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LUÍS NASSIF
A situação da Brasken
A Brasken, empresa que
assumiu o controle da Copene, nega que venha enfrentando problemas de inadimplência na praça conforme notas divulgadas neste final de semana. Afirma ter havido confusão entre aumento da linha
de crédito com a Petrobras e
aumento de endividamento.
Como maior consumidora de
nafta da Petrobras, diz a Brasken, ela tem direito a um crédito rotativo proporcional ao que
consome. Como ocorreram aumentos simultâneos do dólar e
da nafta, nada mais natural
que ocorresse aumento do crédito rotativo, afirma-se lá. Mas
se garante que a empresa opera
em total adimplência de compromissos.
Mesmo assim, ainda pairam
dúvidas sobre o modelo de venda da Copene, que desde meados do ano passado passou a se
chamar Brasken.
Em 2000, o Banco Central colocou à venda a parte de Ângelo
Calmon de Sá na Copene, que
permitiria a mudança do controle da companhia. O único
candidato com condições financeiras era o grupo Ultra. Sabedor disso, o Ultra tentou pressionar os preços para baixo.
Como represália, a área econômica do BC montou a operação que garantiu a passagem
da Copene para a Odebrecht,
em uma operação temerária,
na qual a Odebrecht entraria
com seus ativos, incorporando
suas empresas à nova Copene.
Na época, aqui mesmo se
alertou que era uma temeridade, devido à fragilidade financeira da Odebrecht. Mesmo assim, a operação foi aprovada
pela Fazenda e pelo BC e viabilizada pela Petrobras, que
apoiou com financiamento à
compra de matéria-prima e
com a aprovação da operação
pela Petroquisa e pelo fundo
Petros (sócios da Copene). Na
condição de acionista, a Previ
também concordou com os termos propostos.
Em apenas dois anos, levando
em conta o valor econômico da
companhia (critério que considera a geração de caixa multiplicada por seis), a participação
da Norquisa sofreu uma perda
de valor de R$ 1 bilhão, a da Petroquisa, outro R$ 1 bilhão, a da
Previ, R$ 306 milhões, e a da
Petros, R$ 104 milhões.
A incorporação final da Brasken à Copene ocorreu em julho
do ano passado. Até o balanço
de 30 de setembro (último publicado), as contas avançaram
na seguinte direção:
1) O lucro líquido anual de R$
227 milhões, no balanço de 31
de dezembro de 2000, foi caindo
gradativamente, balanço a balanço, chegando a R$ 401 milhões de prejuízo, em 30 de junho de 2002, e a R$ 2 bilhões,
em 30 de setembro de 2002. Há
o efeito câmbio a ser considerado, o que deverá possibilitar um
lucro contábil no último trimestre do ano passado.
3) O endividamento líquido
saltou de R$ 310 milhões, em
2000, para R$ 2,5 bilhões, em 30
de junho de 2002, e para R$ 8,4
bilhões, em 30 de setembro de
2002. Com a melhora do câmbio, deve cair para R$ 7,5 bilhões, ainda assim excessivo.
4) A relação endividamento
líquido/EBITDA pulou de 0,5,
em em 2000, para 5,7, em 30 de
junho de 2002, e para 9,4, em 30
de setembro de 2002. Na Brasken sustenta-se que a relação
dívida líquida/geração de caixa
(incorporando outras receitas e
créditos tributários) seria de 5
em setembro, mas com boa possibilidade de chegar a 3,5 a 4 no
final de 2003.
O argumento da empresa é
que o balanço de setembro é o
da parte mais baixa da curva.
Isso porque, além de não ter se
incorporado os ganhos de sinergia, a empresa enfrentou uma
conjuntura de dólar forte, nafta
cara e corte de linhas de financiamento.
Prometem-se resultados melhores no próximo balanço, por
conta de redução no preço do
dólar e melhoria nas condições
de mercado. Além disso, a redução das linhas comerciais obrigou a empresa a amortizar seu
endividamento.
E-mail -
lnassif@uol.com.br
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