São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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Indicadores da indústria são os piores desde 2003

Faturamento caiu à taxa recorde de 10% entre outubro e novembro, diz CNI

Emprego teve retração de 0,6% em novembro, e horas trabalhadas na indústria caíram 1,5%, nos piores resultados em seis anos

EDUARDO CUCOLO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A indústria brasileira fechou o mês de novembro com os piores resultados de faturamento e nível de emprego já registrados pela pesquisa mensal do setor realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O faturamento da indústria caiu 9,9% entre outubro e novembro, já descontadas as influências sazonais do período. Foi o pior resultado desde março de 2003. Na comparação com novembro de 2007, a queda foi de 7%, primeiro resultado negativo desde dezembro de 2006. Os dados sobre emprego e horas trabalhadas também foram os piores desde 2003.
Para dezembro, a confederação espera dados piores, conforme já foi antecipado pelos números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que apontaram demissões recordes no setor.
Os números surpreenderam a CNI, que esperava um impacto mais diluído da crise ao longo dos meses. Por outro lado, a entidade avalia que essa piora pode significar uma crise mais profunda, porém mais curta.
Os setores mais afetados foram veículos automotores, metalurgia básica, máquinas e equipamentos e alimentos. Juntos, eles foram responsáveis por 62% da queda no faturamento e 48% do recuo nas horas trabalhadas. No caso das montadoras, o faturamento caiu 29,5% ante outubro e 19% ante novembro de 2007.
Para a economista-chefe do Banco Fibra, Maristela Ansanelli, os números divulgados ontem indicam que os resultados da indústria em dezembro devem ser ainda mais fracos. Ela chama a atenção para a queda no indicador da CNI que mostra o nível de utilização da capacidade instalada das empresas. Esse índice caiu de 82,6% para 81,6% e, para dezembro, Ansanelli diz esperar um recuo ainda mais forte, refletindo o desempenho mais fraco da produção industrial.
Para a economista, o país deve crescer 1,8% neste ano e, embora se espere que em algum momento de 2009 a situação comece a melhorar, ainda é difícil dizer exatamente como e quando. "Enquanto não houver uma calmaria maior no cenário internacional, as coisas continuarão complicadas por aqui."
Em relatório distribuído a clientes, o Unibanco afirma que os dados do Caged e da CNI mostram que a queda no nível de atividade econômica é "inquestionável", com o recuo na produção industrial se transformando rapidamente em aumento no desemprego, o que deve ter um forte impacto no nível de consumo no país.
Para evitar um aumento ainda maior nas demissões, o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, defende a flexibilização das relações de trabalho, dentro das regras já existentes na lei. "A legislação permite a redução parcial da jornada de trabalho. Não é nenhuma invenção. São mecanismos que têm o seu lugar no momento de crise."
O economista da CNI diz também esperar que seja anunciado hoje um corte "expressivo" da taxa básica de juros, na primeira reunião do Copom neste ano.


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