|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AÇÕES
Desde o final de setembro, ganho supera 56%; valorização atrai estrangeiro
Bovespa tem forte alta em dólares
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender do desempenho recente da Bovespa em dólares, o
fluxo de recursos de investidores
estrangeiros para o mercado de
ações local deve continuar forte.
Desde a virada de setembro para
outubro, quando o mercado doméstico passava pelo seu pior
momento, às vésperas das eleições presidenciais, a Bolsa paulista acumula valorização, em dólares, superior a 56%.
Além da alta do Ibovespa -índice que reflete o comportamento
das 55 principais ações-, a queda do valor da moeda norte-americana diante do real ajuda a melhorar o resultado da Bolsa quando medido em dólares. O ganho
do índice do último dia de setembro para cá em reais é bem menor,
ficando em torno dos 35%.
Somente neste ano, até o pregão
da última sexta, o Ibovespa tinha
alta de 8,85% em dólares.
A resposta do investidor estrangeiro a esse movimento de recuperação foi imediata: nos primeiros dez dias deste ano, o saldo das
compras e vendas de ações com
capital externo na Bolsa paulista
ficou positivo em R$ 247,7 milhões. Em dezembro do ano passado, esse fluxo já havia sido positivo, em R$ 465,7 milhões, o melhor resultado mensal de 2002.
"A Bolsa atingiu seu fundo entre
setembro e outubro, com os preços de várias ações em seus piores
níveis, principalmente quando
cotadas em dólares. Quando esse
cenário passou a se inverter, o estrangeiro começou a retornar. Esse movimento positivo tem fôlego
para seguir ainda por um tempo",
afirma Fernando Ferreira, diretor
da Global Invest.
No ano passado, a Bolsa acumulou desvalorização em dólares de
45%. No pior momento de 2002,
no dia 16 de outubro, o Ibovespa
fechou em dólares com 2.161 pontos, com perdas acumuladas no
ano de 63%. Na última sexta-feira,
o Ibovespa em dólares fechou
com 3.471 pontos.
Lucros
Na opinião de Álvaro Bandeira,
diretor da corretora Ágora Sênior,
mesmo com a forte alta das últimas semanas, os investidores estrangeiros não devem iniciar um
movimento de realização de lucros nesse momento.
"Se não houvesse um cenário
como o atual, com o aumento da
confiança nos rumos da economia e a consequente queda do risco-país, as chances de os estrangeiros começarem a vender papéis agora para lucrar com a alta
recente seriam bem maiores", diz
Bandeira.
Comparado ao de grandes Bolsas, o resultado da Bovespa até o
momento é bastante significativo.
O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, tem perdas de 7,4% desde o
início de outubro.
A Nasdaq -Bolsa eletrônica
que reúne ações de empresas de
alta tecnologia- está com ganhos de 17% no período, e o Dow
Jones, com alta de 13%.
No fundo
No momento em que a Bolsa
bateu no fundo do poço em pontos no ano passado, o dólar atingia seu maiores valores diante do
real. Mesmo assim, com as ações
brasileiras muito baratas para os
investidores estrangeiros, o capital externo demorou um pouco
para voltar com mais força para a
Bolsa local. No ano passado, o saldo de entrada e saída de recursos
estrangeiros na Bovespa ficou negativo em R$ 1,4 bilhão.
"O investidor estrangeiro esperou até o último momento para
começar a voltar para a Bovespa,
com medo de que o fundo do poço ainda não tivesse sido alcançado", diz Ferreira.
Texto Anterior: Juros: Copom manterá Selic em 25%, diz mercado Próximo Texto: Frase Índice
|