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São Paulo, terça-feira, 21 de janeiro de 2003

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VIZINHO EM CRISE

Dinheiro financiará projetos sociais; tarifas públicas devem subir como retribuição por apoio ao acordo

Argentina terá US$ 1 bi ao pagar dívidas

MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

O acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) não resolveu a crise argentina, mas deve facilita a vida do governo. Ontem, o Banco Mundial anunciou que, assim que o país regularizar sua situação com os organismos multilaterais, terá US$ 1 bilhão disponível para financiar programas sociais. O chefe do Gabinete de Ministros, Alfredo Atanasof, anunciou uma série de prioridades para os últimos quatro meses do atual governo.
Segundo Atanasof, com o acordo com o FMI, "um novo período" se iniciará e que serão tomadas medidas para reativar o crédito à indústria, sanear o sistema financeiro, eliminar as quase-moedas -títulos públicos que funcionam como moeda- e fortalecer o Mercosul.
O ministro não mencionou a elevação de tarifas de serviços públicos como gás e eletricidade, mas o Ministério da Economia prepara um decreto para autorizar aumentos em vários setores. Seria uma retribuição ao apoio dos países europeus para que o FMI chegasse a um acordo com a Argentina -a maioria das empresas de serviço público privatizadas no país foi comprada por investidores europeus.
Há outro sinal de boa vontade com a comunidade internacional: na quarta-feira, o governo anunciará o nome do banco que ajudará na renegociação da dívida externa -mais de US$ 50 bilhões.
O governo planeja também aumentar os programas sociais. A Argentina poderá contar com US$ 1 bilhão extra para financiar os programas caso a promessa do Banco Mundial se concretize. Ontem, o presidente da instituição, James Wolfensohn, disse que o dinheiro começaria a ser liberado "imediatamente" após a aprovação do FMI ao acordo, o que deve ocorrer até o final desta semana.
A equipe do ministro Roberto Lavagna (Economia) iniciará um périplo pelos principais bancos do país para negociar aumentos do crédito às pequenas e médias empresas. O volume de crédito caiu de 24% do PIB (Produto Interno Bruto) argentino em 1999 para cerca de 10% em 2002.
O aumento do volume de empréstimos daria fôlego às empresas e ajudaria a alimentar o que é, na avaliação do governo, o princípio de recuperação econômica. A produção industrial caiu 10,6% em 2002, mas os últimos meses do ano mostraram que a substituição de produtos importados e o aumento das exportações ajudaram a indústria a crescer. Nos três últimos meses do ano, a indústria cresceu 3,7% em relação ao mesmo período de 2001.


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