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VIZINHO EM CRISE
Dinheiro financiará projetos sociais; tarifas públicas devem subir como retribuição por apoio ao acordo
Argentina terá US$ 1 bi ao pagar dívidas
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
O acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional) não resolveu a crise argentina, mas deve
facilita a vida do governo. Ontem,
o Banco Mundial anunciou que,
assim que o país regularizar sua
situação com os organismos multilaterais, terá US$ 1 bilhão disponível para financiar programas
sociais. O chefe do Gabinete de
Ministros, Alfredo Atanasof,
anunciou uma série de prioridades para os últimos quatro meses
do atual governo.
Segundo Atanasof, com o acordo com o FMI, "um novo período" se iniciará e que serão tomadas medidas para reativar o crédito à indústria, sanear o sistema financeiro, eliminar as quase-moedas -títulos públicos que funcionam como moeda- e fortalecer
o Mercosul.
O ministro não mencionou a
elevação de tarifas de serviços públicos como gás e eletricidade,
mas o Ministério da Economia
prepara um decreto para autorizar aumentos em vários setores.
Seria uma retribuição ao apoio
dos países europeus para que o
FMI chegasse a um acordo com a
Argentina -a maioria das empresas de serviço público privatizadas no país foi comprada por
investidores europeus.
Há outro sinal de boa vontade
com a comunidade internacional:
na quarta-feira, o governo anunciará o nome do banco que ajudará na renegociação da dívida externa -mais de US$ 50 bilhões.
O governo planeja também aumentar os programas sociais. A
Argentina poderá contar com
US$ 1 bilhão extra para financiar
os programas caso a promessa do
Banco Mundial se concretize. Ontem, o presidente da instituição,
James Wolfensohn, disse que o
dinheiro começaria a ser liberado
"imediatamente" após a aprovação do FMI ao acordo, o que deve
ocorrer até o final desta semana.
A equipe do ministro Roberto
Lavagna (Economia) iniciará um
périplo pelos principais bancos
do país para negociar aumentos
do crédito às pequenas e médias
empresas. O volume de crédito
caiu de 24% do PIB (Produto Interno Bruto) argentino em 1999
para cerca de 10% em 2002.
O aumento do volume de empréstimos daria fôlego às empresas e ajudaria a alimentar o que é,
na avaliação do governo, o princípio de recuperação econômica. A
produção industrial caiu 10,6%
em 2002, mas os últimos meses do
ano mostraram que a substituição
de produtos importados e o aumento das exportações ajudaram
a indústria a crescer. Nos três últimos meses do ano, a indústria
cresceu 3,7% em relação ao mesmo período de 2001.
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