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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
BNDES pode ter mais de R$ 120 bi em 2009
O BNDES está fechando o orçamento para este ano. O martelo ainda não foi batido, mas
tudo leva a crer que pode ficar
acima de R$ 120 bilhões, o que
significa um avanço significativo em relação ao desempenho
do ano passado.
Em 2008, o banco desembolsou cerca de R$ 92 bilhões, um
número mais que 40% acima
do total de liberações de 2007.
Os dados de 2008 serão divulgados depois de amanhã.
Até lá, o BNDES espera concluir o orçamento para este
ano. As negociações com a Fazenda para fechar o "funding"
(captação) do orçamento do
banco estão na reta final. O
BNDES espera receber um
aporte adicional do governo de
R$ 100 bilhões para este e para
o próximo ano.
O BNDES tem sido um dos
grandes instrumentos do governo para enfrentar a crise.
Luciano Coutinho, presidente
do banco, está atuando em duas
frentes. Em primeiro lugar, ele
quer que o BNDES assegure o
total de investimentos de infraestrutura previstos para este
ano. Só com esses projetos os
desembolsos do BNDES devem
chegar a R$ 50 bilhões.
Ao mesmo tempo, Coutinho
quer dar suporte para o programa de investimento da Petrobras neste momento de restrição das linhas de crédito externo. O apoio do BNDES à Petrobras pode chegar a R$ 20 bilhões ou mais.
A Petrobras adiou o anúncio
do seu programa de investimento, mas os planos anteriormente superavam a casa de
R$ 40 bilhões.
Nessa conta de Coutinho, o
total de financiamentos aos
projetos de infraestrutura e à
Petrobras pode alcançar a marca de R$ 75 bilhões. A soma inclui os projetos das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau e
investimentos em ferrovias, rodovias e telecomunicações.
Coutinho diz que tem havido
alguma frustração nos investimentos nas áreas mineral e siderúrgica, em consequência da
queda nos preços das commodities. Muitos projetos estão
sendo adiados, como o da Baosteel em parceria com a Vale.
Mas, na opinião de Coutinho,
a grande batalha do governo é
tentar recuperar o crédito nas
áreas automobilística e de
construção civil, as mais atingidas pela crise. Esses dois setores têm uma influência muito
forte sobre o emprego, e o desempenho da economia depende do que acontecerá com eles.
"O grande desafio do governo
será o de evitar um "overshooting" (variação exagerada) do
desemprego", diz Coutinho.
Frase
"O grande desafio do governo será o de evitar um "overshooting" (variação exagerada) do
desemprego"
LUCIANO COUTINHO
presidente do BNDES
DESLOCADO
Paulo Leite, presidente da empresa de contact center
Dedic, perdeu sua sala no prédio da empresa em São Paulo. Leite foi deslocado depois que a Dedic conquistou a
conta da Varig para fazer todo o atendimento dos clientes
da companhia e está instalado provisoriamente em outro
local. O acordo com a Varig prevê investimentos de cerca
de R$ 8 milhões e, para atendê-la, haverá 500 posições de
atendimento. A equipe ocupará quatro andares.
PRESSÃO
O presidente Lula deve se
reunir hoje com os bancos
públicos para pedir que eles
baixem os "spreads" (diferença entre o custo de captação do dinheiro e o juro cobrado dos clientes). Os
"spreads" foram às alturas,
apesar de a Selic não subir
desde setembro. A alta foi de
50% de janeiro a dezembro
de 2008. Os bancos oficiais
são os que cobram as mais
altas taxas. No dia 7 de janeiro, a taxa máxima do crédito
pessoal da Nossa Caixa era
de 7,5% ao mês (138,2%
anualizada); do Banco do
Brasil, 6,50% ao mês (112,9%
anualizada); do Bradesco,
6,11% ao mês (103,7% anualizada); e da Caixa, 5,13%
(82,27% anualizada). Só para lembrar, a Selic está em
13,75% ao ano e, hoje, deve
cair pelo menos 0,5 ponto
percentual. Em relatórios
desta semana, Bradesco e
Credit Suisse recomendam
um corte de um ponto.
CARTEIRA
A Caixa emprestou R$ 26
bilhões em linhas de crédito
para pessoas físicas em
2008, um crescimento de
12% ante 2007. Para 2009, a
meta é ampliar a participação no mercado em 13% de
saldo em carteira. A base
atual de contratos de crédito
ativos na Caixa supera a
marca de 5 milhões.
NORTE
A Amazônia Legal registrou crescimento de 62% na
exportação de minérios em
2008 em relação a 2007, segundo dados que serão divulgados hoje pelo Ibram
(Instituto Brasileiro de Mineração). O destaque foi o
Pará, que só em minério de
ferro exportou um volume
8,2% maior.
Brasil deve usar crise para adequar juro a padrão global, diz Abipecs
As discussões sobre o tamanho do provável corte que o Copom fará hoje na taxa básica de
juros são irrelevantes. O Brasil
deveria aproveitar a crise econômica para promover uma
mudança drástica na taxa Selic
para adequá-la aos padrões de
juros internacionais. Essa é a
opinião de Pedro de Camargo
Neto, presidente da Abipecs
(Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína).
"Cortar o juro de 13,75% ao
ano para 13% ou para 12,75% é
uma discussão pequena. É diferente de reduzir de 2,75% para
2%. O Brasil continua com a
maior taxa de juro do mundo",
afirma Camargo.
Para ele, o Brasil está deixando passar uma oportunidade de
adequar os juros do país a um
padrão "compatível com o desenvolvimento econômico".
"A manutenção do alto nível
de juros reais no Brasil certamente tem um efeito inibidor
do crescimento econômico.
Continuamos ilhados olhando
a inflação e deixando o desemprego aumentar desnecessariamente", diz.
O presidente da Abipecs defende que o Banco Central
abandone o regime de metas de
inflação e passe a tomar suas
decisões com o objetivo de evitar uma recessão no país.
VIAGEM: PROCURA POR PACOTES CAI NA INGLATERRA, MAS BUSCA POR BRASIL CRESCE
As pesquisas na internet por pacotes de viagens internacionais caíram 42% nos últimos 12 meses na Inglaterra,
aponta levantamento da consultoria Hitwise. Apenas cinco
destinos tiveram crescimento nos números de buscas: Brasil, Noruega, Dinamarca, Marrocos e Cuba. O Brasil ganhou
19,5% mais acessos de turistas ingleses na web entre janeiro
de 2008 e janeiro de 2009. O motivo principal, segundo a
pesquisa, é o câmbio favorável em relação à libra esterlina.
Abimaq quer mais crédito do BNDES
O presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, se
reuniu ontem com o presidente do BNDES, Luciano
Coutinho, para apresentar
propostas ao banco que
permitiriam aumentar o
volume de recursos disponível às empresas. A Abimaq busca mais capital de
giro para minimizar os
efeitos da crise no setor de
bens de capital.
Ao todo, a Abimaq fez
oito sugestões ao banco.
Entre elas, estão o alongamento de 12 a 24 meses
para os financiamentos
contratados pelos setores
de bens de capital e o aumento para 100% da cobertura do Finame para
todas as compras de bens
de capital realizadas nos
próximos seis meses.
Para o cartão BNDES,
Aubert pediu um limite
maior, a autorização provisória para a utilização no
pagamento de salários,
impostos e contribuições
sociais e a permissão de
uso do cartão por grandes
empresas nacionais ou de
capital estrangeiro que tenham fábricas no Brasil.
Aubert também sugeriu
a concessão de crédito automático equivalente ao
valor já pago do financiamento. Isso significa, por
exemplo, que uma empresa que tem uma linha de
crédito de R$ 1 milhão
com R$ 300 mil já quitados poderia tomar automaticamente outro crédito no valor de R$ 300 mil.
Coutinho ficou de analisar as sugestões e manifestar a posição do BNDES.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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