São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008

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Mercado de trabalho perde vagas às vésperas do Natal

População ocupada cai 0,4% em novembro, mês em que normalmente há expansão

Taxa de desemprego, no entanto, fica estável e é a menor para o mês desde 2002; IBGE ainda vê sinais de robustez no mercado


DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Contrariando uma tendência histórica, a população ocupada no país caiu 0,4% de outubro para novembro deste ano. O resultado foi influenciado pela saída de 95 mil pessoas do mercado de trabalho no período, que normalmente é marcado pela expansão do contingente de trabalhadores devido à contratação de temporários. Apesar disso, a taxa de desemprego manteve-se estável, passando de 7,5% para 7,6%.
A atividade que respondeu pela maior redução no número de ocupados (83 mil) em novembro foi a de prestação de serviços a empresas, que vinha apresentando evolução significativa nos últimos meses. O comércio, que costuma elevar as contratações no fim do ano, também reduziu seus trabalhadores em 25 mil. O desempenho negativo se repetiu ainda no caso dos serviços domésticos e de outros serviços, enquanto o setor industrial, de construção e de educação, saúde e administração pública apresentaram alta.
Na avaliação da economista Lygia César, da MCM Consultores, os dados indicam que a crise econômica internacional já começa a afetar o mercado de trabalho brasileiro. "O movimento natural [esperado para novembro] seria de queda na taxa de desemprego", diz. O fato de a expectativa não ter se confirmado, segundo ela, é o primeiro sinal de que as empresas estão mais "ariscas" em relação a contratações.
O coordenador da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Cimar Azevedo, destaca, porém, que o mercado de trabalho ainda dá sinais de robustez. A taxa de desocupação de 7,6% é a menor já registrada em um mês de novembro desde o início da série histórica, em 2002. O rendimento médio real dos trabalhadores também apresentou bom desempenho, com alta de 0,9% sobre outubro de 2008 e de 4% sobre novembro de 2007, chegando a R$ 1.273,60.
O resultado, segundo Azevedo, pode ser explicado pelo fato de a maior parte dos postos de trabalho fechados ter sido de trabalhadores sem carteira assinada, cuja renda equivale a pouco mais da metade da dos trabalhadores formais. De outubro para novembro, a queda no número de empregados sem carteira foi de 1,3%. Já o número de vagas com carteira permaneceu quase estável, com pequena variação de -0,2%.
"A grande frustração foi o fato de o número de postos de trabalho não ter aumentado", afirma Azevedo.
"Fora isso, os outros indicadores estão favoráveis."
Ele avalia que, apesar dos anúncios recentes de demissões na indústria, a taxa de desocupação de 2008 será menor do que a de 2007, de 9,3%. De janeiro a novembro deste ano, a média está em 8%.
Ele diz acreditar, porém, que apenas quando saírem os resultados de janeiro é que será possível ter uma idéia mais precisa dos efeitos do desaquecimento global sobre os níveis de emprego no país. "Quando há contratação de trabalhadores temporários, é natural que em janeiro eles sejam dispensados. Só que, dependendo de como está o cenário econômico, fica um saldo entre os que entram e os que saem. É esse saldo que mostrará a força do mercado de trabalho", afirma.


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