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São Paulo, terça-feira, 21 de janeiro de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Taxa de janeiro chegará aos 2% , a maior para o mês desde julho de 94; pressão vem do aumento do ônibus

Inflação não cede em SP e ensaia recorde

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação deste mês deverá atingir 2% em São Paulo, a maior taxa dos meses de janeiro do Plano Real. Essa taxa contraria as expectativas do mercado e de institutos de pesquisas que previam uma redução da inflação neste início de ano em relação a dezembro, quando os preços haviam subido 1,83%. Nos últimos 30 dias até 15 deste mês, os preços aumentaram 1,79%.
A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que iniciou o mês prevendo inflação de 1,5%, já admite 2%. Se confirmada, essa taxa poderá ser a maior do ano. A partir de fevereiro, os preços começam a recuar em ritmo acelerado, prevê Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.
A manutenção da inflação em patamares elevados se deve a vários fatores. A taxa deste mês ainda recebe os efeitos residuais da forte aceleração dos preços no final de 2002 devido ao dólar e às eleições. A pressão vem, ainda, de efeitos sazonais, como o aumento dos preços dos produtos "in natura" e das matrículas escolares.

Aumento do transporte
A novidade para o mês fica por conta da desaceleração menor dos alimentos e dos reajustes das tarifas no setor de transportes, diz o economista. Esse reajuste de tarifas só era esperado para maio. Ao contrário do que vai ocorrer em São Paulo, a inflação deverá recuar nas outras capitais porque não houve aumento nas tarifas de ônibus, diz Heron do Carmo.
"O setor de transportes públicos vai gerar uma inflação de 0,62% neste mês", o que explica a subida da taxa para 2%, diz o economista da Fipe. A taxa de janeiro receberá, ainda, a pressão dos reajustes das matrículas escolares (10%) e da gasolina (9%). À exceção desses itens, os demais deverão mostrar recuo nos percentuais de aumento.

Efeito da guerra
A partir de fevereiro, a inflação começa a recuar. Esse recuo depende, no entanto, do cenário internacional. Um ataque dos Estados Unidos ao Iraque deverá dar sustentação ao dólar, elevar os preços do petróleo e contribuir para que as expectativas econômicas sofram novo abalo. Se isso ocorrer, a estimativa da Fipe de 0,5% para o mês poderá não se confirmar.
A inflação será baixa até junho, mas no início do segundo semestre, a taxa volta a subir, devido aos reajustes de preços nas tarifas de energia elétrica, telefonia e água e esgoto. O índice não terá a pressão do setor de transporte devido à antecipação dos reajustes para este mês.

Chegada da safra
Os produtos agrícolas, os de maior participação na inflação de 2002, pressionarão menos nas próximas semanas. Em algumas regiões, já foi iniciada a colheita deste ano que será recorde. Os efeitos já são visíveis nos preços devido à maior oferta de produto.
Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Economia Agrícola mostra que pela primeira vez nas últimas 30 semanas houve queda de preços no campo. A redução média foi de 2,42% nos preços pagos aos produtores. Essa queda chegará aos índices de inflação nas próximas semanas.
Entre as quedas de preços, o IEA destaca as de laranja (14%), milho (9%), soja (5%) e café. Arroz e trigo permanecem estáveis.


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