve-se estável, passando
de 7,5% para 7,6%.
A atividade que respondeu
pela maior redução no número
de ocupados (83 mil) em novembro foi a de prestação de
serviços a empresas, que vinha
apresentando evolução significativa nos últimos meses. O comércio, que costuma elevar as
contratações no fim do ano,
também reduziu seus trabalhadores em 25 mil. O desempenho negativo se repetiu ainda
no caso dos serviços domésticos e de outros serviços, enquanto o setor industrial, de
construção e de educação, saúde e administração pública
apresentaram alta.
Na avaliação da economista
Lygia César, da MCM Consultores, os dados indicam que a
crise econômica internacional
já começa a afetar o mercado de
trabalho brasileiro. "O movimento natural [esperado para
novembro] seria de queda na
taxa de desemprego", diz. O fato de a expectativa não ter se
confirmado, segundo ela, é o
primeiro sinal de que as empresas estão mais "ariscas" em relação a contratações.
O coordenador da Pesquisa
Mensal de Emprego do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Cimar Azevedo, destaca, porém, que o
mercado de trabalho ainda dá
sinais de robustez. A taxa de desocupação de 7,6% é a menor já
registrada em um mês de novembro desde o início da série
histórica, em 2002. O rendimento médio real dos trabalhadores também apresentou bom
desempenho, com alta de 0,9%
sobre outubro de 2008 e de 4%
sobre novembro de 2007, chegando a R$ 1.273,60.
O resultado, segundo Azevedo, pode ser explicado pelo fato
de a maior parte dos postos de
trabalho fechados ter sido de
trabalhadores sem carteira assinada, cuja renda equivale a
pouco mais da metade da dos
trabalhadores formais. De outubro para novembro, a queda
no número de empregados sem
carteira foi de 1,3%. Já o número de vagas com carteira permaneceu quase estável, com
pequena variação de -0,2%.
"A grande frustração foi o fato de o número de postos de
trabalho não ter aumentado",
afirma Azevedo.
"Fora isso, os outros indicadores estão favoráveis."
Ele avalia que, apesar dos
anúncios recentes de demissões na indústria, a taxa de desocupação de 2008 será menor
do que a de 2007, de 9,3%. De
janeiro a novembro deste ano, a
média está em 8%.
Ele diz acreditar, porém, que
apenas quando saírem os resultados de janeiro é que será possível ter uma idéia mais precisa
dos efeitos do desaquecimento
global sobre os níveis de emprego no país. "Quando há contratação de trabalhadores temporários, é natural que em janeiro eles sejam dispensados.
Só que, dependendo de como
está o cenário econômico, fica
um saldo entre os que entram e
os que saem. É esse saldo que
mostrará a força do mercado de
trabalho", afirma.
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