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ANO DO DRAGÃO
Taxa de janeiro chegará aos 2% , a maior para o mês desde julho de 94; pressão vem do aumento do ônibus
Inflação não cede em SP e ensaia recorde
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A inflação deste mês deverá
atingir 2% em São Paulo, a maior
taxa dos meses de janeiro do Plano Real. Essa taxa contraria as expectativas do mercado e de institutos de pesquisas que previam
uma redução da inflação neste
início de ano em relação a dezembro, quando os preços haviam subido 1,83%. Nos últimos 30 dias
até 15 deste mês, os preços aumentaram 1,79%.
A Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas), que iniciou o mês prevendo inflação de
1,5%, já admite 2%. Se confirmada, essa taxa poderá ser a maior
do ano. A partir de fevereiro, os
preços começam a recuar em ritmo acelerado, prevê Heron do
Carmo, coordenador do Índice de
Preços ao Consumidor da Fipe.
A manutenção da inflação em
patamares elevados se deve a vários fatores. A taxa deste mês ainda recebe os efeitos residuais da
forte aceleração dos preços no final de 2002 devido ao dólar e às
eleições. A pressão vem, ainda, de
efeitos sazonais, como o aumento
dos preços dos produtos "in natura" e das matrículas escolares.
Aumento do transporte
A novidade para o mês fica por
conta da desaceleração menor
dos alimentos e dos reajustes das
tarifas no setor de transportes, diz
o economista. Esse reajuste de tarifas só era esperado para maio.
Ao contrário do que vai ocorrer
em São Paulo, a inflação deverá
recuar nas outras capitais porque
não houve aumento nas tarifas de
ônibus, diz Heron do Carmo.
"O setor de transportes públicos
vai gerar uma inflação de 0,62%
neste mês", o que explica a subida
da taxa para 2%, diz o economista
da Fipe. A taxa de janeiro receberá, ainda, a pressão dos reajustes
das matrículas escolares (10%) e
da gasolina (9%). À exceção desses itens, os demais deverão mostrar recuo nos percentuais de aumento.
Efeito da guerra
A partir de fevereiro, a inflação
começa a recuar. Esse recuo depende, no entanto, do cenário internacional. Um ataque dos Estados Unidos ao Iraque deverá dar
sustentação ao dólar, elevar os
preços do petróleo e contribuir
para que as expectativas econômicas sofram novo abalo. Se isso
ocorrer, a estimativa da Fipe de
0,5% para o mês poderá não se
confirmar.
A inflação será baixa até junho,
mas no início do segundo semestre, a taxa volta a subir, devido aos
reajustes de preços nas tarifas de
energia elétrica, telefonia e água e
esgoto. O índice não terá a pressão do setor de transporte devido
à antecipação dos reajustes para
este mês.
Chegada da safra
Os produtos agrícolas, os de
maior participação na inflação de
2002, pressionarão menos nas
próximas semanas. Em algumas
regiões, já foi iniciada a colheita
deste ano que será recorde. Os
efeitos já são visíveis nos preços
devido à maior oferta de produto.
Pesquisa divulgada ontem pelo
Instituto de Economia Agrícola
mostra que pela primeira vez nas
últimas 30 semanas houve queda
de preços no campo. A redução
média foi de 2,42% nos preços pagos aos produtores. Essa queda
chegará aos índices de inflação
nas próximas semanas.
Entre as quedas de preços, o IEA
destaca as de laranja (14%), milho
(9%), soja (5%) e café. Arroz e trigo permanecem estáveis.
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