|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Indicadores da indústria são os piores desde 2003
Faturamento caiu à taxa recorde de 10% entre outubro e novembro, diz CNI
Emprego teve retração de 0,6% em novembro, e horas trabalhadas na indústria caíram 1,5%, nos piores resultados em seis anos
EDUARDO CUCOLO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A indústria brasileira fechou
o mês de novembro com os piores resultados de faturamento e
nível de emprego já registrados
pela pesquisa mensal do setor
realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O faturamento da indústria
caiu 9,9% entre outubro e novembro, já descontadas as influências sazonais do período.
Foi o pior resultado desde março de 2003. Na comparação
com novembro de 2007, a queda foi de 7%, primeiro resultado negativo desde dezembro de
2006. Os dados sobre emprego
e horas trabalhadas também
foram os piores desde 2003.
Para dezembro, a confederação espera dados piores, conforme já foi antecipado pelos
números do Caged (Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados), que apontaram demissões recordes no setor.
Os números surpreenderam
a CNI, que esperava um impacto mais diluído da crise ao longo dos meses. Por outro lado, a
entidade avalia que essa piora
pode significar uma crise mais
profunda, porém mais curta.
Os setores mais afetados foram veículos automotores, metalurgia básica, máquinas e
equipamentos e alimentos.
Juntos, eles foram responsáveis por 62% da queda no faturamento e 48% do recuo nas
horas trabalhadas. No caso das
montadoras, o faturamento
caiu 29,5% ante outubro e 19%
ante novembro de 2007.
Para a economista-chefe do
Banco Fibra, Maristela Ansanelli, os números divulgados
ontem indicam que os resultados da indústria em dezembro
devem ser ainda mais fracos.
Ela chama a atenção para a
queda no indicador da CNI que
mostra o nível de utilização da
capacidade instalada das empresas. Esse índice caiu de
82,6% para 81,6% e, para dezembro, Ansanelli diz esperar
um recuo ainda mais forte, refletindo o desempenho mais
fraco da produção industrial.
Para a economista, o país deve crescer 1,8% neste ano e, embora se espere que em algum
momento de 2009 a situação
comece a melhorar, ainda é difícil dizer exatamente como e
quando. "Enquanto não houver
uma calmaria maior no cenário
internacional, as coisas continuarão complicadas por aqui."
Em relatório distribuído a
clientes, o Unibanco afirma que
os dados do Caged e da CNI
mostram que a queda no nível
de atividade econômica é "inquestionável", com o recuo na
produção industrial se transformando rapidamente em aumento no desemprego, o que
deve ter um forte impacto no
nível de consumo no país.
Para evitar um aumento ainda maior nas demissões, o gerente-executivo da Unidade de
Política Econômica da CNI,
Flávio Castelo Branco, defende
a flexibilização das relações de
trabalho, dentro das regras já
existentes na lei. "A legislação
permite a redução parcial da
jornada de trabalho. Não é nenhuma invenção. São mecanismos que têm o seu lugar no momento de crise."
O economista da CNI diz
também esperar que seja anunciado hoje um corte "expressivo" da taxa básica de juros, na
primeira reunião do Copom
neste ano.
Texto Anterior: Nem PIB de 4% salva total de vagas, diz Ipea Próximo Texto: Emprego na Zona Franca tem pior ano da década Índice
|