São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

BNDES pode ter mais de R$ 120 bi em 2009

O BNDES está fechando o orçamento para este ano. O martelo ainda não foi batido, mas tudo leva a crer que pode ficar acima de R$ 120 bilhões, o que significa um avanço significativo em relação ao desempenho do ano passado.
Em 2008, o banco desembolsou cerca de R$ 92 bilhões, um número mais que 40% acima do total de liberações de 2007. Os dados de 2008 serão divulgados depois de amanhã.
Até lá, o BNDES espera concluir o orçamento para este ano. As negociações com a Fazenda para fechar o "funding" (captação) do orçamento do banco estão na reta final. O BNDES espera receber um aporte adicional do governo de R$ 100 bilhões para este e para o próximo ano.
O BNDES tem sido um dos grandes instrumentos do governo para enfrentar a crise. Luciano Coutinho, presidente do banco, está atuando em duas frentes. Em primeiro lugar, ele quer que o BNDES assegure o total de investimentos de infraestrutura previstos para este ano. Só com esses projetos os desembolsos do BNDES devem chegar a R$ 50 bilhões.
Ao mesmo tempo, Coutinho quer dar suporte para o programa de investimento da Petrobras neste momento de restrição das linhas de crédito externo. O apoio do BNDES à Petrobras pode chegar a R$ 20 bilhões ou mais.
A Petrobras adiou o anúncio do seu programa de investimento, mas os planos anteriormente superavam a casa de R$ 40 bilhões.
Nessa conta de Coutinho, o total de financiamentos aos projetos de infraestrutura e à Petrobras pode alcançar a marca de R$ 75 bilhões. A soma inclui os projetos das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau e investimentos em ferrovias, rodovias e telecomunicações.
Coutinho diz que tem havido alguma frustração nos investimentos nas áreas mineral e siderúrgica, em consequência da queda nos preços das commodities. Muitos projetos estão sendo adiados, como o da Baosteel em parceria com a Vale.
Mas, na opinião de Coutinho, a grande batalha do governo é tentar recuperar o crédito nas áreas automobilística e de construção civil, as mais atingidas pela crise. Esses dois setores têm uma influência muito forte sobre o emprego, e o desempenho da economia depende do que acontecerá com eles.
"O grande desafio do governo será o de evitar um "overshooting" (variação exagerada) do desemprego", diz Coutinho.

Frase
"O grande desafio do governo será o de evitar um "overshooting" (variação exagerada) do desemprego"
LUCIANO COUTINHO presidente do BNDES


DESLOCADO
Paulo Leite, presidente da empresa de contact center Dedic, perdeu sua sala no prédio da empresa em São Paulo. Leite foi deslocado depois que a Dedic conquistou a conta da Varig para fazer todo o atendimento dos clientes da companhia e está instalado provisoriamente em outro local. O acordo com a Varig prevê investimentos de cerca de R$ 8 milhões e, para atendê-la, haverá 500 posições de atendimento. A equipe ocupará quatro andares.

PRESSÃO
O presidente Lula deve se reunir hoje com os bancos públicos para pedir que eles baixem os "spreads" (diferença entre o custo de captação do dinheiro e o juro cobrado dos clientes). Os "spreads" foram às alturas, apesar de a Selic não subir desde setembro. A alta foi de 50% de janeiro a dezembro de 2008. Os bancos oficiais são os que cobram as mais altas taxas. No dia 7 de janeiro, a taxa máxima do crédito pessoal da Nossa Caixa era de 7,5% ao mês (138,2% anualizada); do Banco do Brasil, 6,50% ao mês (112,9% anualizada); do Bradesco, 6,11% ao mês (103,7% anualizada); e da Caixa, 5,13% (82,27% anualizada). Só para lembrar, a Selic está em 13,75% ao ano e, hoje, deve cair pelo menos 0,5 ponto percentual. Em relatórios desta semana, Bradesco e Credit Suisse recomendam um corte de um ponto.

CARTEIRA
A Caixa emprestou R$ 26 bilhões em linhas de crédito para pessoas físicas em 2008, um crescimento de 12% ante 2007. Para 2009, a meta é ampliar a participação no mercado em 13% de saldo em carteira. A base atual de contratos de crédito ativos na Caixa supera a marca de 5 milhões.

NORTE
A Amazônia Legal registrou crescimento de 62% na exportação de minérios em 2008 em relação a 2007, segundo dados que serão divulgados hoje pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração). O destaque foi o Pará, que só em minério de ferro exportou um volume 8,2% maior.

Brasil deve usar crise para adequar juro a padrão global, diz Abipecs

As discussões sobre o tamanho do provável corte que o Copom fará hoje na taxa básica de juros são irrelevantes. O Brasil deveria aproveitar a crise econômica para promover uma mudança drástica na taxa Selic para adequá-la aos padrões de juros internacionais. Essa é a opinião de Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína).
"Cortar o juro de 13,75% ao ano para 13% ou para 12,75% é uma discussão pequena. É diferente de reduzir de 2,75% para 2%. O Brasil continua com a maior taxa de juro do mundo", afirma Camargo.
Para ele, o Brasil está deixando passar uma oportunidade de adequar os juros do país a um padrão "compatível com o desenvolvimento econômico".
"A manutenção do alto nível de juros reais no Brasil certamente tem um efeito inibidor do crescimento econômico. Continuamos ilhados olhando a inflação e deixando o desemprego aumentar desnecessariamente", diz.
O presidente da Abipecs defende que o Banco Central abandone o regime de metas de inflação e passe a tomar suas decisões com o objetivo de evitar uma recessão no país.

VIAGEM:
PROCURA POR PACOTES CAI NA INGLATERRA, MAS BUSCA POR BRASIL CRESCE

As pesquisas na internet por pacotes de viagens internacionais caíram 42% nos últimos 12 meses na Inglaterra, aponta levantamento da consultoria Hitwise. Apenas cinco destinos tiveram crescimento nos números de buscas: Brasil, Noruega, Dinamarca, Marrocos e Cuba. O Brasil ganhou 19,5% mais acessos de turistas ingleses na web entre janeiro de 2008 e janeiro de 2009. O motivo principal, segundo a pesquisa, é o câmbio favorável em relação à libra esterlina.

Abimaq quer mais crédito do BNDES

O presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, se reuniu ontem com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para apresentar propostas ao banco que permitiriam aumentar o volume de recursos disponível às empresas. A Abimaq busca mais capital de giro para minimizar os efeitos da crise no setor de bens de capital.
Ao todo, a Abimaq fez oito sugestões ao banco. Entre elas, estão o alongamento de 12 a 24 meses para os financiamentos contratados pelos setores de bens de capital e o aumento para 100% da cobertura do Finame para todas as compras de bens de capital realizadas nos próximos seis meses.
Para o cartão BNDES, Aubert pediu um limite maior, a autorização provisória para a utilização no pagamento de salários, impostos e contribuições sociais e a permissão de uso do cartão por grandes empresas nacionais ou de capital estrangeiro que tenham fábricas no Brasil.
Aubert também sugeriu a concessão de crédito automático equivalente ao valor já pago do financiamento. Isso significa, por exemplo, que uma empresa que tem uma linha de crédito de R$ 1 milhão com R$ 300 mil já quitados poderia tomar automaticamente outro crédito no valor de R$ 300 mil.
Coutinho ficou de analisar as sugestões e manifestar a posição do BNDES.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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