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São Paulo, terça-feira, 21 de janeiro de 2003

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AÇÕES

Desde o final de setembro, ganho supera 56%; valorização atrai estrangeiro

Bovespa tem forte alta em dólares

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender do desempenho recente da Bovespa em dólares, o fluxo de recursos de investidores estrangeiros para o mercado de ações local deve continuar forte. Desde a virada de setembro para outubro, quando o mercado doméstico passava pelo seu pior momento, às vésperas das eleições presidenciais, a Bolsa paulista acumula valorização, em dólares, superior a 56%.
Além da alta do Ibovespa -índice que reflete o comportamento das 55 principais ações-, a queda do valor da moeda norte-americana diante do real ajuda a melhorar o resultado da Bolsa quando medido em dólares. O ganho do índice do último dia de setembro para cá em reais é bem menor, ficando em torno dos 35%.
Somente neste ano, até o pregão da última sexta, o Ibovespa tinha alta de 8,85% em dólares.
A resposta do investidor estrangeiro a esse movimento de recuperação foi imediata: nos primeiros dez dias deste ano, o saldo das compras e vendas de ações com capital externo na Bolsa paulista ficou positivo em R$ 247,7 milhões. Em dezembro do ano passado, esse fluxo já havia sido positivo, em R$ 465,7 milhões, o melhor resultado mensal de 2002.
"A Bolsa atingiu seu fundo entre setembro e outubro, com os preços de várias ações em seus piores níveis, principalmente quando cotadas em dólares. Quando esse cenário passou a se inverter, o estrangeiro começou a retornar. Esse movimento positivo tem fôlego para seguir ainda por um tempo", afirma Fernando Ferreira, diretor da Global Invest.
No ano passado, a Bolsa acumulou desvalorização em dólares de 45%. No pior momento de 2002, no dia 16 de outubro, o Ibovespa fechou em dólares com 2.161 pontos, com perdas acumuladas no ano de 63%. Na última sexta-feira, o Ibovespa em dólares fechou com 3.471 pontos.

Lucros
Na opinião de Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora Sênior, mesmo com a forte alta das últimas semanas, os investidores estrangeiros não devem iniciar um movimento de realização de lucros nesse momento.
"Se não houvesse um cenário como o atual, com o aumento da confiança nos rumos da economia e a consequente queda do risco-país, as chances de os estrangeiros começarem a vender papéis agora para lucrar com a alta recente seriam bem maiores", diz Bandeira.
Comparado ao de grandes Bolsas, o resultado da Bovespa até o momento é bastante significativo. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, tem perdas de 7,4% desde o início de outubro.
A Nasdaq -Bolsa eletrônica que reúne ações de empresas de alta tecnologia- está com ganhos de 17% no período, e o Dow Jones, com alta de 13%.

No fundo
No momento em que a Bolsa bateu no fundo do poço em pontos no ano passado, o dólar atingia seu maiores valores diante do real. Mesmo assim, com as ações brasileiras muito baratas para os investidores estrangeiros, o capital externo demorou um pouco para voltar com mais força para a Bolsa local. No ano passado, o saldo de entrada e saída de recursos estrangeiros na Bovespa ficou negativo em R$ 1,4 bilhão.
"O investidor estrangeiro esperou até o último momento para começar a voltar para a Bovespa, com medo de que o fundo do poço ainda não tivesse sido alcançado", diz Ferreira.


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