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Protesto contra cortes reúne 5.000 no ABC
Metalúrgicos ligados à CUT defendem manutenção de emprego sem redução de salário; sindicalista encontra Lula hoje
Centrais convocam para hoje manifestações em
protesto contra a atual taxa de juros e para unificar pauta de reivindicações
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Cerca de 5.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram ontem do protesto dos
metalúrgicos do ABC organizado pela CUT (Central Única
dos Trabalhadores) em São
Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, em defesa do emprego sem redução de salário.
A central contabilizou 12 mil
trabalhadores. "A única maneira de atravessarmos este momento difícil é lutar pela garantia de empregos e salários. Por
isso é preciso tomar as ruas, literalmente, como estamos fazendo agora", disse Artur Henrique da Silva, presidente da
CUT, durante o ato.
Hoje, Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à central, deve se encontrar com o
presidente Lula no Palácio do
Planalto. A categoria propõe
que sejam estabelecidas metas
de produção e emprego com
debates setoriais entre trabalhadores, empresários e governos sobre as medidas necessárias para atingir os objetivos.
Também hoje as centrais sindicais realizam manifestações
contra a política monetária de
juros altos, pleiteando a redução de dois pontos percentuais
na taxa Selic, atualmente em
13,75% ao ano.
O ato vai acontecer em vários
Estados, incluindo São Paulo, e
Brasília, onde serão realizados
em frente ao prédio do Banco
Central. Na capital paulista, são
esperados cerca de 10 mil trabalhadores.
A redução de jornada sem diminuição de salário é defendida
pela CUT e pela UGT (União
Geral dos Trabalhadores). Já a
Força Sindical, segundo o secretário-geral, João Carlos
Gonçalves, o Juruna, aceita o
encolhimento na renda mensal
desde que o trabalhador tenha
estabilidade pelo dobro do
tempo em que isso acontecer.
Outros pontos, como as reduções da Selic, do "spread"
bancário (diferença entre taxas
de captação e de repasse de empréstimos) e do superávit primário, além da ampliação dos
aportes ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para a
qualificação profissional e a
manutenção das vagas nas empresas que receberem recursos
públicos ou tiverem redução de
impostos, são reivindicações
comuns (veja quadro abaixo).
O objetivo do protesto de hoje também é unificar os sindicatos. "Só melhoram [as condições de negociação] se houver
pressão", disse Juruna. Ricardo
Patah, presidente da UGT,
acrescenta que, quanto mais
unido estiver o movimento sindical, maior a possibilidade de
que os argumentos dos trabalhadores sejam ouvidos. Já Artur Henrique ressalta que os
empresários também têm seus
mecanismos de pressão.
Ontem, os trabalhadores da
unidade da Lapa do Grupo Delga entraram em greve por tempo indeterminado em protesto
contra a demissão de 85 trabalhadores da fábrica, que emprega 700, segundo Miguel Torres,
presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Paulo e
Mogi, ligado à Força. A empresa confirma que 71 funcionários foram dispensados.
Na Engemet, houve paralisação das atividades das 6h às
9h30 em protesto contra o
anúncio de demissão de 70 dos
170 empregados, mas as negociações com o sindicato continuam. A empresa fabrica componentes para a indústria automotiva e, segundo o diretor comercial, Ricardo Hoffmann, teve uma queda de 60% no faturamento de dezembro e de janeiro no confronto com a receita obtida em setembro.
"Outras empresas estão fazendo acordos para evitar as
demissões", ressaltou Torres,
citando duas que aceitaram a
suspensão temporária do contrato de trabalho.
Ontem, na reunião com mais
de 50 sindicatos de metalúrgicos do Estado filiados à Força
Sindical, foi reiterado que as
negociações com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) continuarão
em busca de um acordo "guarda-chuva", deixando cada entidade livre para decidir a melhor
forma de evitar demissões dentro dos parâmetros que serão
definidos pelas duas entidades.
Com o "Agora" e a Reuters
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